• ✤ Queimo Como Fogo ✤ •

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DOMINGO, 16 DE JULHO

Caminho pela proa até chegar a grade e me recosto sobre ela, olhando de longe Christian brincar na areia com Ed, Ted e os cachorros. A palavra milagre ainda corre na minha cabeça, como tem feito muito ultimamente. Quando Grace me ligou há cinco meses, dizendo que Ed não estava bem eu acreditei que ele estava nos deixando, mas então quando cheguei ele havia acordado. Um milagre, todos disseram, todos do hospital queriam ver o menino de dois anos que havia levado um tiro na cabeça e sua única sequela foi ter perdido a memória.

Levá-lo para casa foi um alivio imenso, eu consegui isso um mês após ele ter acordado. Foi mais difícil para Ed se adaptar, aceitar Christian e eu como pais, mesmo sem se lembrar de nada, mas de dois meses para cá tudo tem mudado. Talvez graças a Fadinha, ela e Ed não se largam mais e acho que ela pode estar ajudando-o a melhorar, ele já fala mais e nos chama de mamãe e papai. Quem adora isso é Christian, ele é louco pelos filhos e ainda é estranho para mim viver assim, apenas com eles.

Sinto uma imensa saudade de Page, mas tenho honrado o seu nome cuidando dos meninos e fazendo o que ela tinha que ter feito. Eu vou honrá-la, honrar meu pai e todo o trabalho que eles tiveram antes de serem mortos.

Balanço a cabeça e sorrio ao ouvir, de longe, os meninos gargalharem. Dou uma olhadinha e vejo Cacau pulando na água enquanto faz os dois rirem. Os cachorros estão enormes, mas eu fico feliz, eles estão mais calmos do que quando eram filhotes e tem ajudado muito na recuperação de Ted e Ed.

Sorrio mais uma vez e saio da proa, indo para a parte de dentro do barco, desço as escadas e vou para o quarto onde me sento sobre a cama. Hoje já é domingo e completa três semanas que estamos aqui, como prometido Christian trouxe os meninos para navegar, eu só não imaginava que seriam férias no Sul da França.

— Mamãe zá xigamos.

Ted invade o quarto correndo e logo atrás vem Ed e os três cachorros, recebo os cinco em um abraço com muitos beijos e lambidas. Sou salva quando Christian entra no quarto e pega os gêmeos pelas cinturas, ele se senta na cama com os dois que o abraçam de forma carinhosa.

— Pronta para voltar para casa? — Pergunta-me e eu sorrio.

— Acho que sim, foram três semanas maravilhosas. — Suspiro e sorrio outra vez. — Mas nós temos que ir.

Pui quê? — Ed pergunta, ele encara Christian esperando a resposta.

— Porque sim, baixinho. A mamãe e o papai precisam trabalhar e toda a família está sentindo falta de vocês dois.

— Tia Happy! — Ted grita, com extrema alegria.

— Sim, a Happy sente muita saudade.

Puxo Cacau para os meus braços enquanto observo Christian responder todas as perguntas dos gêmeos, de forma paciente. Ele ama os dois, tenho quase certeza disso. Nunca o ouvi falar sobre isso, mas ele tem sido um pai tão maravilhoso que é difícil pensar diferente. Eu nunca vi Christian fazer tudo o que ele faz por esses meninos, jamais esperei que algo assim pudesse acontecer, primeiro ele recebeu Ted e logo em seguida Ed, e desde então tem sido o melhor pai do mundo, como os meninos mesmo dizem.

O homem que eu amo com os nossos filhos, é uma cena perfeita que eu jamais imaginei ter e hoje eu tenho. Espero apenas conseguir manter isso e nunca os perder, eu não sei se iria aguentar isso.

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HORAS MAIS TARDE...

Encosto-me ao batente da porta e cruzo meus braços, segurando-me para não rir enquanto Christian tenta manter Ed e Ted nas camas. Eles estão bem agitados pela nossa volta e não querem dormir talvez porque se acostumaram com o barulho do mar ou coisa semelhante.

Imperfect LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora