ELLIOT
Como se um trator tivesse passado duas.... Não! Três vezes por cima do meu corpo, abro lentamente os olhos e arrependo-me no mesmo instante em que os raios da manhã encontram o meu rosto, forçando-me a cobri-lo com o braço. Minha cabeça lateja e aquele conhecido embrulho no estômago dá o ar da graça.
É oficial: estou de ressaca.
Vince e eu, mais uma vez, extrapolamos. Tanto na bebida quanto na pista de dança. Mas valeu a pena, e como valeu. A tal balada cumpriu com o que prometia, foi a noite mais animada que poderíamos ter. A nossa passagem por Munique entrará para a história, com certeza.
Ainda de olhos fechados, tateio o espaço ao meu lado na cama, procurando a morena com quem voltei para o hotel e que protagonizou cenas pra lá de picantes comigo na pista de dança.
Sempre foi proibido trazer pessoas de fora para o quarto e geralmente eu respeito – pelo menos – essa regra, indo para qualquer outro lugar próximo para depois retornar e, junto com Vince, fingir que nada aconteceu.
Só que desta vez às circunstâncias não colaboraram e eu não encontrei um quarto disponível nos hotéis ao redor. O que, consequentemente, me levou a recorrer ao quarto que estou dividindo com o meu amigo. Sorte que, pelo que lembro vagamente, Vi desapareceu com a mulher que trouxe a tiracolo na hora em que chegamos na entrada do Platzl Hotel.
Meus dedos encontram o cabelo macio dela e embrenham-se entre os fios. Não lembro da sensação que foi segurá-los enquanto transávamos (bem como não se lembro de muita coisa da noite passada), mas, considerando o que sinto nesse momento, deve ter sido muito bom.
Mesmo com a cabeça protestando, mas querendo dar um beijo na garota e perguntar se ela gostaria de algo antes de ir embora, viro para observá-la. Meus olhos vagaram pelo comprimento de suas pernas até o quadril descoberto, e seria uma bela maneira de começar o dia, se uma bunda nua e claramente masculina não tivesse entrado no meu campo de visão.
Erguendo rapidamente o olhar, reparo que, ao invés de um cabelo castanho, minha mão agarra um cabelo escandalosamente vermelho. E somente uma pessoa tem esse tom berrante. Mas que porra é essa??
Dou um impulso tão forte para trás que, por um triz, não caio da cama. Olho debaixo do lençol e noto que uso apenas sua cueca.
Caralho! Caralho!
Sem qualquer cuidado, chuto a costela do amigo, que reclama desacordado, e então grito:
— Pelo amor de Deus, Vince! O que você está fazendo pelado na minha cama, porra?
O ruivo resmunga contra o travesseiro e, ao virar a cabeça, murmura:
— Dormindo.
O bafo de bebida mé dá a dica: ele está completamente embriagado.
E nu.
Ao meu lado.
Na. Porcaria. Da. Cama!
Esfrego nervosamente as mãos no rosto. Como raios acabamos nessa situação? Tenho quase certeza de que entrei com a tal morena e que Vince também estava acompanhado. Então como?
Sem contar que estou apenas de cueca e somando isso a bebida, ao meu amigo pelado e a circunstância num geral, o único resultado que consigo chegar é exatamente o mais pavoroso de todos. Será? Será que nós...?
Assustado com o rumo dos meus pensamentos e sem fazer a mais vaga ideia do que aconteceu graças a amnésia causada pela droga da bebida, obrigo-me a sair da cama para lavar o rosto, talvez isso clareie a minha mente e eu possa reavivar ao menos alguma coisa do que fizemos na noite passada. Eu tenho que lembrar!
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À Três
RomanceO amor tem várias faces, vários jeitos, várias interpretações. O coração não faz distinções, não escolhe entre o que é certo ou errado, assim como às vezes não se limita a querer apenas uma pessoa. Mas será que é realmente possível gostar de mais de...