38 Tudo outra vez

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Mike

— Com trânsito bom são quase seis horas Wes.

— Eu sei Mike, mas podemos ir mais tarde. — Ele rebateu. — Não sei por que tanta pressa para ir embora.

Puxei ar perdendo a paciência — Ou entra nesse carro agora e dirige, ou vou sozinho. — resmunguei.

Ele bufou. — Tudo bem! Vou pegar minha mala.

— Obrigado! — falei ironicamente descendo até a garagem.

Ele me acompanhou de perto, colocou sua mala no banco de trás e tomou a direção. Entrei no carona, e ele me passou uma garrafinha de isotônico. — Beba isso, você ainda está pálido.

— Bom saber, não como nada desde a noite do telefonema, espero que essa viagem me destrua mais um pouco. Você e a Mariany fizeram um trabalho muito bom cuidando de mim.

Ele sorriu — Não tem de quê.

Coloquei os óculos escuros e me recostei no banco, fugindo do sol da manhã. Adormeci rezando para aquele isotônico não me abandonar por qual fosse a porta que ele escolhesse.

***

Acordei algumas horas depois, estávamos parados em um engarrafamento gigante, e me ajeitei no banco, sentindo meu corpo reclamar.

— Quanto tempo faz que estamos aqui? — falei sonolento.

— Quarenta minutos, parece que um caminhão capotou.

— Que droga — Voltei a me recostar no banco e olhei para ele, todo seguro, sério, dirigindo.

Sorri — Você devia fazer isso, sabia?

Ele me olhou confuso — Isso o que?

— Isso, dirigir, comprar um carro. Impõe respeito, e fica mais fácil de você perder essa virgindade. — brinquei.

Ele me olhou de canto de olho, irritado — Se eu preciso ter um carro para alguém me querer, esse alguém não é para mim.

Fiz careta e ri. — Tão romantiquinho... Já tentou o Tinder?

Ele me olhou sério. — Mike! — Esperei — Por que minha virgindade te incomoda tanto? — Ele me encarou.

Eu ri — Não incomoda Wes. É só que... — Dei de ombros — Tem razão, eu sou o errado da equação.

— Eu... Eu conheci um cara. — Ele falou baixinho, envergonhado.

Arregalei os olhos para ele. — É sério?

Ele assentiu — O nome dele é Vagner, e acho que vai ser com ele... Nós ficamos umas duas vezes, ele disse que vai esperar meu tempo...

Sorri me virando para ele — Isso é... Cara, eu fico muito feliz por você. Caramba, que orgulho de você Wes!

Ele sorriu envergonhado. — Ele disse que beijo bem.

— Não é mentira. E sei bem disso. — Sorri. — Quando eu voltar, quero conhecê-lo. Não leve ele a nenhum motel, eles são nojentos. Se conseguir que seja em algum lugar íntimo, será melhor, talvez o quarto dele, ou o seu...

Ele riu — Você parece pensar em tudo. E está mais animado que eu.

Eu ri — Eu queria ter planejado as coisas, vejo como isso é importante, sabe... Toda a pompa da primeira vez... Dizem que é inesquecível tanto para o bem quanto para o mal.

— Como foi a sua?

Senti um formigar passar por meu corpo. — Não sei dizer. Não tive uma primeira vez convencional. Nem sei qual nível para ser considerada uma primeira vez... Mas sei quando foi a primeira vez que fiz amor. — Ele me olhou interessado — Foi no último dia antes do teste da Mariany. Aquela foi a primeira vez que não pensei, ou calculei cada movimento, apenas me permiti sentir. E foi a melhor coisa da minha vida Wes. E desejo que sua primeira vez seja exatamente dessa forma. Que ele te trate como você merece, e que você se sinta tão completamente feliz quanto eu, naquele dia.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora