25 Ajuda

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Mariany

Fiquei tentando mantê-lo acordado até que ela chegasse para me ajudar. Ele apagou por alguns minutos, e quase morri do coração, até que finalmente avistei faróis na estrada. Agitei a lanterna, e ela correu até mim.

— Ele está aqui. — gritei para ela.

Ela subiu até onde eu estava, e olhou pela janela.

— Ei menino. — Ele abriu os olhos. E ela avaliou as pernas dele — Está sentindo dor?

— Nã... Não mais. — Ele falou baixinho, quase sem forças.

Olhei para ela — Isso não é bom, não é?

Ela negou com a cabeça. — Vou empurrar o carro. Na melhor das hipóteses liberamos as pernas dele, na pior... Não tem outro jeito.

Ela subiu um pouco mais, e se escorou no resto do porta-malas para empurrar a carcaça que caíra por cima. O peso se movimentou, e Mike se contorceu, soltando um gemido.

Ela voltou para a janela. — Menino, deixa eu chamar alguém para ajudar, você vai morrer de hipotermia antes que eu consiga mover isso para te soltar. Te garanto que ninguém vai saber seu nome, ou fazer qualquer pergunta.

— Me deixem aqui. Vão embora! — Ele balbuciou batendo os dentes com o frio.

— Ele está delirando – falei rápido para ela, desesperada.

Ela me olhou por meio segundo. — Obviamente. — E se voltou para ele.

Ela pulou do carro e pegou o celular. Se afastando de nós. E retornou algum tempo depois.

— Eles virão, e consegui uma clínica para onde podemos levá-lo depois. Ela apontou para as pernas dele — Aquilo... É um grande problema.

Assenti, sem conseguir pensar direito.

Quase uma hora depois, o frio estava intenso. Pensei em entrar no carro, ou passar minha blusa para ele. Mas suas mãos estavam atadas as costas, e a estrutura estava instável demais para que eu arriscasse a vida dele tentando aquecê-lo.

Ouvi o som do que parecia ser uma caminhonete de grande porte.

— Graças a Deus eles chegaram. — Ela exclamou.

E momentos depois, vi quatro homens enormes surgirem, com serras e o mais alto carregava uma maca, como aquelas que os bombeiros costumavam usar. Fechei os olhos contendo minhas lágrimas de alegria e alívio.

Os quatro agiram rápido, enquanto eu e K iluminávamos os carros com as lanternas para que eles conseguissem tirar o máximo de lataria do caminho para retirar Mike de lá.

Assim que as pernas dele foram liberadas, escalei os carros para avaliar. Os joelhos pareciam quebrados, mas não era uma fratura exposta, o que já ajudava muito.

O cara maior, abriu passagem pela lataria cortada, e cortou as fitas que prendiam seus pulsos. Com o cuidado de paramédicos, eles ataram Mike à maca e começaram a descê-lo. Carregaram-no até a caçamba da caminhonete. E corri atrás deles, subi junto, nem querendo saber de protestos.

Me sentei no chão ao lado dele, e o homem me observava atentamente.

Pousei minha mão na bochecha terrivelmente fria de Mike, e arranquei meu casaco para cobri-lo. A caminhonete arrancou com tudo, e só paramos quando chegamos em frente a uma clínica. Um lugar tão luxuoso que senti náusea de mim mesma em ter que entrar ali.

Os homens desceram, e carregaram Mike novamente, entrando com ele pelas portas de vidro e seguindo direto até os fundos.

Tentei segui-los, mas K segurou meu braço. — Eles irão cuidar bem dele.

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