Capítulo 08

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CHRISTOPHER


Ao chegarmos na Piazza San Marco, paramos em frente ao Café Florian, lugar onde nos vimos pela primeira vez e, como imaginei, rendeu uma noite foda (literalmente falando). São apenas dez da manhã e embora eu tenha passado toda a noite na companhia dela, eu não quero deixá-la ir.

É estranho, mas realmente não quero. Só que preciso voltar ao hotel para trocar de roupa e também para enfrentar Yoan que, considerando a mensagem que enviou na madrugada, deve estar puto da vida.

E como não estaria depois do que fiz?

Sem dar importância para quem esteja passando, beijo-a com ânsia e suspiro ao ser correspondido com a mesma empolgação. Disposto a estender o meu tempo com ela e aproveitando ser o meu dia de folga, dou-lhe um selinho e proponho:

— Que tal almoçarmos juntos?

Rebecca observa-me por um instante. Meu coração bate forte com a ideia de que ela simplesmente dê um basta. Ficou subentendido na troca de olhares que tivemos depois de transarmos a primeira vez que precisaríamos tomar os nossos caminhos. Contudo, por alguma razão, não estou pronto para dar um fim a isso (seja lá o que isso for). Quero que esse encontro, ou melhor, o reencontro dure mais do que apenas uma noite. Será que ela também?

— Acho uma ótima ideia – responde ela.

— Legal! Então me passe o número do seu celular.

Ela sorri e beija o canto dos meus lábios.

— Me encontre nesse mesmo lugar daqui a duas horas. – diz.

— Mas...

— Eu não vou fugir de você, senhor fotógrafo. Não se preocupe.

Rebecca sorri. Se depender de mim, não vai fugir mesmo.

— Eu estarei aqui em exatamente duas horas e não sairei até que você apareça. – retruco, pegando sua mão e roçando os lábios na pele macia do dorso – E não estou brincando.

— Digo o mesmo.

Sem conter a vontade de tê-la em meus braços, puxo-a para mim e aperto contra o meu corpo. Inalo o perfume dos cabelos rosados e sussurro:

— Vou esperar por você.

Depois de beijá-la mais uma vez, como se selasse uma promessa, solto-a e observo até que desapareça entre as ruelas, da mesma forma que fiz na tarde do dia anterior, com a diferença de que agora sei o seu nome e conheço o seu corpo.

Eu vou esperá-la nem que tenha que passar o dia plantado na frente do café.

Mais feliz do que pinto no lixo (como minha sogra costuma falar), consigo voltar ao Zagury B&B depois de brigar com o Google Maps, o hotel em que me hospedei com Yoan. E basta eu abrir a porta do quarto para dar de cara com ele sentado na beirada da cama e de braços cruzados, a perna balançando de um jeito nervoso.

Hesito um passo ao encontrá-lo ali, pronto para voar direto no meu pescoço e exigir respostas, mas estou tão relaxado e satisfeito que nem a carranca do meu amigo será o suficiente para acabar com a minha alegria – embora eu mereça a ira de Yoan por largá-lo sozinho, sem explicações e com duas mulheres, sendo uma delas a minha acompanhante rejeitada sem saber o porquê.

— É bom que tenha uma excelente explicação para ter fugido sem mais e nem menos ontem à noite, e ainda ter largado uma gostosa como a Vivienne para trás. – ele resmunga, nada contente – Sabia que essa sua palhaçada me rendeu uma noite sozinho e na base da punheta? Porque, obviamente, a Alice preferiu ir embora com a amiga rejeitada e ressentida do que ficar comigo.

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