1 Primeiro Contato

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Mariany

Passei pelo corredor da agência, estava cada vez mais nervosa a cada passo. Mas obriguei meu rosto a não demonstrar nada. Ouvira histórias sobre o que acontecia por trás daquelas portas. Mas não me deixei abater. Minha mãe teria orgulho de mim um dia, e por esse reconhecimento, eu seria capaz de suportar tudo.

O homem alto a minha frente parou e abriu uma porta. Tive vontade de sair correndo quando o cheiro de sabonete de dentro da sala me invadiu.

— Ela está aqui. — Ele falou calmamente.

— Mande entrar — respondeu uma voz masculina dentro da sala.

O homem me deu passagem e caminhei para dentro, lutando com minhas pernas.

Me surpreendi com o rosto de menino que encontrei, ele não aparentava ter muito mais que minha idade, era lindo. Uma beleza sem excepcionalidades, cabelos e olhos castanhos, mas lindo de uma forma quase que fora do normal. Sem camisa, ele terminava de lavar suas mãos em uma pia na parede oposta. E antes que eu me lembrasse de como respirar, ele atravessou a sala para me receber na porta.

Ele me estendeu a mão com um sorriso brincalhão. — Mariany, eu presumo.

Seu tom formal me acertou em cheio. E apenas assenti.

Ele deu a volta em mim, avaliando-me, um verdadeiro comprador.

— Realmente, encantadora. — Ele parou a minha frente e segurou delicadamente meu queixo. Meu abdômen se contorceu apenas com seu toque.

— Veio de onde?

— Campinas. — respondi baixo.

Ele se afastou um pouco. Mas me puxou pela mão até o centro da sala, fazendo sinal para que o homem que me levara até ali saísse.

— Me deixe adivinhar... — Ele sorriu — Estudos? Enfermagem... Ou Fisioterapia? Acertei? — Ele riu com meu espanto, e suspirou — Todas iguais... Mas em você eu realmente acredito. E espero profundamente que não perca o interesse. — Ele passou por mim, e pousou sua mão em minha cintura. — Vai descobrir em breve que existe uma forma mais eficiente de se sustentar. — Ele me encarou — Ainda mais com uma carinha dessas...

— Não tenho medo de trabalhar. — falei séria, enfrentando-o — Não vim atrás de dinheiro fácil. Mas sim de um meio para pagar meus estudos.

Ele ergueu uma sobrancelha para mim — Ah... Mas ninguém disse que seria fácil... Não será, acredite em mim.

Fechei a cara e cruzei meus braços.

Ele sorriu me observando. — Gostei de você. Parece bem o tipo que eu gosto de domar. Quero cuidar de você pessoalmente.

Arregalei os olhos, assustada — O que quer dizer?

— Que verei se é possível que eu cuide do seu treinamento. Não faço as regras, mas tenho certa liberdade... Então, apenas volte para casa, e amanhã de manhã, vamos começar nossas aulas. Prepare uma mala, vai passar um tempo por aqui.

— Um tempo? — falei assustada — Tipo... Tipo presa?

Ele sorriu. — Não... Você pode ir quando bem quiser. Mas se quiser mesmo trabalhar aqui, vai ter que passar pelo treinamento. — Ele cheirou meu pescoço, me desconcentrando. — E vou começar com esse seu linguajar.

Ofeguei, tentando fazer minhas pernas pararem de tremer.

— Nunca ouvi falar sobre treinamento para isso. — falei mais baixo do que eu pretendia.

Ele me encarou, e seu sorriso foi arrasador.

— Atendemos clientes seletos aqui Mariany, o treinamento vai te preparar para atendê-los da melhor forma possível. Levamos muito a sério a satisfação de nossos clientes.

Engoli em seco.

— Vou ter que transar com você? Você vai me dar uma... Nota? — A última palavra pareceu mais repulsiva que a própria ideia.

— Não funciona assim... — Ele falou sério. — E quanto a sua nota... Se não valesse a pena, não estaria aqui na minha frente agora.

Eu ia protestar, mas não fui capaz. Cada palavra que ele pronunciava soava como uma ordem. E apesar de ter odiado isso. Imaginei se eu poderia aprender a ser exatamente como ele.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora