• ✤ Nada é o Que Parece ✤ •

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SEGUNDA-FEIRA, 11 DE SETEMBRO

Caminho até o sofá segurando minha xícara com chá e me sento, Mia sorri para mim e cruza os braços, ela está ansiosa. Depois de tanto irá para casa, para a sua família... irá ver todos que ela ama novamente. Ela irá contar tudo por mim, desde a morte da minha mãe até a morte de Connor. Eu não quero ter que voltar agora, quero ficar mais uns dias longe.

Eu estou morrendo de saudade dos meus filhos e agora que o termo de confidencialidade da segurança interna não vale mais, eu poderia voltar correndo e dizer tudo a Christian, principalmente que os meninos são dele. Mas ele está feliz com os filhos... e ficará mais feliz quando Mia voltar. Ele saberá que nunca fui o culpado do sumiço dela. Ele também saberá sobre todas as desgraças que eu tive que passar para chegar até aqui e quando eu estiver pronta ire lhe dizer que eu menti, que o droguei e que os meninos são nossos filhos. Mas na verdade, não há mais nada que ele diga que irá me desarmar.

Simplesmente não há mais nada que eu possa esperar ele.

— Você está muito estranha, sabia?

— Me desculpe, Mia. Eu não estou voltando para casa. — Digo sem pensar. — Me desculpe.

— Você deveria voltar para casa.

Mia se aproxima e senta ao meu lado.

— Meus sobrinhos amam você e devem estar morrendo de saudade...

— Eu só preciso de uma semana.

— Ana, vai fazer quase um mês que você se foi... então...

— Eu ainda não quero chegar e contar tudo, contar que nós somos pais, mas que eu não podia dizer a ele porque tinha um maluco me seguindo. Você sabe quantos termos de confidencialidade eu tive que assinar para nunca dizer nada a ninguém?

— Quatro...

— Sim, foram quatro. Eu quero que você vá na frente, que aproveite a sua família e conte tudo por mim, depois eu irei e contarei sobre os nossos filhos. Diga a todos que eu estou bem, e que eu vou voltar quando puder.

— Você realmente vai ficar mais uma semana longe deles? Eles são os seus filhos.

— Eles também são os filhos do seu irmão, e seu irmão pode cuidar deles.

— Está bem, Ana.

Mia se aproxima e me dá um beijo, depois se levanta e encara tudo ao redor.

— Eu vou ter que sair para resolver algumas coisas, então eu irei ver meus pais a noite, se precisar de mim é só ligar.

— Eu vou ficar bem, Connor morreu e não há nada que possa me acontecer agora.

— Está bem, Aninha. Te vejo depois.

Balanço a cabeça e encaro Mia sair da sala, depois de alguns minutos ouço a porta batendo e deduzo que ela já tenha saído. Suspiro e encaro a televisão, não está passando nada de agradável, e eu decido ir tomar um banho, mas já é terceiro ou quarto banho que eu tomo e isso não faz com que eu me sinta melhor.

Eu me sinto mais suja, a cada banho sinto que a sujeira gruda mais em mim... eu queria que fosse mais fácil, mas entendi que não é e não vai ser.

Saio do banheiro depois do banho e visto um moletom com uma calça jeans, de qualquer forma eu terei que ir buscar Maria daqui a pouco. Sento na minha cama e olho para o criado-mudo, onde a caixinha que mamãe deixou para mim está, pego o colar no meu pescoço e o abro. Dentro há uma foto da mamãe, uma das poucas fotos que tenho dela, sorrio e encaixo o coração na fechadura da caixinha, a tampa se abre e a pequena bailarina de dentro começa a dançar, fazendo-me sorrir.

Imperfect LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora