CHRISTOPHER
Como a vida pode dar um giro de 360 graus em tão pouco tempo?
Até alguns meses atrás, eu sequer imaginava que poderia me apaixonar por outra pessoa que não fosse Elliot, menos ainda que o meu namorado também estaria apaixonado por ela e que nós dois, em comum senso, gostaríamos de tê-la envolvida em nosso relacionamento. Mas aqui estamos, exatamente nessa impensável situação.Se eu estou feliz e certo da decisão que tomamos? Bem, se considerar que a cada dia desde que começamos me sinto mais e mais completo, então sim, eu estou feliz e certo dessa decisão. Nós estamos.
O único problema é que, ao não nomearmos essa relação, acabamos escondendo o que verdadeiramente sentimos por ela. Não que fosse a nossa intensão, só que, julgando o fato de que não tocamos no assunto “sentimentos” em momento algum, involuntariamente perdemos a oportunidade de dizer.
O que de certa forma foi até bom. Um tempo depois, sozinhos, Elliot e eu concluímos que já havíamos estipulado coisas demais para uma única vez. Se vamos mesmo curtir e deixar rolar, podemos confessar e assimilar juntos essas emoções mais para frente, não é mesmo?
Até porque, um: apesar da nossa certeza, isso é algo que ainda não temos dela. E dois: temos muito o que conhecer e compartilhar uns dos outros.
Em outras palavras e como fizemos até aqui, vamos dar tempo ao tempo.
Não dizem que a paciência é uma virtude?
As nossas primeiras duas semanas como um trisal foram bem... Cansativas? No mal sentido? Longe disso! Foram nos melhores possíveis. Cansativas porque, bem, nossa energia sexual à três é realmente explosiva. Se com um já fervia, com os dois então....
Aaahh, fico duro só de pensar.
Por isso, durante os dias em que pudemos nos reunir lá em casa ou no apartamento dela, quase não saímos do quarto (ou de qualquer outro lugar que o tesão permitia-nos alcançar antes de detonar).
Contudo, mais do que a nossa forte conexão sexual, estamos avançando à outros níveis também. Mais profundo e afetivo. Nossas conversas são sempre animadas e estamos nos entrosando cada vez mais. Com seu jeitinho espoleta e língua afiada, Yanna tem ganhado nossa admiração em muitos pontos. Ela é extremamente gentil e carinhosa sem fazer qualquer esforço, mesmo às vezes querendo dar uma de durona. É uma característica inerente dela, tal como a sua sensibilidade para determinadas coisas e sua intensa paixão pelo trabalho.
Encontrar uma mulher que, além de agradar os dois igualmente, aceita nossa orientação e quis ser parte disso por gostar de nós da mesma maneira não poderia ter sido mais incrível. Incomumente louco e maravilhoso.
Só que há um ‘porém’.
Yanna, embora sejam bastante aberta e extrovertida, continua com aquele brilho misterioso no olhar. Aquele que, posso estar enganado, mas parece guardar tantos segredos que mesmo inconscientemente nos convida a desvendá-los. E não segredos bobos que guardamos da infância ou adolescência por vergonha, mas algo realmente grande e doloroso. Elliot também percebeu. E não foi muito difícil concluirmos que tenha relação com o motivo de ela ter inventado “Rebecca e Poliana”, assim como outros personagens para outros homens (nem gosto de lembrar disso).
Esse assunto é um que tanto Elliot quanto eu temos curiosidade de abordar, só nos falta coragem. Afinal de contas, se for tão delicado quanto eu imagino ser, talvez seja necessário uma dose a mais de confiança para que possamos conversar abertamente sobre tal algum dia.
Melhor não apressarmos.
Ao lado do meu namorado e em frente a clínica em que geralmente fazemos nossos exames de rotina, esperamos Yanna chegar para entrarmos. Ela concordou em vir conosco, só que está (muito) atrasada. Como de costume.
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À Três
RomanceO amor tem várias faces, vários jeitos, várias interpretações. O coração não faz distinções, não escolhe entre o que é certo ou errado, assim como às vezes não se limita a querer apenas uma pessoa. Mas será que é realmente possível gostar de mais de...