20 Pedido

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Mariany

Entrei no prédio, me odiando por ter dito ao Mike que eu estava trabalhando ali. Corria um alto risco que ele ficasse dentro do elevador apertando todos os botões como um garoto de cinco anos endiabrado que ele realmente era.

Cheguei à portaria, e Wes, sorriu para mim, liberando minha entrada. A porta do elevador se abriu, e graças aos céus, ele estava vazio. Subi ao terceiro andar e bati na porta. A abri como em todas as minhas visitas.

— Senhor Carlos? Dona Lina?

Passei pela sala, e entrei na cozinha, nada, estava tudo silencioso.

Me sentei na sala e olhei para o bilhete, reconheci rápido a letra de Dona Lina.

"Querida, tive que levar Carlos as pressas para o hospital, está dispensada pelo resto da semana."

Escrevi embaixo. "Qualquer coisa me ligue, vou ajudar no que eu puder".

Desci, e parei no balcão da portaria. — Wes, você sabe o que houve com o Senhor Carlos essa noite? Encontrei um bilhete dizendo que foram para o hospital.

— Não estou sabendo de nada Mari, peguei hoje às cinco da manhã, tive folga ontem.

Baixei os olhos, podia tentar ligar, mas eles eram tão atrapalhados com os celulares. — Queria saber se estão bem.

— Devem estar, não se preocupe, minha avó sempre diz que notícia ruim chega rápido.

Sorri para ele. — Verdade. Bom, vou aproveitar para dar uma volta, já que ganhei uma folga também.

Ele sorriu satisfeito — Também fiz bom proveito da minha ontem. — Ele riu baixinho.

Sorri, e me aproximei dele — E o que você fez de bom?

— Foi pedir para que eu o comesse. — Ouvi a voz de Mike atrás de mim.

Arregalei os olhos para ele, com sua touca deixando alguns fios escaparem na testa, uma jaqueta de couro e uma cara de exaustão típica de uma noitada bem servida. Seus olhos brilharam para mim. — Bom dia, Any. — Ele falou sem ânimo.

— Vocês se conhecem? — Wes me olhou de forma estranha.

Me virei para ele, e Mike apenas assentiu.

— Você não fez isso Mike! — Quase gritei, ignorando a pergunta de Wes.

— Não! É claro que não. — Ele deu de ombros parecendo chateado — Estou morto... Wes, pode entregar isso ao Henrique? Tem mais um mês e meio aí.

Ele assentiu prontamente, e pegou o dinheiro para levar até seu chefe.

— Não te avisaram que o velho quase bateu as botas? — Ele falou sério, me fazendo encará-lo. — Eram seus velhos, não eram?

— Então você sabe o que houve? — Diminui minha raiva.

Ele ajeitou a jaqueta nos ombros — Peripécias da terceira idade. Tomou algo para o pau subir, e seu coração... — Ele fez um gesto com as mãos — Puff...

Olhei indignada para ele — Você é muito nojento sabia?

— E quem não? — Ele ergueu uma sobrancelha para mim. — Quer subir?

Fechei a cara para ele.

— Te juro que só quero conversar. Até porque, não aguento mais nada por hoje.

Fiz mais uma careta para ele. — Sobre o que quer conversar?

— É importante. — Ele baixou os olhos para o celular e me mostrou seus contatos de emergência. — Sobre isso.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora