21 Jogos Perigosos

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Mike

Minha cama pareceu me abraçar quando me estiquei, assim que Mariany passou pela porta, eu estava exausto, só queria dormir. Só queria que todos os hematomas desaparecessem rápido o suficiente para voltar a trabalhar.

Tirei minha camisa, e os vergões e manchas arroxeadas ainda estavam por toda parte. Minhas costas ainda ardiam com os cortes. Mas nada era pior que minhas próprias lembranças da noite. O dinheiro nos faz fazer coisas verdadeiramente ruins. E enquanto apanhava e era chicoteado, eu só conseguia ver meu apartamento. Um ou dois meses de paz e conforto entre as paredes que eu não conseguia aceitar ter que deixar.

Meu telefone começou a tocar em meu bolso. K

Fechei os olhos com força, e atendi. — Você me ligou mais cedo do que eu que esperava.

Ela riu do outro lado da linha. — Mike, eu gostaria de te ver. Sem minha irmã dessa vez.

— Eu...

— Está disponível essa noite?

Olhei para o relógio no canto da TV, nem era hora do almoço, eu poderia descansar à tarde ainda...

— Não sei se seria muito justo te encontrar K.

— Por que não? — Ela pareceu preocupada.

— Não estou em perfeitas condições.

Ela riu. — Não se preocupe garoto. Pode vir até minha casa?

Respirei fundo — Claro, as nove, pode ser?

— Combinado. E te prometo um jantar, venha com fome.

Obriguei-me a sorrir. — Estou sempre com fome. Isso eu te garanto.

— Ótimo. Vou te mandar o endereço.

— Ok, até mais K.

Soltei o celular ao meu lado, e me virei agarrando o travesseiro, me esticando, tentando me livrar da dor. E percebi que se não tomasse algum remédio, eu não conseguiria me levantar para trabalhar a noite.

Me arrastei até a cozinha. Doce ilusão, não tinha nem comida, remédios então... De jeito nenhum.

Peguei o interfone, dei três tapas nele, até dar linha, e apertei o botão da portaria.

— Wes. — falei calmamente.

— Oi Mike, em que posso te ajudar? — Ele falou animado.

— Você tem algum remédio para dor, em suas gavetas de hipocondríaco aí?

Ele riu. — Dor muscular, de cabeça, de estômago...

— Qualquer coisa Wes. Acho que relaxante muscular ajuda. Pode trazer para mim?

— Claro, vou pedir a Diva para ficar no meu lugar por uns minutos e já subo.

— Obrigado.

Me arrastei de volta para a cama, e alguns minutos depois ele chegou, bateu na porta e pedi que ele entrasse.

Ele me olhou horrorizado, colocou a mão sobre a boca e se aproximou para olhar para meu abdômen mais de perto.

— Mike... O que foi que aconteceu? — Ele perguntou de olhos arregalados.

Dei de ombros. — Escolha ruim. Aceitei o trabalho de três belas garotas, e elas eram... Bem, digamos que elas queriam diversão de outro tipo.

— O que diabos isso quer dizer?

— Quer dizer que seu amigo aqui apanhou e foi esfolado a noite inteira, por aquele tanto de grana que te entreguei mais cedo.

— Mike, você...

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