Capítulo 13

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YANNA


O certo seria eu estar ofendida, empurrá-lo para longe e estampar o seu lindo e sedutor rostinho com o desenho da palma da minha mão dando-lhe um belo tapa. E o que eu faço? Enfio os dedos entre os fios dourados e macios de seu cabelo, e o beijo de volta como se precisasse de ar para respirar ou ele fosse o último copo de Coca-Cola gelada no deserto.

Isso Yanna. Parabéns, parabéns.

Até segundos atrás, eu queria distância da tentação de olhos azuis e agora estou enroscada com ele. Já não bastava o fotógrafo gostosão de Veneza?

Não, claro que não.

Aí, aí... A quem eu quero enganar? Deveria virar crime ser tão hipócrita. Porque, ainda que eu me repreenda, a minha boca continua grudada na dele e, meu Deus, que beijo bom esse homem tem! Sua língua reivindica a minha, suas mãos me tocam com tanta intensidade que sinto estar prestes a derreter.

Não é duro e exigente igual ao Christopher, mas exageradamente passional. O movimento dos seus lábios é delicado e preciso. Seu toque é cálido e envia centelhas de desejo por todo o meu ser, tanto que me encontro à ponto de empurrá-lo na grama e fazer os nossos corpos dançarem juntos, mas de outro jeito. Um mais íntimo e bem, bem mais prazeroso do que antes.

Admito que precisava de uma boa e aceitável desculpa para não me culpar na manhã seguinte – se esse beijo maravilhoso levar à outra coisa. Ele começou, então... O que eu posso fazer, não é mesmo?

Estou tão concentrada em querer arrancar suas roupas que tomo um baita susto ao ouvir um pigarro irritado. Nós nos afastamos e damos de cara com uma senhora nada feliz ao nosso lado, observando-nos com reprovação saltando dos olhos. Tanto eu quanto Elliot ficamos sem jeito. Esquecemos completamente, envoltos em nosso beijo, que estamos em um parque em plena luz do dia e rodeados por várias pessoas – inclusive crianças.

Acho que nos empolgamos um pouquinho demais.

— Desculpe* — digo para a senhora em alemão e suspiro.

Ela mantém o olhar desaprovador e resmunga algo que me faz rir antes de virar e caminhar para longe. Elliot, que parece não entender, olha-me e pergunta:

— O que ela disse?

— Ela disse: "não importa o quão bonito ele seja, procure um quarto".

— Sério? – arregala os olhos, comicamente desconcertado.

— Sim. – dou-lhe um sorriso.

Ainda que estejamos sorrindo, noto que também estamos ambos sem graça. Não somente pelo que acaba de acontecer com a senhora, mas por conta do beijo de minutos atrás. Afinal, quantas emoções um mero beijo é capaz de causar?

Se bem que esse beijo foi tudo, menos banal.

— E então, você.... Ainda aceita aquela bebida? – ele pergunta, passando a mão nos cabelos e jogando-os para trás. Provavelmente é uma mania, pois o vi fazendo isso mais duas vezes. Reconheço que é uma mania bem sexy.

Novamente, fico sem saber o que responder.

Por que raios eu fui ajudar? Ah claro, porque era o certo a fazer. Falando francamente, eu nem pensei direito quando sai correndo atrás do tal garoto. Mas agora, mais do que lidar com o pedido de sairmos para beber, tenho que lidar com a sensação e o gosto delicioso do beijo que ele me deu.

"Dê o fora! Dê o fora!", meu bom senso diz uma coisa, mas o meu corpo deseja outra. Quero o toque desse homem na minha pele de novo, assim como sentir o meu corpo encaixando-se no dele. São ambições demais por alguém que pode causar tanto quanto um certo fotógrafo moreno e lindo causou em Veneza.

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