CHRISTOPHER
Não preciso dizer que fiquei realmente surpreso (e contente) em receber aquela ligação. Depois de praticamente três semanas, eu duvidava que ela iria me ligar. Porém, contrariando todas as minhas expectativas pessimistas, aconteceu e combinamos de nos encontrar hoje no apartamento em que está morando. Que, também para a minha surpresa, fica logo em Soho.
Enfim livre de todo o trabalho e sem qualquer plano até o começo da próxima semana, me arrumo com a pretensão de passar o sábado e o domingo fodendo o dia inteiro. Um pouco presunçoso da minha parte? Claro que sim. Ela pode me escorraçar a hora que quiser e eu não poderei fazer nada além de ficar frustrado, mas do jeito que trocamos olhares da última vez que nos encontramos e pela insinuação que notei em sua voz, sinto que não sou o único esperando por um final de semana inteiro regado a sexo.
Embora eu prefira roupas mais largas e confortáveis, decido variar no visual. Pelo pouco que conheço Rebecca, sei que ela não dá muita importância para isso, mas aparecer bem arrumado talvez a impressione. Eu espero que sim por que, decididamente, camisa social e blazer (apesar das botas e do jeans rasgado) não faz muito o meu estilo.
Vendo que se não sair de casa depressa posso chegar atrasado, enfio o celular e a carteira nos bolsos, e pego as chaves do carro. Dou uma última conferida para lembrar se não esqueci nada e desço direto para o estacionamento.
No meio do caminho, mudo o meu trajeto rapidamente para uma loja de vinhos que costumo frequentar de vez em quando. Afinal, o que seria de uma visita a casa de uma mulher (especialmente a que você está atraído) sem um bom vinho?
Compro um excelente Cabernet Savignon e em seguida vou a loja de conveniência para recarregar o meu estoque de camisinhas. Nunca se sabe.
Estaciono diante do condomínio indicado no GPS e o observo um instante. Esse tal amigo (que ainda não me desce) deve ser um cara bem-sucedido, pois, ainda que não seja dos mais luxuosos, morar em um prédio como esse aqui em Soho custa uma pequena fortuna. Dá para entender o porquê de o cara ter pedido para que Becca cuidasse do lugar enquanto ele viaja.
Com a garrafa na mão e uma ansiedade esquisita no peito, atravesso a rua e paro em frente ao painel do interfone, onde aperto o botão de número 1204. Dou um passo para trás e espero ser atendido, o que não demora a acontecer.
"Quem é?", sua voz rompe o breve silêncio e eu pigarreio antes de responder.
— Sou eu, Christopher.
Não há resposta, apenas o barulho do destravar da porta. Abro-a e caminho para o elevador no final do corredor. Assim como fiz lá fora, aperto o botão do seu andar e recosto no espelho. Eu deveria estar tão nervoso assim?
Conforme o seu andar se aproxima, algo dentro de mim se agita, e assim que observo a porta de número 1204 bem a minha frente, tenho que respirar fundo para manter a calma. Porém, tudo vai pelos ares quando Rebecca abre a porta e meus olhos pousam em sua figura, deslumbrante com um macacão curto que destaca suas lindas curvas e um decote que insinua seus seios arrebitados.
Engulo em seco.
Se isso não é sinal claro para o sexo, eu não sei o que mais pode ser.
Seus fascinantes cabelos rosados estão presos de lado, revelando o delicado pescoço em que quero loucamente voltar a colocar minha boca. Becca abre um sorriso convidativo e eu o correspondo a altura. Estamos em sintonia.
— Olá. – digo.
— Olá novamente, senhor fotógrafo.
Reprimo um suspiro. Por que caralhos esse "senhor fotógrafo" é tão excitante?
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À Três
RomanceO amor tem várias faces, vários jeitos, várias interpretações. O coração não faz distinções, não escolhe entre o que é certo ou errado, assim como às vezes não se limita a querer apenas uma pessoa. Mas será que é realmente possível gostar de mais de...