Capítulo 06

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ELLIOT


Como se um trator tivesse passado duas.... Não! Três vezes por cima do meu corpo, abro lentamente os olhos e arrependo-me no mesmo instante em que os raios da manhã encontram o meu rosto, forçando-me a cobri-lo com o braço. Minha cabeça lateja e aquele conhecido embrulho no estômago dá o ar da graça.

É oficial: estou de ressaca.

Vince e eu, mais uma vez, extrapolamos. Tanto na bebida quanto na pista de dança. Mas valeu a pena, e como valeu. A tal balada cumpriu com o que prometia, foi a noite mais animada que poderíamos ter. A nossa passagem por Munique entrará para a história, com certeza.

Ainda de olhos fechados, tateio o espaço ao meu lado na cama, procurando a morena com quem voltei para o hotel e que protagonizou cenas pra lá de picantes comigo na pista de dança.

Sempre foi proibido trazer pessoas de fora para o quarto e geralmente eu respeito – pelo menos – essa regra, indo para qualquer outro lugar próximo para depois retornar e, junto com Vince, fingir que nada aconteceu.

Só que desta vez às circunstâncias não colaboraram e eu não encontrei um quarto disponível nos hotéis ao redor. O que, consequentemente, me levou a recorrer ao quarto que estou dividindo com o meu amigo. Sorte que, pelo que lembro vagamente, Vi desapareceu com a mulher que trouxe a tiracolo na hora em que chegamos na entrada do Platzl Hotel.

Meus dedos encontram o cabelo macio dela e embrenham-se entre os fios. Não lembro da sensação que foi segurá-los enquanto transávamos (bem como não se lembro de muita coisa da noite passada), mas, considerando o que sinto nesse momento, deve ter sido muito bom.

Mesmo com a cabeça protestando, mas querendo dar um beijo na garota e perguntar se ela gostaria de algo antes de ir embora, viro para observá-la. Meus olhos vagaram pelo comprimento de suas pernas até o quadril descoberto, e seria uma bela maneira de começar o dia, se uma bunda nua e claramente masculina não tivesse entrado no meu campo de visão.

Erguendo rapidamente o olhar, reparo que, ao invés de um cabelo castanho, minha mão agarra um cabelo escandalosamente vermelho. E somente uma pessoa tem esse tom berrante. Mas que porra é essa??

Dou um impulso tão forte para trás que, por um triz, não caio da cama. Olho debaixo do lençol e noto que uso apenas sua cueca.

Caralho! Caralho!

Sem qualquer cuidado, chuto a costela do amigo, que reclama desacordado, e então grito:

— Pelo amor de Deus, Vince! O que você está fazendo pelado na minha cama, porra?

O ruivo resmunga contra o travesseiro e, ao virar a cabeça, murmura:

— Dormindo.

O bafo de bebida mé dá a dica: ele está completamente embriagado.

E nu.

Ao meu lado.

Na. Porcaria. Da. Cama!

Esfrego nervosamente as mãos no rosto. Como raios acabamos nessa situação? Tenho quase certeza de que entrei com a tal morena e que Vince também estava acompanhado. Então como?

Sem contar que estou apenas de cueca e somando isso a bebida, ao meu amigo pelado e a circunstância num geral, o único resultado que consigo chegar é exatamente o mais pavoroso de todos. Será? Será que nós...?

Assustado com o rumo dos meus pensamentos e sem fazer a mais vaga ideia do que aconteceu graças a amnésia causada pela droga da bebida, obrigo-me a sair da cama para lavar o rosto, talvez isso clareie a minha mente e eu possa reavivar ao menos alguma coisa do que fizemos na noite passada. Eu tenho que lembrar!

À TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora