Epílogo

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Mike

Marcamos a data para o dia doze de janeiro, uma data escolhida por Mariany, segundo ela, Wes já teria se acostumado com pessoas pegando-o, e K conseguiria ficar com ele por uma noite. Mas sua preocupação era a de que ele ficasse velho demais, e se lembrasse que esteve no casamento dos pais. O que eu acho uma estupidez, mas ela tinha suas esquisitices, assim como eu.

Não planejamos uma grande festa, mas uma comemoração digna de tudo o que passamos, e apenas com pessoas importantes para nós. Fiz questão de pagar por tudo, mas quem escolheu e planejou cada detalhe foi ela. Inclusive, nossos padrinhos, K e meu pai e a mãe dela com o pastor de sua igreja. Mesmo que ela tivesse escolhido um casamento católico.

Eram oito da manhã, quando ela terminou de se arrumar — Mike, tem certeza disso? Se ficar com ele o dia todo, vai se cansar para... — Ela resmungou aflita.

Calei-a com um beijo — Já te disse que não sou um saco de bosta Mariany, não preciso de uma babá para cuidar do meu filho — Eu ri — E é o dia da noiva que você queria tanto, não é? Relaxa, vamos ficar bem. — Me inclinei para sussurrar em seu ouvido — Prometo que enquanto não te desmontar hoje, não vou parar. — Pisquei para ela — Quem eu seria, se te prometesse diversão até que a morte nos separe e pedisse arrego na nossa primeira noite de casados?

Ela sorriu envergonhada olhando para a K, e apertou Wes. — Ai filho, eu te amo, mas mamãe realmente precisa de uma noite só com seu pai. — Ela choramingou.

Eu ri — Ele entende. — Beijei-a novamente — Agora anda logo, ou a K vai começar a babar ali na porta.

Ela me deu um tapa, e beijou a bochecha de Wes. — Vejo vocês á noite putinhos da minha vida.

Eu ri — Não se atrase vadia, sabe que odeio esperar — Dei um tapa em sua bunda.

K apontou para a gente — Ótimo exemplo para o Wes aprender a falar.

Gargalhei e Mariany revirou os olhos antes de finalmente sair.

Levantei ele até a altura dos meus olhos.

— É cara... Agora somos eu e você. E depois você vai ficar com sua avó, mas não a chata. Aquela que eu sei que você curte.

Coloquei-o no bebê conforto ao meu lado no sofá, e agradeci a Deus por ele não ficar entretido com aquelas porras de músicas infantis. Coloquei seu show preferido, o último da Bezdomnyy, ele sempre dormia tranquilo depois de alguns minutos de rock. Caminhei até o quarto, olhando para o terno pendurado na porta do guarda roupas.

Suspirei alisando-o "Você devia estar aqui, seu merdinha... Você devia estar ao meu lado hoje".

Mas não estava, não estaria mais. Alguma coisa dentro de mim desejava que mesmo um fantasma dele aparecesse, que me assustasse, e mandasse eu parar de chamar por ele, mas eu não acreditava em nada dessas coisas. E isso me deixava ainda pior.

Voltei para a sala, e aproveitei o sono dele para dormir um pouco também. Coloquei o bebê conforto no chão e me deitei no sofá ao lado dele.

Não sei como, mas aquela foi a primeira vez que sonhei, sonhei de verdade, sem serem pesadelos. E ele estava lá. Sorria como se estivesse satisfeito e feliz. Eu o vi, como via antigamente, até mesmo as bochechas vermelhas de vergonha.

"Quero que seja feliz Mike" ele sorriu para mim.

Tentei alcançá-lo, mas acordei, e olhei assustado para Wes no chão ao meu lado. Rindo, e mexendo as mãozinhas para o alto. Droga!

Soltei o ar, me sentei, e o peguei. Ele colocou as mãos em meu rosto, dando aqueles tapas como sempre.

Ouvi a campainha, e me levantei com ele. Abri a porta ainda com a cara amassada de sono.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora