Capítulo XLI

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REINO DE ARTENA



O Castelo Real parecia diferente, enquanto caminhava em direção a Sala do Trono, Catarina observava aquelas paredes cinzentas, altas e frias, lembrando de um tempo, em um passado não muito distante, onde sequer imaginava estar na posição em que se encontrava agora, por mais que sonhasse em ser rainha, jamais imaginou ser coroada desta forma, jamais imaginou que passaria por tantos desafios.

Os caminhos dos deuses são sempre misteriosos, pensou ela.

A Lastrilha estava derrotada, Andnar estava derrotada, ela mantivera a aliança com Montemor, construíra uma importante aliança com Chaelle do Norte, e também tinha o apoio das tropas de Vicenza. Houveram dias desesperadores, dias de dor e de lágrimas, mas ela enfrentara todos eles, e enfrentaria quantos mais viessem pela frente, por ela e por sua herdeira, sua filha, seu bem mais precioso.

Agora, era a hora de lidar com inimigos e traidores, seu reino finalmente estava sendo estabilizado, Artena se erguia mais uma vez.

Quando entrou na Sala do Trono, iluminada naquela manhã fria pelas tochas e amplas janelas de vitrais, ambas as plebeias que ela convocou estavam lá, uma olhando receosa para a outra, Catarina ouvira dizer que quando crianças elas foram amigas, antes da jovem Diana partir para a Lastrilha, era curioso que elas tivessem tomados caminhos tão opostos em assuntos do reino.

- Majestade. – cumprimentaram as duas, em uníssono, curvando suas cabeças respeitosamente.

Catarina calmamente subiu até o trono e sentou-se, olhando fixamente de uma para a outra, o rosto permanecia sério, impassível e altivo, a postura da rainha.

- Vocês se conheceram quando crianças, certo? – perguntou ela, e sem esperar resposta, continuou. – Diana, você atuou como espiã de Artena na corte da Lastrilha, foi muito bem paga para isso, mas eu reconheço que existe muita coragem em você para realizar tal feito. – ao dizer isso a jovem sorriu, visivelmente orgulhosa e contente com o reconhecimento da rainha. – Você sabe o motivo de Amália estar aqui? Sabe a razão pela qual eu a convoquei?

- Não, Majestade. – respondeu Diana, olhando de soslaio para a moça ao seu lado.

- Amália Giordano, essa jovem aqui, é cúmplice de um traidor. – disse Catarina, e viu quando os olhos de Amália se arregalaram de surpresa. – O pai dela vendeu informações valiosas para o meu inimigo, e ela tinha conhecimento disso, mas não o denunciou.

- Majestade, ele era meu pai, eu não poderia denunciar o meu próprio pai, eu... – começou ela, explicando-se.

- Calada. – interrompeu Catarina, a voz firme reverberando pelo salão. – Você fala quando eu lhe dirigir a palavra, não se dirija a mim como se fôssemos iguais.

Amália engoliu em seco, os olhos pareciam assustados, mas em sua postura e na forma como mantinha a cabeça levantada, ela via a arrogância e prepotência da jovem plebeia. Catarina poderia admirar essa força de espírito, se ela não estivesse usando-a para se impor contra ela, para contrapor o poder dela como rainha.

- Você, Diana, ajudou a destruir armas do inimigo, passou informações importantes e auxiliou o reino onde nasceu, sendo mantida prisioneira por isso nas masmorras do inimigo. – ressaltou Catarina, do alto do trono observava as jovens, moças que pareciam ter a sua idade, mas que eram tão diferentes da rainha em status e personalidades que poderiam pertencer a outra espécie. – Já você, Amália, ao se omitir e proteger seu pai, custou a vida de toda uma tropa, e quase a minha vida também. Agora eu pergunto, o que será feito de vocês duas? Agiram em lados opostos, mas as duas são parte do povo de Artena.

A Grande Rainha - Contos da CáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora