Capítulo XXI

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REINO DE ARTENA



A cela estava escura, as tochas no corredor não ajudavam muito quando se tratava das masmorras do Castelo de Artena. O cheiro de urina impregnava todo o aposento, onde uma única janela extremamente pequena no alto do teto pouco favorecia a circulação de ar, Catarina poderia sentir pena do homem, não fosse o fato dele ser um traidor, ela não tolerava traidores, para ela eles eram o pior tipo de pessoa, não havia coisa que prezasse mais do que a lealdade.

- Acorde rapaz. – ordenou Delano chutando a perna do jovem que deitado com as costas para a parede, dormia a sono solto. – Sua Majestade, a Rainha Catarina está aqui, levante-se!

Visivelmente assustado o rapaz se pôs de pé de um salto, e esfregando os olhos observou Catarina atentamente, os olhos assustados, então se ajoelhou e abaixou a cabeça.

- Majestade, oh deuses, perdão, peço perdão novamente, não sou digno de sua presença Majestade. – murmurou o jovem.

- Não, você não é, você é um traidor Dimas, não é digno nem do ar que respira. – respondeu Catarina, a voz impassível. – Você entregou ao meu maior inimigo informações sobre o meu exército, meu arsenal, minhas armas e meus homens, traiu o seu reino, o seu povo e o seu Rei.

Catarina se aproximou do rapaz, e então conseguiu ver melhor o rosto do traidor. Ele estava mais magro do que da última vez que ela o vira, logo após o banquete em homenagem ao Rei Otávio. O rosto estava mais fino, cavado, e as olheiras mostravam as noites mal dormidas e atormentadas, a pele, de um moreno claro, estava suja, e os cabelos caíam desgrenhados até abaixo dos ombros. O jovem tremia enquanto tentava se manter em pé, e a encarava com olhos vidrados.

Ela poderia sentir pena daquela figura suja e amedrontada, mas ele era um traidor, e ela não suportava traidores da Coroa, fossem nobres ou mesmo um simples soldado, que em troca de uma sacola de moedas de ouro traíra seu Rei.

- Perdão Majestade, eu imploro seu perdão. – pediu o jovem, se ajoelhando e se arrastando até ela, sendo impedido pela espada de Demétrio, que imediatamente ordenou que ele não se aproximasse.

- Você merece a morte pelo que fez, a pena para traição é a forca. – continuou ela. – Mas alegre-se Dimas, eu vim lhe oferecer um acordo, uma chance de liberdade.

- Liberdade? – perguntou o rapaz, confuso.

- Eu tenho uma missão para você, algo que apenas um traidor poderia fazer, algo que pode ajudar o seu reino e a sua família. – antes que ele perguntasse algo ela prosseguiu. – A sua esposa e filho, o pequeno bebê Samuel, encontram-se sob a minha proteção, mas essa proteção tem uma condição, ela durará apenas e se você conseguir concluir o que eu lhe pedir.

O jovem a encarava assustado, e um tanto quanto confuso, mas ela via nele uma resignação, um arrependimento genuíno, ela sabia que ele iria fazer o que ela lhe pediria a seguir.

- Sua missão é simples, quando eu marchar com meu Exército ao Vale de Letana, você virá conosco, como se nada tivesse acontecido, como se nunca tivéssemos desconfiado de sua pequena traição, e ao chegar lá você irá procurar o oficial a quem você entregou os documentos a respeito do Exército de Artena, e dirá que eu planejo atacar ao raiar do próximo dia, que eu apenas quero distrair Otávio tentando um acordo de paz, mas que todo o poderio de Artena marcha ao encontro dele, diga que o Conde de Castis, Ignácio de Alcan, retornou e que está hospedado aqui no Castelo, e que ele me informou sobre os túneis secretos de acesso ao castelo dele, que meus homens se infiltrarão onde Otávio se esconde, e que com as armas de guerra e meu Exército eu destruirei o Castelo de Castis.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora