Capítulo 8.

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Narrador (a): Jane

O Carlos é mesmo um garoto super legal. Apesar dos problemas que ele enfrenta, sempre encontra um tempinho pra ajudar os outros. Eu sei o que vocês devem está pensando. E eu não sou o tipo de garota que acredita nessas coisas de paixão à primeira vista e nem nada do tipo. Além disso, o Carlos só me vê como uma amiga. Tem muitas meninas lindas nesse colégio. Por que ele se interessaria por alguém como eu? Tá, eu sei que ele não liga pra essas coisas mas... Eu não sei. Sinceramente, eu não sei. Eu estou muito confusa. Sério, muito confusa mesmo. O pior é que eu não sei se resolvo isso sozinha ou se peço ajuda pra alguém.

Jane: - Quem tá aí?

Evie: - Desculpe. Não queria atrapalhar.

Jane: - Você não atrapalhou em nada Evie. Aliás, você nunca atrapalha.

Evie: - Fico feliz que pense assim.

Jane: - Você tá com uma cara péssima.

Evie: - Eu não dormi direito à noite.

Jane: - Sei. Entendo.

Evie: - Não precisa se preocupar. Eu vou ficar bem.

Eu posso até ser ingênua e um pouco boba. Ok, eu sou muito boba. Mas não quando o assunto é saúde. A Evie é a melhor amiga da Mal, e como ela frequenta bastante a minha casa, já que a Mal agora tá morando lá, ela e eu ficamos um pouco próximas. Apesar dela ser meio patricinha, ela não é como as outras. Pelo contrário, ela é amorosa, carinhosa, divertida, além de ser uma amiga pra todas as horas. Mas também é muito sonhadora. E na maioria das vezes, isso se torna um problema dos grandes. Estou falando isso por experiência própria. Como toda adolescente, a Evie é vaidosa e gosta de se arrumar. Só que nos últimos tempos, ela tem andado com um grupo de pessoas que tão mais pra esqueletos ou zumbis. Isso tem deixado a Mal super preocupada. E o Carlos e o Jay também não tão gostando nada dessa história. É nisso que dá quando a pessoa se deixa alienar e fica acreditando em tudo que se passa na televisão.

Narrador (a): Carlos

Até agora eu não acredito que eu fui escolhido pra ajudar com as luzes e os equipamentos que vão ser usados no espetáculo. Eu mal posso esperar pra contar a novidade pros outros. Principalmente pra Jane. Vou até pedir pra colocarem uma iluminação azul clara em homenagem à ela. Eu nunca liguei muito pra essas coisas de namoro, mas assim que eu coloquei os olhos na Jane, eu não tive dúvidas. Ela é a garota com quem eu sempre sonhei. Eu sei que ela pensa que não me merece e tudo mais, só que eu não ligo pra beleza física. O que me encantou na Jane foi o caráter dela, e o jeitinho meigo também. Tô até pensando em pedir ela em namoro no dia do espetáculo. Com certeza ela vai gostar muito da surpresa que eu vou fazer pra ela. Muito mesmo.

Diego: - Você gostou mesmo dela.

Carlos: - Gostar é pouco. Eu tô apaixonado por ela.

Diego: - Por que não se declara logo?

Carlos: - Você fala como se isso fosse a coisa mais simples do mundo.

Diego: - E não é?

Carlos: - A Jane é uma garota bem tímida.

Diego: - E você também é tímido.

Carlos: - Eu sei disso.

Diego:- Tá bom. Desculpa.

Carlos: - Não precisa se desculpar.

Diego: - Esse lance da luz azul clara vai ser ótimo. Ela vai gostar muito.

Carlos: - Tomara.

