Capítulo 1.

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Narrador (a): Mal

Meu nome é Malvina Bertha, mas todos me chamam de Mal. Eu tenho 17 anos e estou prestes a iniciar o terceiro ano do Ensino Médio. Eu sou órfã de pai. Brincadeira. Os meus pais são divorciados. O cara teve quatro casamentos. O primeiro foi com uma italiana, com quem ele teve dois filhos; o segundo foi com a minha mãe, o terceiro com uma afrodescendente e o quarto casamento, que é o atual, é com uma grega, com quem ele tem um filho de 13 anos. Das mulheres, a única que ele não traiu foi a italiana.

Quanto aos meus irmãos, o único com quem eu me relaciono é o Nicholas, ou Nico, como chamam ele. Eu também sou super amiga do Hadie, o meu irmão caçula. A minha relação com a Hazel é pacífica, embora nós não tenhamos muito contato. A Bianca já é falecida, mas o fato de venerarem ela me incomoda bastante. Tudo bem que ela era certinha e tal, mas as aparências enganam. O próprio Nico sempre diz que ela tava cansada da vida que levava. Eu, a Hazel e o Hadie não a conhecemos. Ela morreu quando tinha 14 anos. Só quem conheceu ela foi o Nico e os nossos primos.

O fato é que, por conta desses exemplos e de uma experiência que ocorreu há dois anos, eu não acredito no amor. Antes, eu acreditava. Até flagrar a pessoa que eu amava com a minha prima na cama, eu deixei de acreditar. Isso pra mim agora é baboseira. Depois daquele dia, eu nunca mais quis saber de compromisso com ninguém.

Narrador (a): Evie

Meu nome é Evie. Eu tenho 17 anos e estou prestes a iniciar o terceiro ano do Ensino Médio. Eu perdi o meu pai em um acidente aos 2 anos de idade, ou seja, eu não me lembro muito dele. Eu moro com a minha mãe, a minha tia, a minha prima, cujo pai morreu no mesmo acidente e o meu irmão mais novo. Todos dizem que eu sou uma típica princesinha dos contos de fada, mas eu não sou mimada. Sou apenas um pouco vaidosa.

Eu tenho uma meia irmã mais velha. Na verdade, eu e a Snow não somos exatamente irmãs. Ela é filha do primeiro marido da minha mãe. Só que ele morreu e a minha mãe assumiu as responsabilidades. Mas as duas se consideram mãe e filha mesmo assim. A Snow se casou com o marido na mesma época em que a Bianca, uma colega de sala dela que por um acaso é meia irmã da minha melhor amiga, faleceu. E foi a mesma coisa com a filha dela e com o Kiliam. É uma história bem complicada. E sim, de certa forma, eu sou tia avó. Mas apesar da minha família ser bem maluca, eu a amo mesmo assim.

Narrador (a): Carlos

Meu nome é Carlos De Vill. Eu sou filho de uma das mulheres mais ricas do país inteiro. Eu tenho 16 anos e estou prestes a iniciar o terceiro ano do Ensino Médio. A maioria das pessoas da minha idade está no primeiro ano ou no segundo, mas como eu tenho um QL avançado, eu fui transferido pro terceiro ano. Eu sou fera em tecnologia, tanto que todo mundo do colégio que vive me zoando vem atrás de mim quando os aparelhos eletrônicos deles dão defeito. Ou uma máquina.

Eu sou o tipo de pessoa que não consegue se proteger sozinho, mas odeia quando vê alguém sofrendo bullying. Mas toda vez que eu tento defender alguém, sempre acabo espancado. E as pessoas riem de mim. As únicas pessoas que se importam são os meus amigos, os meus únicos amigos. Eles me conheceram quando um valentão tava me batendo. O Jay botou o cara pra correr. Depois disso, ninguém mais mexeu comigo.

Esse ano, as coisas vão mudar. Não porque eu decidi que não vou mais baixar a cabeça, mas também porque eu percebi que as pessoas não são donas nem delas mesmas. E se eu levar um soco na cara por isso, vai ter valido a pena. Pelo menos pra mim. Só que eu sei que depois do soco, de alguma forma, a notícia vai cair nos ouvidos do Jay e ele vai procurar o cara que me deu um soco pra dá uma surra no cara.

A minha mãe é a famosa estilista Cruella De Vill. E moro com o meu primo, ela e os meus irmãos mais novos numa mansão gigante. Isso é um ponto em que eu e os meus amigos temos em comum: problemas com os pais. O meu pai e o pai da Evie são falecidos, a Mal e o Jay têm os pais vivos, mas agem como se eles estivessem mortos. Mas eu entendo eles. É uma forma de esconder a dor pela ausência dos pais. A Mal pelo menos tem a mãe. Ao contrário do Jay, que foi criado pela tia.

Narrador (a): Jay

Meu nome é Jayden, mas todos me chamam de Jay. Eu tenho 17 anos e estou prestes a iniciar o terceiro ano do Ensino Médio. Eu sou o valentão do grupo. Tá, todo mundo diz isso. Eu detesto violência, mas às vezes, a melhor defesa é o ataque. Meu maior sonho é entrar pra polícia. E eu luto por isso dia e noite. O meu pai quer que eu seja médico, mas eu não quero isso. Ele é um médico brilhante, mas não é fácil ser filho dele. Não é fácil mesmo. E fora isso, o cara é professor no meu colégio. E só pra deixar claro, ele também tem uma lojinha. Foi herança da minha mãe, e por isso ele não quis se desfazer dela. Resumindo, ele tem três empregos, um dinheirão guardado no banco, e é pão duro.

Eu perdi a minha mãe muito cedo e fui criado pela minha tia. Aliás, eu e o Jacob, meu irmão mais novo, mas que é praticamente meu filho. Por que? Porque eu faço todas as obrigações que um pai faz. Eu acordo ele todas as manhãs, faço o café da manhã dele, dou mesada pra ele todos os meses e etc. Mas eu não ligo pra isso, até porque eu já tô acostumado. Isso me torna o mais adulto do grupo. O meu pai nunca foi o tipo de pessoa que ligou pra responsabilidade, pelo contrário. E com certeza ele só tá esperando que eu complete 18 anos pra passar a loja e a guarda do Jacob pra mim.

Eu sou gente boa, me dou bem com todo mundo, mas não admito preconceito, ainda mais com mulher. Fala sério, esse pessoal parece aqueles senhores de século XIX, ou Idade Média. Enfim, o pessoal da antiguidade. Eles não entendem que os tempos agora são outros. Mas é como dizem, o pior cego é aquele que não quer ver ou se recusa a enxergar e admitir as coisas não são mais as mesmas. Algumas mudanças são ruins? São. Mas a pessoa não tem outra alternativa a não ser aceitar e se adaptar.

Continua...

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