36 Ligação

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Mike

Esperamos, mas a carta não veio, nem mesmo consegui saber se ela tinha recebido. K me informou que Maria estava no Rio, e partia do nosso próximo passo ir direto a ela, ou tentar outro tipo de contato com Edith. Pessoalmente, não estava confiante em nenhuma das possibilidades, um esforço em falso, e elas perceberiam as intenções.

Mariany conseguiu infiltrar Danny com sucesso, e agora tínhamos uma fonte involuntária perto dos malditos. K tinha que reunir informações antes de levar á alguém e pedir ajuda na investigação, então toda semana nos reuníamos para debater os próximos passos. E foi durante uma dessas reuniões que meu celular começou a tocar.

O visor só indicava "número restrito", olhei para as duas, e atendi, colocando no viva voz, sobre a mesa.

— Quem é? — Usei minha voz mais séria. E só ouvi um longo suspirar do outro lado da linha.

— Mike. — A voz chorosa sussurrou.

— Sim.

— Meu Deus... Faz quase dez anos que não ouço sua voz, amor.

Arregalei os olhos para as duas, que faziam gestos para que eu falasse, sem que eu conseguisse.

— Recebi sua carta filho, uma de minhas representantes me enviou, estou nos Estados Unidos. Nem acreditei quando ela me contou. E quando li sua carta... Amor, por que deixou chegar a esse ponto? Maria não me disse nada sobre suas dificuldades... Aquela desgraçada.

Pigarreei, e baixei a cabeça para não olhá-las — Mãe... Me perdoe, não pediria ajuda a você se não estivesse mesmo precisando. Minha perna sofreu danos permanentes após a emboscada de Alexandre e Tom. Perdi o único bem que me restava. Maria veio até aqui, se ofereceu para ajudar, eu recusei, mas foi antes de eu estar assim...

— Não Mike... Não peça perdão, amor, eu sempre estive aqui para você, meu filho. Você não precisaria passar por nada disso sozinho.

— Mãe, eu quero voltar a trabalhar, se não for nas ruas, posso dar treinamento, mas preciso de uma forma de sobreviver. Nem me lembro de quando foi a última vez que me alimentei.

Uma pausa.

— Soube que uma mulher recebeu o seguro de seu carro.

Engoli em seco, não esperava por isso, mas tive que pensar rápido. — Uma golpista desgraçada. E um amigo me disse que não havia nada que pudesse ser feito, ela tinha papéis que lhe davam poder.

— E como isso aconteceu amor? — Sua voz soou mais ríspida.

— Ela era uma das minhas, fizemos um acordo de ganhos nos últimos anos de agência, arrumava trabalhos extras para ela, e ganhava o dobro. A apólice me dava poderes sobre ela, e a tornava minha dependente.

Fechei os olhos para não encarar Mariany.

— Uma jogada perigosa Mike.

— Não achei que fosse ser morto como parte de seu acordo. — falei com raiva. — E se eu morresse de verdade, pouco importava...

— Essa mulher sabe que você está vivo?

— Não, ninguém além de vocês, e um amigo, que era meu subordinado na agência sabem.

— Vou entrar em contato com a Maria, tem algum modo de eu te mandar algum dinheiro para te manter? Uma conta ou qualquer coisa assim?

Olhei para elas, sem ter ideia do que fazer. Fechei os olhos, morto de raiva.

— Vou pedir que meu amigo porteiro me empreste sua conta. Ele é de confiança, e não fará perguntas.

— Não há problema amor, vou usar uma conta que não possam rastrear, seu amigo ficará seguro.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora