26 Contando tudo

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Mike

Abri meus olhos, e respirei fundo. O cheiro era de álcool, e desinfetante. As luzes eram ofuscantes, e tudo em mim se revirou ao sentir as agulhas em meus braços, mas não consegui me mover.

Inspirei sem sentir nenhuma dor, na verdade, pelo peso em meus olhos, calculei uma dose cavalar de analgésicos em minhas veias.

Fechei os olhos lutando contra a sonolência e a náusea.

— Você está bem Mike? — Uma voz suave me soprava aos ouvidos. Ela segurou minha mão. — Vai ficar bem... Descanse menino...

Dei um meio sorriso — K... — Apertei levemente seus dedos.

— Sim, sou eu.

— Obrigado por me ajudar. — Balbuciei de olhos fechados.

— Não se canse, conversaremos quando estiver mais lúcido. Retiraram a sedação, logo você ficará bem.

Ela soltou minha mão, e fui tragado pelo sono.

***

Me sentei com um impulso, assustado, e todo o meu corpo protestou com o movimento. Soltei um gemido, estiquei o braço para minhas costelas e a agulha se mexeu dentro de mim. Levei a mão a boca tentando evitar o vômito, mas fui vencido, e virei a cabeça assim que senti meu abdômen se contrair para expulsar água marrom por minha boca.

Arfei fazendo barulho, tossindo e soltando cada vez mais água. A dor em minhas costelas era excruciante.

— Droga! — Protestei, me virando de lado e sentindo meus joelhos imobilizados. Tentei arrancar as agulhas de mim, e quanto mais eu mexia, mais náusea eu sentia.

— Tirem essas porras de mim! Tirem agora! — gritei para as paredes. Não havia nem sinal de alguém mais ali.

A porta se abriu e vi-a correr para mim de olhos arregalados. Colocou as mãos em meus ombros tentando me acalmar.

— Mike, está tudo bem. Você está seguro aqui.

Minha respiração acelerada começou a se estabilizar. — Tire-as de mim Mariany. Tire! — Implorei.

Ela olhou para meus braços e assentiu. — Fique calmo. Eu vou tirar.

Observei suas mãos baixarem até meu braço, para a primeira agulha. Virei o rosto para o lado oposto, e tentei me acalmar. Senti as fitas serem descoladas, e logo depois, a primeira agulha foi puxada de mim.

Ofeguei. E ela deu a volta na minha cama, pegando meu outro braço. Novamente desviei os olhos, e ela retirou a segunda agulha, e depois de parar o sangramento, apertou minha mão.

— Pronto Mike. Elas se foram.

Virei o rosto para ela, aliviado. — Obrigado.

Ela me deu um leve sorriso. — Está melhor? Sem os remédios, você vai sentir muita dor.

Neguei com a cabeça — Você sabe que prefiro dor, á agulhas... — sussurrei — E que com você por perto, sou incapaz de me concentrar em qualquer coisa sobre mim. — Apertei sua mão.

— Tá... Você está melhor. — Ela riu.

Sorri concordando. — Onde eu estou?

— Em uma clínica de estética particular. De um amigo da K. Ela garantiu que ninguém vai saber...

— Não estou preocupado com isso no momento. — Dei de ombros.

— Não? — Ela arregalou os olhos, surpresa.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora