13 Machucando-nos

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Mariany

Os dias se passaram, a farsa se intensificou, e melhorei com o passar dos dias. Duas vezes por semana, ele me levava para jantar em algum lugar em que eu pudesse usar meus vestidos comprados no primeiro dia, e melhorar meus modos à mesa. Depois me levava para seu apartamento. Ele chamava de folga, mas eu ainda estudava suas aulas, treinávamos as amarrações, ele fazia em mim, demonstrava as posições e possibilidades para cada tipo. E depois, ele me orientava enquanto fazia nele. Ele também me ensinou a machucar, me mostrou como intensificar ou abrandar a dor de cada golpe, para mim, as piores aulas...

Ele nunca mais transou comigo, nunca mais ficamos tão próximos como naquela primeira semana. Ele me mantinha longe. Uma relação aluno/professor. Como meu amigo... Exceto é claro pelas vezes em que seu cronograma exigia marcas novas em mim, que ele fazia com todo o cuidado, mas ainda assim, me revirava o estômago.

***

Era a manhã do meu vigésimo nono dia na agência, acordei cedo, tomei um banho, coloquei minha roupa de ginástica, e fiquei esperando por ele. A última vez que olhei no relógio já eram oito e meia, estranhei o atraso, ele não costumava se atrasar.

Eram quase dez quando ele entrou no meu quarto. Pálido, ofegante.

Permaneci no meu lugar até que ele fechasse a porta. E assim que pude, corri até ele.

— Mike? O que foi?

Ele se apoiou em mim para chegar até a cama.

— Não estou muito bem hoje. — Ele tentou parecer indiferente — Mas é seu último dia, então...

— Penúltimo, não é? — falei confusa.

Ele negou com a cabeça. E me levantei para pegar uma garrafinha de água para ele no frigobar. Ele tomou um gole longo antes de começar a falar.

— Amanhã ficará sozinha.

Arregalei os olhos pensando em protestar — Mas Mike...

— Você vai passar, confie em mim. Estou cuidando disso. O dia de amanhã, é usado para se recuperar, uma cortesia para que chegue bem ao teste. Mas consegui autorização para te tirar daqui hoje. Você quer ir? — Ele me encarou.

Abracei-o. — Quero! É o que eu mais quero Mike.

Ele assentiu. — Haverá consequências, mas se aguentar, eu aguento.

— Me leve agora! — Exigi. Nada podia ser tão ruim quanto ficar naquele lugar, tomando cuidado para não sermos ouvidos enquanto conversávamos.

Ele sorriu. — Me dê meia hora, preciso melhorar um pouco.

Assenti, e me arrumei na cabeceira da cama, oferecendo minhas coxas para que apoiasse a cabeça.

Ele puxou ar, apertando os olhos quando encostou seu rosto sobre minhas pernas — Esse foi o pior, e o melhor mês da minha vida, sabia? — sussurrou baixinho, aparentemente lutando com sua náusea.

Sorri afagando seu cabelo. — Posso dizer que sinto o mesmo.

Ele se virou para mim, com a cabeça sobre minhas pernas, afagou levemente o contorno da base de minha coxa com o dedo indicador. — Seu gosto nunca saiu de mim...

— Pena eu nunca ter sentido o seu. — sussurrei.

Ele fechou os olhos, e como eu o conhecia muito bem, sabia que estava se controlando para não se irritar comigo. Ele nunca me explicou o porquê de não deixar que eu o fizesse gozar. Nunca me disse por que sentiu tanto ódio quando o beijei...

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora