Capítulo 33

5.2K 420 42
                                    

ELLIOT


Sob o olhar repreensor de Vince, solto um longo suspiro e rasgo o bilhete que encontrei de novo em meu armário antes de jogá-lo no lixo com raiva.

Por que essa merda está acontecendo?

Será que não foi suficiente eu deixar claro que não rolaria nada entre nós e ainda rejeitá-la aquele dia? Considerando os bilhetes que anda enviando, é, pelo jeito não. Ainda mais quando suas mensagens explicitam suas intenções e que não são nada boas.

Por que Emma está insistindo tanto?

- Será que ela não se toca? – esbravejo, passando a mão entre os fios do meu cabelo - Já faz quase um mês!

- Você quer mesmo que eu responda isso?

- Estou ficando cansado, é sério.

- Mais do que cansado, você deveria começar a ficar preocupado.

- Preocupado com o que?

- Ainda pergunta? – levanta a sobrancelha, cheio de ironia – Emma está lhe perseguindo e, além de não contar para os seus companheiros, também não contou para o diretor. Isso é assédio, cara! Ainda não entendeu?

- Eu não sou idiota, ok?! Sei muito bem do que se trata. Mas também sei do porque não resolvi contar para ninguém além de você. E você também sabe.

Ando de um lado para o outro.

Quase engolido pela culpa, eu resolvi contar ao Vi o que Emma fez e o que está acontecendo desde então, assim como a ideia espetacular que tive ao decidir manter isso em segredo. Precisava falar com alguém ou acabaria surtando. E sendo ele o meu melhor amigo desde o colegial e com quem já vive inúmeras circunstâncias, não havia ninguém melhor.

- Olha, até entendo o seu receio de contar para o diretor Adam, mas em relação ao Christopher e a Yanna... Isso eu não posso concordar. É errado, cara.

- Eu tenho consciência disso. – suspiro derrotado – Só que eu... Sei lá. Contar que uma das minhas colegas de trabalho está fazendo esse tipo de coisa daria margem para mais problemas, entende? Além do mais, não é como se eles já não desconfiassem que algo não está certo. Sabe que sou péssimo para segredos e não sei fingir direito. Christopher está me sondando há dias e a Yanna, mesmo não querendo demonstrar, anda mais observadora do que o de costume.

- Ou seja, é questão de tempo até que a bomba exploda. Não acha melhor contar de uma vez?

Fecho os olhos com força e respiro fundo.

Tem como ficar mais complicado?

Eu pensei que apenas ignorar seria o bastante. Afinal, aparentemente a nossa situação estava clara depois do ocorrido no vestiário e não havia muito o que fazer uma vez que trabalhamos juntos. Eu tentei manter o profissional, embora a atmosfera ao nosso redor esteja péssima.

Só que agora o cenário é outro e continuar levando não é mais uma opção. Tenho que esclarecer as coisas com Emma e pôr um basta nessa história o mais rápido possível. Eu só preciso de uma oportunidade para colocar as cartas na mesa e, assim que tudo estiver resolvido, terei uma conversa franca com os meus parceiros e pedirei desculpas por esconder algo tão importante.

Tenho que tirar esse peso dos ombros logo.

- Eu vou contar na hora certa. – respondo enfim, meio derrotado.

Vince apenas suspira e faz um gesto qualquer com as mãos.

Visto a camiseta e ponho a bolsa no ombro. Meu amigo levanta do banco e caminhamos juntos para fora do vestiário. De longe, avisto Emma conversando com as outras bailarinas e um suspiro da irritação me escapa. Desvio o olhar assim que ela vira o rosto e desprezo qualquer tentativa de aproximação passando direto e indo para a saída.

À TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora