• ✤ Não Mais Uma Garotinha ✤ •

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Acaricio os cabelos de Mia enquanto explico meu plano para ela, após ela me contar o que faz aqui. Connor a obriga a usar os computadores apenas, ele nunca a tocou, mas sempre bate nela. E pelo visto, ela morre de medo dele, só de falar em seu nome o seu corpo treme todo.

— Me fale sobre Maria. — Peço baixinho. — Ela realmente é filha do Connor?

— Sim. — Sussurra. — Ela é só uma garotinha... tem nove anos.

— Ah, meu Deus... e ele... ele a toca?

— Eu não sei se ele já... já transou com ela. — Murmura com a voz embargada. — Mas ele a toca e faz ela tocá-lo. É a minha tortura, eu tenho que ver isso senão fizer o que ele quer, tenho que observar ele tocando-a enquanto ela chora silenciosamente.

Fecho meus olhos, sem conseguir imaginar a cena.

— O que aconteceu com a mãe dela?

— Ele a matou... usou a Maria para isso. — Mia sussurra e meu coração acelera. — O nome dela é Joana, ela morreu bem ali no canto, Maria tinha só seis anos quando ele segurou a arma na mão dela e a fez apertar o gatilho. Joana estava cansada, doente.

— Já chega, Mia. Por favor. Eu vou tirar nós três daqui, eu prometo. Maria vai nos ajudar.

— Ela não vai, ela acredita no amor dele... ela nem fala comigo. E já faz anos que eu estou aqui. Ele a proibiu.

— Ela falou comigo...

— Sim.

— Talvez eu consiga conquistar ela.

— Como você pretende fazer isso?

— Eu conquistei o turrão do seu irmão, eu acho que consigo. — Murmuro e Mia abre um pequeno sorriso.

— Como eles estão? Você ainda os vê?

— Não, eu fugi quando ele matou os meus pais. Mas sua família está bem, muito bem. Seu irmão é dono de uma empresa e ele é muito famoso. Elliot virou médico e a sua mãe e seu pai... eles adotaram uma garotinha chamada Happy.

— É mesmo? — Mia pergunta sorrindo. — Eu acho que eles imaginam que eu esteja morta...

— Mia, você vai voltar para casa, eu te prometo.

— Obrigada por vir, Ana... eu não esperava isso, mas estou tão feliz.

Sua voz sai mais fraca e cansada e eu percebo que ela está pegando no sono, quando ela dorme eu a ajeito deitada sobre o chão. Connor ainda não voltou e imagino que não vá voltar tão cedo, então deixo a sala e ando pela casa analisando tudo. Os únicos cômodos mobiliados são a cozinha, e os banheiros, tudo fora isso é vazio e escuro, mas acho que ainda posso imaginar isso como uma casa.

Paro na cozinha ao ver Maria, limpando o balcão, ela me olha e arregala os olhos.

— Não! Você não pode sair de lá, ele vai machucar você!

— Está tudo bem, ele não chegou. — Sussurro me aproximando. — Nós duas temos que conversar.

— Nós não podemos... você vai dizer que ele não me ama, mas ele me ama, por isso ele faz isso.

— Maria, isso não é amor.

— É sim. — Grita, chorando. — Ele diz que me ama.

— Como a sua mãe era, Maria?

A minha pergunta faz as suas lágrimas cessarem, então ela joga a cabeça para o lado e dá um pequeno sorriso. Seus olhos brilham enquanto ela pensa em algo, algo bom, não há dor em seu olhar. Ela me encara e suspira.

Imperfect LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora