Capítulo XLII

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REINO DE MONTEMOR



Passos rápidos ecoavam pelos corredores do Castelo Real, Afonso, ao ver a carruagem de Catarina, imediatamente saiu da sacada do castelo e desceu as escadas, atravessando os corredores quase correndo em direção ao pátio, um nervosismo frio tomando seu interior, o coração batia acelerado em seus ouvidos. Ela estava ali, o motivo ele não sabia, talvez um novo acordo ou proposta, mas uma pequena chama de esperança nele insistia em dizer-lhe que ela viera por ele, para lhe dizer algo, poderia ser isso, ou não, o que importava era que ela estava ali, ele a veria quando já tinha aceitado que apenas veria a rainha de Artena novamente em algum evento oficial, e isso poderia demorar anos.

Quando chegou ao pátio a carruagem tinha acabado de parar, a porta ainda fechada enquanto ele se aproximava, até que abriu, revelando a Rainha.

Catarina o encarou fixamente, então abriu um pequeno sorriso. Afonso permanecia sério, ainda absorto com a presença repentina dela ali. Com mais um passo ele ficou de frente para ela, e lhe estendeu a mão, num gesto cavalheiresco e delicado, ela colocou a mão dela sobre a dele, ainda a mesma mão fina, macia e delicada que ele se lembrava, e desceu, parando de frente para ele, próxima o suficiente para ele se perder em seus olhos negros.

- Alteza, fico feliz em vê-lo novamente, sua perna parece bem melhor. – comentou ela. Catarina manteve a mão ainda sobre a dele, e Afonso não a soltou.

- Majestade, agradeço a preocupação, sim, estou praticamente recuperado. – respondeu ele, olhando fundo nos olhos brilhantes e intensos da rainha. – A que devemos a honra de sua visita?

- Eu, bom, eu vim aqui falar com...você. – disse ela, e parecia, para a surpresa de Afonso, ligeiramente constrangida, ou receosa, era uma reação tão atípica de Catarina que ele não conseguia identificar direito. – E com sua avó também, claro, ela é a rainha certo, eu não poderia vir ao reino dela sem tratar com ela também, isso, bom isso é o esperado de uma visita oficial.

Catarina estava um pouco nervosa, olhava para o chão mais vezes do que em todo esse tempo que ele a conhecia, algo estava errado. Ela soltou a mão dele, mas manteve os olhos nele dessa vez, e Afonso parou um momento para observá-la. Ela estava linda e radiante, Afonso não conseguia imaginar mulher mais bonita do que Catarina de Lurton.

- Catarina, querida, quanto tempo, não sabia que nos visitaria tão cedo. – disse Crisélia, que tinha acabado de chegar ao pátio, e se aproximando deu em Catarina um longo e afetuoso abraço. – Tantas coisas para você lidar e decidir, mas você venceu a guerra, isso que importa, seu pai ficaria muito orgulhoso.

- Obrigada, Majestade, e agora tenho a chance de agradecer pessoalmente o envio das tropas, foram de grande ajuda. – respondeu Catarina. Ambas as rainhas sorriam, e Afonso notou que a avó parecia genuinamente feliz com a visita de Catarina. – Meu reino está se recuperando dessa guerra, reconstruções e nomeações, estamos nos reerguendo com a graça dos deuses. – o rosto de Catarina assumiu um ar mais sério, contido. – E também, sinto dizer que estou viúva, meu marido faleceu devido a uma infecção no sangue por conta de um ferimento de batalha, tornando tudo ainda mais difícil.

- Oh eu sinto muito, muito mesmo, um rei jovem assim, um casamento tão recente, não tiveram sequer a chance de ter filhos, que pena minha querida, os boatos dizem que era um grande guerreiro, e você, tão jovem e passando por todas essas perdas.

- Sim, meu marido foi um guerreiro formidável, que os deuses o tenham em seus grandes salões, e que a alma dele renasça em glória. – respondeu Catarina, pesarosa, embora ele visse uma sombra de um sorriso brincando em seus lábios.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora