11 Sua segunda Vida

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Mariany

Confusão, uma grande e bagunçada confusão, era isso que ele era. Era o terceiro dia, e ele já estava me deixando louca. Com um mês, sairia da agência direto para o manicômio. Que cara não vai até o fim? Quão doentio tem que ser para fazer aquilo? Me lembrei das inúmeras vezes em que morri de ódio por ter ficado na mão. Com o maldito que só pensava nele. E agora o Mike? Suspirei. Que droga de cara esquisito!

Me vesti, depois do banho, passando a meia calça delicadamente por minha pele ainda dolorida das coxas. Peguei a sacola com o vestido e o admirei mais um pouco antes de vesti-lo e me olhar no espelho. Puxei o decote para baixo, e não amarrei as cordinhas que esconderiam meu colo quase que totalmente.

Acariciei o tecido sobre mim. Era lindo, delicado. Não uma roupa de dama, uma roupa casual e linda. Do tipo que eu compraria para mim para o dia-a-dia.

Desejei ter minha maleta de maquiagem ali, pelo menos para colocar uma cor em meu rosto pálido. Mas não ousaria perguntar mais nada.

Peguei as sandálias que ele havia jogado pelo chão e as calcei. Fiquei em pé, e pela primeira vez, meus pés não tremeram. Caminhei pelo quarto, me lembrando da aula da tarde. De como suas mãos me deram confiança para avançar, um passo após o outro.

Saí do quarto, e passei pelo corredor até a sala, ele estava sentado no sofá, com o notebook sobre a mesa de centro. Minha boca se abriu, mas não consegui dizer nada.

— O que você quer? — Ele falou sem me olhar.

— Água. — falei simplesmente.

— Fique à vontade, pode pegar o que quiser.

Assenti, e fui até a geladeira. Estava cheia, mas de coisas estranhas, pacotinhos de coisas que nunca havia visto. Imaginei que fossem coisas que suas clientes apreciassem. Comida de rico.

Peguei uma garrafinha de água, olhei o rótulo escrito em inglês e agradeci as aulas da escola, ou nem saberia se aquilo era mesmo água.

Abri a garrafa, e tomei um golinho. A melhor água que já bebi. Dei a volta na bancada e me sentei sobre um dos bancos altos ali. Equilibrei-me, e cruzei as pernas tentando provocá-lo.

Ele me lançou um olhar pelo canto de olho, e quase consegui ver um esboço de sorriso.

Tomei mais daquela água, e alguns minutos depois, ele fechou a tela do computador e caminhou até mim.

— Está pronta?

Assenti.

Ele sorriu, e pegou minha mão para me ajudar a descer do banco, arrumando as mangas do vestido para esconder as marcas nos meus pulsos.

— Ficou perfeito em você. — Ele falou despreocupadamente ainda arrumando as mangas — Mas... Hoje, você não vai precisar mostrar esses peitos. — Ele segurou as cordinhas do vestido, e dando um laço abaixo de meu pescoço, tornou-o tão inocente, quanto o de qualquer pessoa.

— Obrigada. — sussurrei.

— Pelo que? — Ele ficou confuso.

— Pelas roupas. Eu adorei.

— Você não tinha nada adequado para o programa desta noite.

— Mesmo assim. — Sorri para ele.

— Espere aqui, vou me trocar e já vamos. — Ele se virou.

— Posso perguntar? — Arrisquei, e ele parou no corredor.

— Gosto muito mais de você sem perguntas, mas vá em frente.

Engoli em seco. — Aonde vamos?

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora