• ✤ Em Outra Vida ✤ •

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SEXTA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO

Caminho pelos corredores do cemitério com um peso enorme, sabendo que há segundos eu deixei para trás mais uma pessoa que eu amava. Entro no carro e recosto a cabeça no vidro vendo as pessoas se afastarem do tumulo, a mão de Christian aperta a minha e eu me viro para ele.

— Como você está?

— Bem. — Sussurro com sinceridade. — Ela não ia gostar de me ver triste.

— Você é uma mulher muito forte, sabe disso, não sabe?

— Nem sempre.

— Sim, você é sempre. Você não está sozinha, querida.

— Eu sei, obrigada, Christian.

Aproximo-me dele e lhe dou um beijo, sorrio e volto a me afastar, suspirando. Eu vou honrar Page, honrar cada coisa que ela fez por mim enquanto estava viva... e vou cuidar dos meninos, como ela faria. Ele nunca mais vai se aproximar de ninguém que eu amo, nunca mais irá machucar mais ninguém. Eu não vou permitir isso, nunca.

Hoje Ted irá para casa e ele acha que eu sou a mãe dele, ele não lembra de absolutamente nada do que aconteceu, de certa forma é melhor assim... mesmo que ele não se lembre de Page, ele jamais lembrará do que aconteceu naquele dia. Ele não crescerá como eu, tendo todos os dias a imagem da mãe morta... ou do pai e os irmãos... Ted será uma criança normal e feliz, muito feliz.

Christian estaciona o carro em frente ao hospital e suspira.

— Taylor me disse que o quarto dele está pronto... e a casa de Page já foi desmontada e vendida.

— É melhor assim. — Sussurro. — Você doou todas as coisas?

— Sim, menos o que você guardou. O que eram aquelas coisas?

— Apenas coisas importantes para mim.

— Certo, vamos então?

— Vamos.

Desço do carro e espero ele entregar a chave ao manobrista, depois ele toma seu lugar ao meu lado e nós caminhamos para dentro do hospital. Pegamos os crachás na recepção e vamos para a ala da pediatria, para o quarto 73. Paramos na porta e nos entreolhamos, depois olhamos para a cama onde Kate, Dylan e Happy brincam com Ted.

Ele parece bem, tem reagido bem e não tem tido nenhum tipo de dor ou sequela pela batida. Sorri o tempo todo e não pergunta por ela. Grace disse que ele pode nunca lembrar, talvez seja melhor assim.

— Mamãe. — Ted grita, fazendo-me sorrir.

Aproximo-me dele e lhe dou um abraço apertado enquanto ele se aninha contra meu peito. Seus olhos me encaram com expectativa, ele sabe que irá para casa hoje e está empolgado por isso.

— Vamos, mamãe. Vamos!

— Calma, calma. Nós temos que ver o seu irmão ainda, lembra? Depois nós vamos para casa.

— Okie Dokie!

— Não vai dar um beijo no seu filho, Christian? — Kate provoca e eu dou uma olhadinha para ela.

Christian faz uma careta e se aproxima meio sem jeito, ele dá um beijo rápido na cabeça de Ted e se afasta. Mas isso é suficiente para fazer Ted ficar completamente sem jeito e tímido, ele me abraça e esconde o rosto contra meu peito. Troco um olhar com Kate e nós começamos a rir. Eu não tenho a menor ideia de por que Christian o beijou, ele nunca se deu bem com crianças e eu não quero forçar a barra com ele, mas talvez ele esteja se esforçando para me apoiar, ou me agradar. Eu não sei.

Imperfect LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora