Capítulo 14

5.2K 430 73
                                    

ELLIOT


Confiro a hora no celular mais uma vez. Faltam pouco mais de trinta minutos para entrarmos no palco e tudo o que quero saber é: será que ela veio?

Já tentei espiar pelas coxias, mas o público ainda não entrou no teatro e com o pouco tempo que resta para a preparação, duvido que eu consiga escapar para espiar novamente. Além disso, tenho que me concentrar na apresentação, pois é a última e que fechará a nossa participação no festival. E, baseando-me nos festivais passados, provavelmente haverá algum crítico na plateia.

Logo, a minha inquietação está duas vezes maior hoje. O que é uma verdadeira merda. Mas, falando francamente, estou mais preocupado de que ela não venha.

Admito que ficarei decepcionado se não vier.

Se bem que fará alguma diferença? Quero dizer, ela é só uma mulher que conheci ontem e com quem tomei cerveja, e dei alguns beijos e...

Aaaahhh.... Foda-se! Vou ficar decepcionado sim.

Ando de um lado para o outro, alongo os braços e o pescoço, só que não adianta. Estou mesmo nervoso. E pior, nervoso por causa de uma mulher.

Uma espiadinha. Uma espiadinha e vou sossegar.

Talvez isso faça ao menos metade do meu nervosismo desaparecer. Até porque, só hoje de manhã lembrei de não ter pego o número de celular dela. Erro meu.

Bem, não necessariamente um erro, foi mais como uma falha. Eu estava tão absorto na figura dela, nos beijos que trocamos e em todas as fantasias de nós dois que rondaram a minha cabeça, que esqueci completamente.

Quem não esqueceria?

Me esgueiro entre as cortinas e espio de novo. As pessoas estão entrando e tomando os seus assentos. Meus olhos percorrem o grande teatro até onde posso enxergar e é quando a encontro, sentada na terceira fileira perto do palco. O cabelo lilás destacando-se, assim como sua beleza.

Ela veio. Ela realmente veio e está deslumbrante.

Repentinamente, levo a mão ao peito. É impressão ou meu coração acelerou? Por que estou mais nervoso do que antes? Cacete, isso é muito estranho.

Eu não vou aguentar esperar até sairmos daqui.

Volto para o camarim e vejo Vince sentado no pequeno sofá de couro. Caminho até ele e desabo sentado ao seu lado. Solto o ar com força.

— É impressão minha ou você está mais verde que o normal? — pergunta.

— Eu preciso que me faça um favor. — digo, antes de explicar qualquer coisa.

— E o que seria?

— Preciso que encontre um camarim vazio e com chave para mim.

— Qual é? Não está mais satisfeito com o camarim comunitário, famosinho?

— Não é isso, idiota. É por outro motivo.

— Huuuummm... Que por acaso tem a ver com aquela mulher. Estou certo?!

Suspiro. Nem que eu quisesse conseguiria esconder algo desse cara.

— Sim, é por causa dela. — confesso.

— Ela veio?

Balanço a cabeça, confirmando. E digo:

— E aí, vai me fazer o favor?

À TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora