Capítulo XL

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REINO DE ARTENA – BOSQUE DOS SUSSURROS



A sala da antiga fortaleza tinha um cheiro de mofo, estava úmida, mesmo com as tochas acesas iluminando tudo ao redor, não havia calor. Não era uma grande construção, era uma fortaleza construída por Tibério Lurton, um ancestral de Catarina que fora um grande amante da caça, e construíra a fortaleza nesse bosque apenas para suas famosas temporadas de caça, um hábito mantido por vários Lurton depois dele, mas algo nunca apreciado por Augusto, seu pai, que inclusive havia esvaziado a fortaleza e mantido fechada. Antes, apenas as raízes e roedores tinham acesso a essa construção. Agora, ela abrigava Bernardo e seus homens.

Quando sua tenda fora invadida e seus oficiais mortos, Catarina entrou em desespero, viu Delano ser atingido por uma espada e morto, e fora arrastada, juntamente com Lucíola, que para seu azar, tinha acabado de retornar de Chaellis e fora encontrá-la. Elas foram levadas bosque adentro, até chegarem ali. Seu captor a mantinha com as mãos amarradas, e pouco respondera as suas perguntas durante o caminho.

- Estamos aqui Bernardo, o que você fará comigo agora? – perguntou Catarina para um Bernardo confuso do outro lado da sala, ele dava ordens aleatórias e olhava ao redor apreensivo. – Irá esperar Otávio chegar? São essas as suas ordens? Está perdendo seu tempo, a guerra a essa altura deve estar terminada, e eu te garanto, Artena saiu vitoriosa.

- Você não tem como ter certeza disso, Otávio ainda tinha armas de guerra, ao contrário de você, e ele esperava por um importante aliado, a essa altura é seu exército que está derrotado. – afirmou ele, confiante, a olhava com raiva e até um certo desprezo. – O corpo de Afonso agora deve estar caído naquela campina, uma espada atravessada em seu coração, uma pena, eu gostava tanto do meu primo.

Catarina abriu um pequeno sorriso, era admirável como homens poderiam ser ingênuos, e impressionante como subestimavam a estratégia que uma mulher poderia erguer para o seu reino. O jovem sarcástico a sua frente tinha em mente apenas as informações que Otávio lhe passara, e ela apostava como a morte do primo era sua maior recompensa.

- Pobre criança, você realmente acha que eu não me preparei para as armas de guerra de Otávio? Quanto ao apoio de Chaelle do Norte, bem, eu não contaria com isso sabe, uma carta pode mudar de mão com muita facilidade, basta o jogador fazer a oferta certa. – respondeu ela, no mesmo tom sardônico do príncipe.

- Fique quieta Catarina, se me irritar irei descontar em sua dama de companhia. – ameaçou Bernardo, sério.

- Eu apenas não entendo qual o propósito do meu sequestro, o que Otávio queria com isso? – perguntou ela.

Neste momento, Bernardo a encarou com um sorriso felino em seus lábios, o jovem, que ela vira muitas vezes inseguro perto dela, agora, líder de seus homens e com ela em seu poder, se mostrava repentinamente confiante.

- E quem disse que foi ideia de Otávio? – perguntou ele, os olhos azuis, frios como gelo, fixos nela. – Eu soprei isso nos ouvidos do rei, e ele não achou uma má ideia, o propósito de ter você aqui é apenas esse, garantir o caos em Artena se Otávio perder a guerra, e de quebra o sofrimento de alguém muito especial para mim.

- Você fez isso para atingir Afonso? Qual o seu problema com ele? – rebateu ela, agora irritada. – Qual o motivo de tanto ódio por seu primo? Vocês cresceram juntos, desde pequenos vivendo no mesmo castelo, e você sempre o detestou, o que a inveja fez a você é algo assustador.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora