YANNA
Viver como duas pessoas completamente diferentes é mais difícil do que eu imaginava. Na verdade, viver como três pessoas diferentes. Afinal, eu continuo sendo a Yanna apesar de estar fingindo ser Rebecca, a garçonete musicista, e Poliana, a prima de um renomado publicitário.
Uma com os cabelos rosados, outra com os cabelos lilases. Uma com ar "ingênuo" e outra mais extrovertida e desapegada. Uma está tentando ganhar a vida enquanto busca pelo sonho na música, e a outra apenas se satisfaz com seu trabalho pela internet. Completamente diferentes, mas ironicamente a mesma pessoa: eu.
Em meio a tudo o que criei, um pouquinho de quem sou foi se revelando até que me perdi, e chegou a um ponto onde não era nem Rebecca e nem Poliana, e sim a verdadeira Yanna escondida atrás de suas próprias criações. Comecei a ser eu mesma sem ao menos perceber.
O que começou como uma maneira de acabar com o meu bloqueio criativo e de mascarar o real interesse que cresceu em mim, tanto por Elliot quanto por Christopher, se transformou em algo muito maior. Tão grande que saiu do meu controle e eu já não sei mais como lidar com a situação.
E por que saiu do controle? Por que me sinto tão viva, animada, e com medo ao mesmo tempo sempre que estou com eles?
Porra! Eu sei sim o porquê.
Porque eu não esperava que conviver com esses dois homens me afetaria tão profundamente. O sexo? Espetacular! Cada encontro, seja com Chris ou com Elliot, é um mais quente que o outro. Realizamos nossas fantasias com liberdade e entendimento mútuo. Somos amantes fantásticos. Mas não é somente isso e aí que está o problema. Um problema que eu já previa, mas teimei em insistir.
Deixou de ser apenas sexo há muito tempo.
Christopher, com seu jeito espirituoso e brincalhão, mostrou-se terno e compreensivo. E Elliot, com seu ar galanteador e autoconfiante, revelou-se carinhoso e muitas vezes um tanto ingênuo para algumas coisas, mas de um jeito que lembra um menino grande.
Chris gosta de assistir programas de variedades. Cozinha tão divinamente que até surpreende, mas é extremamente bagunceiro e desorganizado. Comidas que levam farinha são a sua perdição e ele é comilão, tanto que me pergunto como ele consegue ser tão gostoso comendo tanto.
Elliot, por sua vez, tem a mania de dançar sempre que uma música começa a tocar, não importa a hora e nem o lugar. Suas cores favoritas são azul e preto, e ele é aficionado por qualquer tipo de acessório, especialmente anéis (que ele quase não tira dos dedos). Adora o Sol e as vezes tem um olhar muito sonhador.
Estou conhecendo outras faces deles e gostando.
Não é apenas sexo.
Na verdade, parando para pensar, acho que nunca foi. Se fosse, eu não teria corrido e lutado tanto para me aproximar dos dois. E no fundo eu já sabia. Por isso aquela vozinha insistiu tanto em dizer que era uma péssima ideia.
Eu deveria ter ouvido.
Essa brincadeira já ultrapassou um mês e, dia após dia, vejo-me cada vez mais presa a esses dois. Se antes eu tinha um motivo "plausível" para ficar com ambos, agora não tenho mais do que a vontade de tê-los sempre por perto. Como disse, eu tenho plena consciência do que isso significa, só não quero admitir a mim mesma. Mais do que sair dos personagens, eu entreguei algo que havia jurado não entregar a mais ninguém depois daquela época. O pior de tudo é que eu não entreguei apenas para uma pessoa e sim para duas.
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À Três
Roman d'amourO amor tem várias faces, vários jeitos, várias interpretações. O coração não faz distinções, não escolhe entre o que é certo ou errado, assim como às vezes não se limita a querer apenas uma pessoa. Mas será que é realmente possível gostar de mais de...