Capítulo 6.

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Narrador (a): Audrey

Esse primeiro dia de aula me esgotou totalmente, mas conversar com a Mal foi bom. Eu sei o que vocês tão pensando, mas ela tem a mesma idade que a minha. Então chamar ela de tia é meio careta, até porque nós parecemos mais irmãs do que tia e sobrinha. É a mesma coisa com o Neal e com os sobrinhos dele. Mas a única diferença é que a Mal não tem nenhum sobrinho que seja mais velho do que ela. Prova disso é que a Bianca, a filha do Nico que foi batizada em homenagem à irmã mais velha dos dois, tem 14 anos. O Daniel tem quase a idade do Hadie. A Catarina, que é a filha da Hazel e provavelmente a única que não conhece a tia tem a mesma idade que a Bianca. Outra coisa que diferencia o caso da Mal do caso do Neal é a seguinte: ela não tem nenhum sobrinho neto. Sim, o Neal já é tio avô. Só que ele conhece a garota apenas por foto. Mas parece que o Henry, o sobrinho dele, resolveu recuperar as relações familiares. E isso é algo que tá deixando o meu namorado maluco.

Mal: - A Uma me contou o que tá acontecendo. Eu sinto muito.

Audrey: - Ele e a irmã nunca superaram o que aconteceu.

Mal: - Eu sei.

Audrey: - E desculpa pelo que a Talissa te fez passar.

Mal: - Acho que o namorado dela é que devia tomar mais cuidado.

Audrey: - Namorado? De onde você tirou que ela e o Ben namoram?

Mal: - Pelo jeito que ela fala dele. E como ela olha pra ele.

Audrey: - A Talissa e o Ben não são namorados.

Mal: - Sério?

Audrey: - É. Na verdade, ele foge dela. E ela é obcecada por ele.

Mal: - Coitado. Agora eu fiquei com pena dele.

Audrey: - Eu achei legal o que você fez pela Jane.

Mal: - Acha que eu ia deixar um cara qualquer humilhar a minha prima? Claro que não.

Audrey: - Eu tô muito feliz por finalmente poder conhecer você. Muito mesmo.

Mal: - Eu também tô muito feliz por conhecer quase toda a minha família.

Eu vou explicar melhor o fato da Mal e eu termos a mesma idade e sermos tia e sobrinha. Eu falei que é uma história doida. E eu não tô brincando. Ela é doida mesmo. A minha mãe é filha da mãe da Mal, fruto de um relacionamento super conturbado com o meu avô. A minha mãe sempre teve a ciência de que não é filha biológica da atual mulher do cara, mas mesmo assim, trata ela como mãe. Eu também trato ela como avó. Sério, ela é legal e eu gosto dela. Mas a única coisa que me irrita é o fato da minha mãe não tá nem aí pra mãe biológica dela. O meu avô até tenta convencer ela, mas ela parece não ligar. Se eu tivesse no lugar dela, eu ligaria. Ainda mais agora. A Mal me contou que ela descobriu um câncer. Por isso que ela mandou a Mal pra cá. Mas mesmo que eu conte, com certeza a minha mãe não vai ligar pra isso. Eu sei bem o que ela pensa. Mas a dona Malévola não teve culpa. E depois, o meu avô tinha muito mais recursos. Ele já falou isso, minha avó Leah já falou isso, eu mesma já disse isso, o meu pai também disse a mesma coisa. Mas ela parece não ligar. E se isso for algum mecanismo pra disfarçar a dor, com certeza ele é bem eficiente.

Narrador (a): Wang

Eu tentei falar com a Jade o dia inteiro, mas ela praticamente se esquivou de mim. E eu não culpo ela por isso. Pelo contrário, eu até entendo. Que garota vai querer ouvir o idiota do ex que não acreditou nela sabendo que o "amigo" dele, porque era mais ou menos isso que o Harry era na época, era muito mulherengo e saia dando em cima de qualquer uma, mesmo tendo namorada? Sério, a Malvina é uma pessoa incrível. E as pessoas que são próximas dela sabem que por trás daquela figura fria e cem por cento nerd, tem uma garota legal e super, super divertida. Se qualquer outro tivesse no lugar do Hook, teria feito bem diferente. Aquele garoto com quem eu conversei no refeitório por exemplo, teria feito tudo completamente diferente. Mas eu acho que ela não vai querer saber muito de romance, ainda mais agora que a mãe dela tá com câncer. O que que eu tô dizendo? Eu fico falando da vida dos outros, mas não consigo resolver a minha vida. Que ironia.

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