Narrador (a): Harry

Meu irmão acabou de chegar. Eu sei que eu devia tá feliz, mas eu não tô. Eu não faço a menor ideia de como contar isso pro Chad. Sério, eu não tenho ideia mesmo. O abandono da mãe deixou uma marca profunda nele. Claro, que criança não teria mágoa da mãe por ter sido abandonado por ela? E olha que quando isso aconteceu, o Chad já tava com uns dez anos. A irmã caçula dele já tinha uns sete anos na época. A Alex é a irmã mais velha. Na época, ela tinha onze anos. E teve que assumir uma responsabilidade muito cedo. E pra piorar, depois do que houve, o seu Thomas ficou mergulhado no trabalho. E ficou enchendo os filhos de mimos. A única coisa legal disso tudo é que eu finalmente conheci a Lucy, a minha sobrinha. Sério, ela é super fofa. Antes disso, eu só tinha visto ela por foto. Eu sei que o povo adora falar, mas às vezes eles exageram. Eles dizem que o Henry se casou por interesse. Mas se querem saber a minha opinião, a interesseira da história é a própria Ella. Eu sei que esse negócio de mulher se divorciar do marido pra ficar com um cara mais novo é super comum, até porque amor não tem tempo e nem idade, mas a mulher tinha um casamento perfeito, com um marido que amava ela, e depois passou a ficar se insinuando pro meu irmão, chegando até a se fazer de difícil. O lado bom disso tudo é que quando o divórcio saiu, o ex marido não teve que pagar um níquel de dinheiro pra ela. Por mais que eu ache injusto separar uma mãe dos filhos, ela realmente mereceu perder a ação que moveu contra ele pela guarda do Chad e dos irmãos dele. Mas venhamos e convenhamos, que juiz daria ganho de causa pra uma mulher que fez o que ela fez? Nenhum. Bom, mas agora não adianta mais revirar o passado. O que tá feito tá feito. Agora só o que resta é seguir em frente.

Narrador (a): Freddie

Eu conheço muito bem a política do meu estabelecimento, mas eu acho que o meu pai devia pensar melhor pra quem vende o que tem aqui nessa loja. Outro dia, um grupo de esqueléticos veio aqui comprar uns remédios. Com certeza esse deve ser o mesmo grupo com quem a Evie tem andado nos últimos dias. E ainda teve aquela vez em que um doido varrido veio aqui pedindo um calmante pra dopar a ex namorada dele. Mas como eu não quis dá o que ele queria, o cara tentou me forçar a vender o calmante. Por sorte, o meu pai veio e expulsou o sujeito daqui a pontapés. Disse que se ele voltasse aqui de novo, ia chamar a polícia. Como a minha avó disse, o mundo de hoje tá de cabeça pra baixo. Ontem mesmo a Evie teve aqui pra pedir a mesma coisa que aquele bando de doentes. Como a boa amiga que eu sou, aconselhei ela a ir no médico. Ela disse que ia fazer isso, mas eu duvido que ela vá fazer. Por isso que eu prefiro ficar sem assistir televisão. Essa gente de hoje em dia não tem nada que preste pra dizer. E ainda tem gente que chama a minha família de ignorante. Mas se quer saber, é mil vezes melhor ser ultrapassado e ignorante do que ser alienado e deixar de ser você mesmo e ficar buscando por um padrão de beleza que nem sequer existe. O caso da Evie é um bom exemplo disso.

Frederico: - Filhinha, como foi o dia na escola?

Freddie: - Foi legal.

Frankie: - Posso assistir televisão?

Freddie: - Frankie, eu não quero ver você ouvindo baboseiras.

Frankie: - Tá bom mamãe.

Frederico: - Mocinha, que falta de respeito é essa?

Frankie: - Desculpa Freddie.

Célia: - Eu prefiro ficar sem uma televisão nessa casa do que ficar alienada.

Frankie: - Hoje eu vi a Evie e levei o maior susto.

Felícia: - É crianças, a amiguinha de vocês tá precisando de ajuda.

Freddie: - A gente tá fazendo o que pode, mas ela não quer escutar.

Frederico: - Não quer, mais devia.

Freddie: - Mas se ela não quer ajuda, não dá pra forçar ela a se tratar.

Frankie: - Isso é verdade.

Felícia: - É capaz até dela desenvolver... Como é o nome da doença mesmo?

Freddie: - Anorexia.

Frederico: - Eles bem que poderiam usar a televisão pra falar de coisa útil ao invés de ficar falando bobagens.

Célia: - É assim desde os tempos antigos.

Freddie: - Pior que isso é verdade. Mas tomara que isso mude algum dia.

Continua...

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