14 Meu trunfo

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Mike

Seu cheiro me inundou quando acordei, eram quase oito da noite. Fui incapaz de me soltar dela. Queria ter o poder de fazer qualquer coisa, de fugir com ela, de acabar com tudo... Só queria uma forma de não ter que entregá-la. Eu só queria poder tê-la comigo por mais tempo. Queria que ela não precisasse levar a mesma vida que eu. Que tivesse um futuro sem precisar daquilo.

Mas ela me repetiu, durante todos os dias de um mês inteiro, que aquilo era o que ela queria. E eu a trouxe até aqui...

Ela sorriu, abrindo os olhos, me encarando.

Afastei seu cabelo da parte intacta de seu rosto — Se eu tivesse o direito de desejar algo, desejaria acordar todos os dias com essa visão de você na minha cama, com nossos cheiros se misturando. E sem esse buraco no meu peito.

Ela inclinou a cabeça para mim — Você se apaixonou mesmo por mim, não é Mike?

Segurei seu queixo suspirando. — Cometi um erro, um erro de amador.

Ela sorriu — Paixão passa Mike.

Engoli em seco — Eu imagino que sim. — falei dando de ombros. — Mas dói que é uma porra!

Ela gargalhou gostoso. — Olha o linguajar senhor monstro! Ao invés de eu aprender, você está desaprendendo é?

Sorri e mordi seu queixo. — Não brinquei quando disse que tomaria meu lugar facilmente.

Ela fez cara de interessada, mas ri. — Pessoalmente, não aconselho que se candidate para a vaga. É terrivelmente desgastante. — brinquei.

Ela riu. — Estou faminta. E como não sou chefe de nada, será que meu patrão conseguiria algo para me alimentar?

Passei a língua por seus lábios. — O que você quiser. — sussurrei.

— Pizza. — Ela sorriu. — Não aguento mais comida de rico.

Soltei-me de costas na cama, rindo. — Pizza então.

***

Jantamos sobre o tapete da sala, comendo pizza com as mãos, depois que apliquei uma pomada sobre o arroxeado em seu rosto. O suficiente para amenizar a dor, mas não o bastante para que a marca desaparecesse.

— Posso perguntar uma coisa? — Ela me encarou com os olhos brilhantes, e assenti. — Por que ficou tão nervoso quando te beijei?

Olhei para a pizza, e desconfortável a encarei — Ninguém nunca havia ousado. — Sorri — Você me desconcentrou, e quase não viveu para contar.

Ela cerrou os olhos para mim — Mas qual é o seu problema com beijos?

— Não faço isso. — falei baixando os olhos, dando de ombros — Não costumo... Nem com minhas clientes.

— Por quê? Isso é tão triste... — Ela sussurrou.

— Se você tivesse deixado eu fazer meu trabalho direito, entenderia o motivo. Mas você me estragou... Somos treinados para provocar prazer, não receber, Mariany...

— Isso é horrível...

Balancei a cabeça dissipando o assunto.

— Por que disse que foi ver sua avó por minha causa? — Ela me estudou por um momento.

— Queria testar uma coisa. E pelo estado que fiquei, acho que vai funcionar muito bem. — Sorri e a encarei — Se sente preparada? — falei despreocupadamente mudando de assunto enquanto mordia um pedaço de pizza.

Ela lambeu os dedos, sujos de queijo. — Não sei Mike, você não disse nada além de se tratar do "dia da vingança".

— Você é esperta, sei que já deduziu do que se trata. Prefiro não fazer um roteiro para isso. Não quero deixar você presa em ideias... Vou poder orientar você. Eles veem, mas não ouvem nada na sala.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora