Capítulo XXXVIII

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REINO DE ARTENA – DESCAMPADO DOS RIOS



Por dias eles marcharam, todo o poderio daquelas tropas reunidas, seguindo a estrada em direção ao sul de Artena, indo de encontro ao inimigo. Afonso tinha ao seu lado Cássio e Selena, e também, um jovem ousado e inconveniente de nome Saulo, que aparentemente tinha uma opinião sobre absolutamente qualquer coisa. O jovem fora de grande ajuda na tomada do castelo em Montemor, mas agora, Afonso tinha que admitir, ele chegava a ser irritante, não conversava diretamente com Afonso, mas com os soldados ao redor, e falava por horas inteiras, reclamava do tempo, da marcha, da comida, basicamente de tudo.

Catarina havia mantido um rigor sem igual, estava sendo uma marcha dura, poucas paradas, a comida e a água eram satisfatórios, porém ela fazia o exército avançar noite adentro, as horas de descanso eram regradas e rígidas, ela parecia sedenta para enfrentar Otávio, parecia concentrar toda a sua força nisso. Ela era rigorosa quando estavam em marcha, mas quando eles paravam, Catarina prezava por seu descanso, se retirava em sua tenda e ninguém era autorizado a perturbá-la, exceto quando ela convocava reuniões, mesmo então Fidélio geralmente a acompanhava, ele agora cuidava da saúde da rainha com mais rigor desde o súbito mal-estar e fraqueza que a acometera.

Após cruzar a Ponte do Gigante, sobre o Rio Maurele, e atravessar todo o Vale Alto, com suas altas montanhas de picos congelados, eles enfim adentravam o Descampado dos Rios, uma grande campina, rodeada de pequenos montes e próxima ao Rio Biroge, este corria ao longe, depois das ruínas de um antigo vilarejo abandonado, mas de onde estavam, erguendo o acampamento, era possível ouvir seu rugir, todos escutavam o som das águas que corriam entre as rochas, furiosas, impetuosas, a força da natureza.

Já era fim de tarde, o sol estendia seus raios alaranjados pelo céu azul, num último abraço de luz antes do cair da noite. Afonso, agora, estava dentro da maior tenda entre aquele mar de tecidos instalado na campina, era a tenda da rainha, ali se encontravam, além de Catarina, seu conselheiro, Demétrio, seu marido, o rei Constantino, bem como oficiais de Artena e também oficiais do próprio Constantino, e Selena e Cássio, capitães de Montemor. Afonso a olhava, observando silenciosamente a força e firmeza na forma que Catarina lidava com o conselho ao seu redor.

Todos estavam de pé, e no centro, estendido sobre uma grande mesa, estava o mapa da Cália, pequenos homenzinhos de ferro simbolizavam os dois exércitos, e a distribuição das tropas. Eles já haviam revisado todo o plano de ataque até aquele momento, inclusive, mais de uma vez.

- O Exército de Otávio se encontra depois do Monte Calcário, os batedores informaram que eles acamparam próximos ao Rio Biroge, Majestade. – informou Delano, afobado, curvando a cabeça ao entrar na tenda.

- Pois bem, isso significa que amanhã eles estarão aqui no Descampado, o poderio da Lastrilha deverá chegar aqui em torno do meio dia. – comentou Constantino, observando o mapa.

- Exato, meu rei. – disse Demétrio. – Otávio virá ao nosso encontro, com toda a certeza, e amanhã estaremos preparados para eles.

- Eu quero nossa estratégia perfeitamente executada, não admitirei erros, senhores. A frente do exército estarão os artenianos, sob o comando de Silas, no flanco esquerdo ficarão os homens de meu marido, liderados por Orfeu, e no flanco direito, os homens de Montemor, liderados pelo Príncipe Afonso. – ressaltou Catarina.


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A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora