Capítulo 36

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ELLIOT
  
   

Yanna anda estranha. 
 
Não o seu estranha "normal", do jeito maluquinho que costuma agir todos os dias, mas sim distante. Com um olhar cabisbaixo que tem tirado o meu sossego e o de Christopher. Mesmo tentando sorrir ou mostrar que está bem, é nítida a sua mudança de comportamento e isso realmente tem nos preocupado. 

Por essa razão, nós resolvemos preparar uma surpresa para ela. Não sabemos por que anda tão desanimada, mas é claro para nós dois que não queremos vê-la assim.

Então, apesar de não sermos especialistas em romance e preferirmos demonstrar nossos sentimentos em pequenos gestos, decidimos que seria bacana fazer algo diferente para animá-la. Sair um pouco, ter um encontro. São raras as vezes em que conseguimos sair, já que não é sempre que podemos expressar afeto na rua (por diversos motivos). Só que Chris e eu decidimos planejar um passeio ao ar livre. Melhor dizendo, planejamos um piquenique no Central Park.

Um pouco antiquado? Talvez seja. Mas sabemos que ela adora essas coisas.

Nós adoramos também.    

O que poderia ser melhor?

Combinamos de pegá-la em casa depois do meu ensaio, pela manhã, e eu só precisaria me preocupar em correr para o apartamento e buscar Christopher, pois, concordamos que ele ficaria encarregado de organizar tudo. Bom, isso se mais um daqueles bilhetes não tivesse aparecido.

Nesse momento, eu tenho outra coisa com o que me preocupar.   

Ou melhor, me aborrecer. E aborrecer muito!  

Encostado na parede ao lado da entrada do estúdio, vejo Emma sair em direção ao estacionamento e sigo-a até seu carro. Desde que essa palhaçada começou, ela tem saído mais tarde somente para esbarrar comigo, e eu, logicamente, comecei a sair mais cedo para que isso não acontecesse.

Tenho tentado ignorar e levar a situação como posso, porém, estou ficando cada vez mais acuado. E sentindo-me culpado por esconder esse assunto dos meus parceiros.

Sem querer assustar, pigarreio para chamar sua atenção. Ela se vira e então mostro o bilhete que deixou (outra vez) em meu armário no vestiário.

A garota sorri ao notar o papel em minha mão.

- Quero que pare com isso. – digo impaciente e o estendo para que pegue – Você está passando dos limites. Na realidade, já passou.

Seu risinho irônico me tira do sério. Como pode ser tão cínica? Quantas rejeições serão necessárias para que ela pare com essa maluquice? 

Eu não aguento mais!

Se eu simplesmente pudesse acabar com tudo. Mas não posso. Pois, o que eu mais prezo pode estar em jogo se alguém descobrir a verdade. Merda!

Notando que ela não dirá nada e nem pegará a droga do bilhete, amasso-o e aperto com raiva. Olhando-a fixamente, bufo, e pergunto irritado:

- Você não se cansa disso?   

- Eu disse e repito que não vou desistir, Elliot. Não importa o tempo que demore, terei você para mim.  

À TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora