Mariany
Entrei no shopping, o maior e mais chique que já havia pisado na vida. Parei em frente a uma vitrine com vestidos longos. Bati o olho, e me assustei com o número 500 estampando a etiqueta que dizia "oferta". Me assustei ainda mais quando descobri o 3x ao lado.
Pisquei olhando para o cartão. "Não é um presente, vão descontar de você" me afastei da vitrine e continuei andando. Andei pelo shopping quase como uma andarilha desanimada. Olhei para o relógio da praça de alimentação e já havia se passado uma hora. Eu não tinha conseguido entrar em nenhuma loja. Aquele cara ia acabar comigo se eu não comprasse nada, estava ciente disso. Mas o pavor da dívida me fez ter medo. E se eu comprasse algo que não o agradasse? Além de endividada, ia ficar sem a roupa. Ele tinha falado sério quando ameaçou que as jogaria fora.
Respirei fundo tomando coragem, e andei de cabeça erguida até uma das lojas perto da porta por onde eu havia entrado.
Taças de champanhe eram servidas para as madames conversando no interior da loja dourada, e nenhuma vendedora se deu ao trabalho de me olhar. Apenas o segurança.
Fui até a arara que formava um degrade de cores, do preto, esmaecendo por todas as cores até chegar ao branco. Puxei um azul turquesa da arara, passando meus dedos cansados pelas pedras minúsculas e brilhantes, costuradas ao tecido macio. Era a coisa mais linda que minhas mãos já tocaram na vida. Um tecido tão gostoso, tão fino e sofisticado que nem em meus sonhos, imaginei existir. Olhei para a etiqueta, oitocentos e quarenta e nove reais. Era muito dinheiro, dinheiro demais para dever a alguém por um vestido.
Acho que fiquei olhando para ele por uns vinte minutos, pensando no que eu faria. Precisava comprar, mas não conseguia.
O segurança se aproximou de mim. — Moça, a senhora precisa de ajuda?
Me virei para ele de olhos arregalados, e todas as madames me estudavam de longe. Eu queria um buraco no chão para desaparecer dali. Minha cara e minhas roupas deixavam claro que eu estava no lugar errado. Tudo em mim dizia a eles que eu não tinha a menor chance de ter dinheiro para pagar por um vestido daqueles.
Meus olhos se encheram de lágrimas de vergonha. Ele achou mesmo que eu roubaria aquela droga de vestido?
— Nã...
— Ah, aí está você, desculpe não conseguir buscá-la no seu... Como é mesmo? Serviço social... — Ele sorriu entrando pela loja, gesticulando, e não entendi nada, ele se aproximou e segurou minha cintura me dando um selinho. — Já escolheu, amor?
Arregalei os olhos para ele. E tive certeza de que não estava mais respirando, porque ele me olhou quase me fazendo sinal para que eu puxasse ar.
Ele me encarou, e fiquei ainda mais perdida — O Turquesa vai ficar lindo em você. — Ele puxou o vestido da arara e me entregou, me amparando até o provador.
O segurança voltou para seu posto na porta, e ele se aproximou das madames, conseguia ouvir suas risadas de dentro do provador. E alguns minutos depois, ele bateu na porta. — Trouxe isso para você. — Ele me passou uma sandália prateada, coberta de brilhos, com um fecho finíssimo cheio de pedrinhas.
Peguei a sandália. — O que foi aquilo?
Ele sorriu — Aquilo fui eu te salvando dessa sua decadência pobretona. Te segui por mais de uma hora, você é uma covarde. E desatenta. — Sussurrou ele.
Trinquei os dentes. — Não é justo você me jogar assim em um lugar chique desses. Eu...
Ele baixou os olhos, me vendo segurar o vestido que eu não conseguia fechar. Ele afastou a porta com o quadril, e me virou para a frente do espelho. Segurou o tecido, e começou a subir o zíper, que desaparecia centímetro a centímetro conforme se tornava uma costura fina. Olhei para o espelho e nem acreditei em como ele me serviu perfeitamente. Ele deslizou as mãos por minha cintura e sorriu.
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Audaz
Romance(+18) Mike é o mais jovem e cruel treinador da "agência" ele tem a tarefa de criar mulheres perfeitas para clientes de gostos exóticos. Ensina-las a suportar tudo e ignorar seus limites. Fascinada por uma vida melhor para ela e sua mãe, e com o des...