Audaz

6 Monstro

Mariany

Caí de joelhos sobre o vestido, ofegante pelo que ele tinha acabado de fazer. Passei a mão pelo pescoço dolorido. Como ele podia? O que eu havia feito de errado?

Chorei, chorei enquanto colocava os vestidos em suas capas, e dobrados, os guardava na cômoda, coloquei os sapatos em suas caixas, e empilhei-as ao lado da cama. Peguei minha bolsa e vesti uma calça de flanela xadrez e uma camisa fina de pijama. Abracei o travesseiro, e só aí consegui raciocinar direito sobre o que eu estava fazendo da minha vida. Tinha me enfiado em um esquema perigoso, e não fazia ideia de que esse treinamento, era dessa forma. Ele me disse que eu não iria gostar, mas não esperava ser machucada. Não esperava esse nível... Antes daquilo eu estava tranquila, já havia feito coisas piores por dinheiro e para ajudar minha mãe. Até mesmo minha passagem para São Paulo fora conseguida de maneira escusa. Mas aquilo? Vindo dele, que pareceu paciente e realmente com vontade de me ajudar? Eu tinha mesmo uma grave deficiência em avaliar as pessoas, só podia ser isso.

Fechei os olhos, e obriguei-me a dormir.

****

Ouvi um barulho alto, em seguida a luz encheu o quarto, e apertei os olhos.

— Levante-se! — A voz alta parada a porta ordenou.

Olhei para ele, encarei-o por um momento, fechei a cara e voltei minha cabeça para o travesseiro. — Não fale comigo. Quero outra pessoa!

Ele gargalhou, e entrou fechando a porta. Sentou-se em minha cama e ergueu a mão sobre mim. Achei que levaria um tapa, e meus olhos se fecharam por reflexo. Mas ele afagou levemente meu rosto. Eu diria até carinhosamente.

— Mariany... Não me faça mandar duas vezes.

Tirei sua mão de mim e sentei-me, encarando-o. — Você é louco? Você quase quebrou meu pescoço!

Ele respirou fundo. — Você não está em uma colônia de férias, Mariany, se não entendeu bem as entrelinhas, vou te dizer com todas as letras. — Ele se inclinou um pouco mais para perto. — Estou encarregado de fazer de você uma vadia de luxo. Um brinquedo perfeito e estonteante para adornar pescoços de homens poderosos, e lhes servir na cama como eles desejarem!

— Eu sei, mas não precisava fazer aquilo!

— Acha que aquilo foi ruim? — Ele sorriu, mas não divertido. — Não é nem o começo.

Estremeci. — Vai me machucar?

Ele assentiu. — Em certo momento.

— Vou machucar você também?

— Vai. — Ele falou tenso.

— Por que faz isso? — Meus olhos se encheram de lágrimas.

Ele sorriu, me empurrou para a cama e ficou sobre mim, apoiado nos braços, ajoelhado entre minhas pernas, me olhando dos olhos, até minha blusa.

— Porque eu posso! Pedi por você, e vou me divertir vendo você implorar quando a hora chegar. — Ele sorriu.

Pisquei, e ergui uma das sobrancelhas para ele, percebi suas nuances enquanto me ameaçava. — Mentiroso.

Ele mordeu o lábio inferior e com um movimento rápido, suas mãos foram para a gola da minha camisa. E um segundo depois ele me levantou, quando rasgou o tecido de mim.

— Não me provoque! — Ele se afastou — Agora, tire essa merda de roupa!

— Vamos sair? — perguntei sem ânimo.

— Você vai. Tem um carro te esperando. — Ele deu de ombros.

— Por que você não vai?

— Porque não tenho saco para isso. E não preciso estar presente. Além do mais... — Ele me puxou da cama, ficando cara a cara comigo — Vou estar te esperando para a nossa primeira aula.