YANNA
Mais do que matar a saudade que eu estava da minha família depois de praticamente um ano separados, eu também tomei o tempo de volta em casa para refletir sobre o convite que Elliot e Christopher fizeram ao enviar aquelas rosas, e todas as outras flores. Mais especificamente no que tal gesto significava de verdade e se eu estava preparada para encará-los de novo.
Afinal, além do desastre que foi nosso último encontro, eu descobri... Ou melhor, admiti a mim mesma que estava (estou) apaixonada pelos dois. Pois é, na falta de um, foram dois homens e que ainda por cima estão noivos. Sem contar que ambos são os tipos com os quais eu não me envolveria de jeito nenhum até uns tempos atrás, um fotógrafo e um bailarino de olhos espetacularmente azuis.
Tinha como ser mais irônico?
Reconheço que fiquei feliz com a reaproximação e as lindas flores que recebi e enfeitaram o meu apartamento. Mas também receosa com todas as possibilidades que isso implicava. Como, por exemplo, cortarmos relações depois de conversarmos e colocarmos tudo a limpo.
Quero dizer, porque raios eles gostariam de esclarecer as coisas, se não com o intuito de acabar de vez com essa história?
Ah, se eu soubesse que estava enganada...
Até cheguei a conversar com a minha irmã, Babi, sobre o que deveria fazer. Se encontrá-los e seguir em frente seria melhor do que continuar fugindo só para não enfrentar a ideia de que não poderia mais vê-los e cada qual tomar seu rumo.
Nós tínhamos levado meu sobrinho Isac para brincar no parquinho perto da casa dos nossos pais. Pois, apesar de relaxada, eu estava inquieta com a resposta que inevitavelmente teria que dar aos dois.
Babi e eu sempre fomos muito unidas. Temos quatro anos de diferença, mas somos confidentes desde pequenas. Quando ela descobriu estar grávida daquele traste ainda na época da faculdade, fui eu quem a ajudou a contar para os nossos pais, cinco anos atrás, e acompanhou durante a gestação.
Minha irmã, apesar de lidar com a tarefa de criar um filho e não ter qualquer ajuda do babaca do ex, não fraquejou ou abaixou a cabeça por ser uma mãe solteira. Nós também não a desamparamos e damos todo o apoio em relação Isac, que virou o dono da casa com seu jeitinho alegre.
Na conversa franca que tivemos enquanto observávamos meu sobrinho correr e rir com as outras crianças, minha irmã aconselhou que eu aceitasse o convite para jantar e contasse que estava apaixonada pelos dois e, fosse o que fosse, eu teria que concordar e entender. Embora o resultado mais provável para toda a confusão estivesse óbvio para mim desde o início.
Lógico que eu quis estapear a minha irmã, porém, no fundo ela tinha razão. Eu precisava resolver as coisas e contar sobre os meus sentimentos. Para o bem ou para o mal, viver com isso entalado na garganta não seria legal. Eu já tinha chegado tão longe permitindo que tais emoções alcançassem novamente o meu coração, apesar de todos o medo, que não seria difícil admitir à eles. O mais complicado eu havia superado ao admitir para mim.
Então, quando voltei para casa em Nova Iorque, a primeira coisa que fiz ao reunir toda a coragem, foi enviei uma mensagem dizendo que aceitava o tal jantar.
Durante os dois dias (entre os vários) em que esperei ansiosamente, visitei um salão para dar um jeito no cabelo. E, surpreendendo-me, decidi retocar o rosa e incluir mechas lilases num impulso momentâneo. Para a minha surpresa (ou nem tanto), assim como as flores, as cores combinaram perfeitamente bem.
A ideia era chegar e, durante o jantar, pedir novamente desculpas e explicar que não fiz realmente de propósito. Que a situação fugiu do meu controle e em muitos aspectos, que eu não tinha a intenção de machucá-los, mas que não consegui me desvencilhar dos nossos encontros e a consequência foi a inusitada paixão que cresceu igualmente pelos dois.
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À Três
RomantizmO amor tem várias faces, vários jeitos, várias interpretações. O coração não faz distinções, não escolhe entre o que é certo ou errado, assim como às vezes não se limita a querer apenas uma pessoa. Mas será que é realmente possível gostar de mais de...