29 De volta

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Mike

Mais tarde naquele mesmo dia, recebi alta. Com a ajuda dela, consegui me sentar na cadeira de rodas, e ela me tirou de lá. Já não suportava mais a ameaça de ter agulhas tão próximas a mim daquele jeito.

Voltamos ao meu prédio de táxi e Wes quase chorou de emoção, quando cheguei à recepção.

— Mike, graças a Deus você está bem. Rezei tanto. — Ele apertava minha mão, com a voz embargada.

— Ei, qual é cara... — Sorri para ele — Se for ocupar Deus, pelo menos peça algo que valha a pena. — brinquei.

Ele me deu um tapa. — Pare de fazer piadas Mike, nós ficamos preocupados com você.

Suspirei, porque eu verdadeiramente não esperava por aquilo — Eu sei amigo, juro que vou tentar não preocupar você outra vez. Tá bom assim?

Ele assentiu. —Espero que não mesmo! Já subo. — Ele sussurrou para Mariany. Que voltou a me empurrar naquela maldita cadeira até o elevador.

— O que ele quis dizer com "já subo"? — perguntei, olhando-a pelo espelho.

— Que daqui a pouco ele vai subir. — Ela riu. — Só cale a boca, você não pode andar, e temos coisas a combinar, enquanto você se recupera.

Arregalei os olhos para ela. — Como assim? Eu vou ficar bem, não preciso de babá...

Ela se abaixou, me dando uma ampla visão de seu decote pelo espelho para sussurrar em meu ouvido. — Você teve um mês comigo. Agora tenho você por um mês.

Me arrepiei — Espero que seja tão divertido quanto. — Sorri para ela.

Ela revirou os olhos sorrindo, saímos do elevador e ela abriu a porta de meu apartamento, me empurrando para dentro.

Arregalei os olhos para a mesa redonda com tampo de vidro perto de onde a grande mesa de minha avó ficava.

— Que porra é essa? — falei de boca aberta.

— Presente do Wes. — Ela sorriu. — Seja grato!

— Mas... — Estava pronto para protestar, mas ouvi a voz dele atrás de nós.

— Você me disse que não curtia flores nem chocolate, então, achei bom te dar algo que percebi que te faz falta. — Pude ouvir sua risada.

Fechei os olhos. — Puta merda Wes... Valeu mesmo, mas cara... Isso deve ter sido caro...

Ele passou para a minha frente e segurou minha mão. — Eu lamento, lamento não ter condições de mobiliar seu apartamento todo Mike. Eu faria se pudesse, apenas pela pessoa que você é.

Respirei fundo. — Vem cá. — Abri os braços para ele, e ele me abraçou, aconchegando seu rosto em meu ombro. — Obrigado, amigo... Eu, nem sei o que dizer.

— Wes, aproveita e conta para ele a novidade. — Mariany ria, ainda atrás de mim.

Olhei assustado para ele. — Que novidade?

— Tirei férias para poder te ajudar aqui. Eu e a Mari vamos nos revezar.

Senti um tremor passar por meu corpo. — Não, vocês não têm que fazer isso...

— Já fizemos Mike. — Ele assentiu, e ela apertou meus ombros. — Será nosso bebê. — Ela riu.

Levei as mãos às têmporas, tentando não me irritar com os dois. Primeiro a K, depois esses intrometidos. Será que era tão difícil entender que eu não queria ajuda? Que o que eu menos queria era gente perto de mim, e tomando conta da minha vida?

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora