Capítulo 46

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ELLIOT


O final de semana na casa da minha mãe foi divertido e igualmente atribulado.

Muitas coisas aconteceram em nossa visita a Hershey. Fomos a praia; curtimos um sexo incrível à três (como sempre); Yanna e minha mãe viraram grandes amigas, e eu finalmente conheci o namorado dela; além dos momentos tranquilos sentados, fosse no jardim ou na sala, enquanto apenas conversávamos sobre qualquer coisa.

Esses foram os pontos bons de nossa viagem e eu gostaria que ficássemos apenas neles, e nada de desagradável tivesse se desenrolado por esses dias. Mas não foi bem assim. As circunstâncias trataram de acabar com a calmaria que tanto ansiávamos.

O pai de Christopher reapareceu depois de anos e confrontou o filho em frente à nossa namorada, sem contar que insultou os dois. E eu fui obrigado a enfrentar os meus dilemas. Mas, de certa forma, tenho que olhar para o lado positivo de esses imprevistos terem acontecido. Primeiro, porque Chris finalmente conseguiu ter uma conversa franca e definitiva com seus pais, além de resolver o tal problema do namoro arranjado. E segundo, porque eu tomei a minha decisão.

Se meus parceiros foram capazes de resolver os seus problemas, eu também serei capaz de resolver o meu. E foi pensando assim que, no caminho de volta para casa, pedi desculpas pelo o meu comportamento e disse que conversaria com os dois logo que as coisas estivessem no lugar. Afinal, mais do que contar sobre Emma e seu assédio, talvez eu precisasse contar também sobre o meu possível desemprego.

Isso se o presente decidir imitar o passado.

Minha ideia era conversar com Emma sem que precisássemos envolver os superiores no assunto. Como dois adultos, imaginei que poderíamos nos entender sem a intervenção de terceiros. Ainda que seja desconfortável trabalhar com ela por tudo o que vem acontecendo entre nós, tenho consciência de que é uma das melhores bailarinas da companhia e que, com algum esforço, podemos superar essa fase e sermos profissionais.

Porém, se ela continuasse insistindo na história, não teria outra opção à não ser falar com o diretor Adam, independentemente do que isso acarretaria.

Bem, esse era o plano, até eu chegar no estúdio pela manhã e Vince dizer:

— Emma pediu afastamento.

— Como assim ela se afastou? — indago, desconcertado.

— Eu também não sei, Eli. Ela não aparece desde o dia em que você tirou folga para visitar sua mãe. Bernard comentou na sexta-feira que ela alegou motivos pessoais e não deu qualquer estimativa de quando irá voltar para os ensaios.

Pouso as mãos nos quadris e respiro fundo. Só faltava mais essa. Que droga!

— Olha cara, eu não quero bancar o paranoico, mas essa história está muito mal contada. — ele comenta.

— E você acha que eu não sei?

Ao longo dos alongamentos, conto para o meu melhor amigo tudo o que rolou no final de semana em Hershey e também que estou disposto a arcar com as consequências, caso a situação com Emma fuja (ainda mais) do meu controle.

Pela primeira vez em meses, Vince muda sua carranca contrariada para um tapa amistoso em meu ombro e diz que ajudará no que for necessário.

Eu agradeço. Feliz em saber que posso contar com seu apoio.

Pelos dias que se seguem, continuo trabalhando na coreografia que fiquei responsável por desenvolver para a próxima temporada e ensaiando normalmente. Vez ou outra, troco algumas ideias com Bernard logo que o pessoal vai embora e também peço conselhos. Apesar de o conceito estar pronto, ainda precisa de ajustes até que eu comece a introduzir os passos. Contudo, estou avançando e ele disse que espera muito de mim. Fico feliz tanto quanto fico apreensivo. Quero fazer um bom trabalho e exceder as expectativas de todos com algo incrível.

À TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora