17 Segunda Parte ~ Reencontro

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Um ano depois...

Cinco anos após o teste...

Mike

Caí para trás, cambaleando após a sequência de empurrões até a porta do apartamento. E assim que tropecei no capacho de rostinho feliz e caí sentado no corredor, levei uma cusparada no rosto e minhas roupas foram atiradas em mim.

Ri, imaginando o quão furiosa a deixei naquela manhã, paciência nunca fora seu forte, mas aquela veia lhe saltando a testa, me dizia que se ela tivesse uma arma, eu já estaria morto.

— Ei! — falei tentando ficar sério — Não esqueceu nada?

Ela bufou, fechando o casaco, tentando envolver a renda preta do sutiã que usava por baixo, pegou sua carteira e atirou três notas na minha cara.

— Faça o favor de desaparecer da minha frente!

Sorri. — Você sabe meu número, sei que vai querer um repeteco em breve.

Ela fechou a porta na minha cara, e me coloquei em pé. Peguei minha calça no chão e me virei para o corredor, vendo a senhora com seus quase sessenta anos me olhando, em uma mistura de horror e vergonha.

Fiz uma reverência para ela, terminando de abotoar minhas calças — Bom dia senhora. Desculpe os trajes, mas fui expulso de uma cama quente, sem o menor pudor.

A senhora piscou mais algumas vezes e então, com passinhos amedrontados, passou por mim.

Passei a camisa pela cabeça, e a vesti rapidamente, pegando meus coturnos com as meias enfiadas dentro para descer os dois andares, mas antes, me virei para a porta e falei alto para o batente. — Tenha um bom trabalho, amor.

A única resposta foi sua mão socando a porta.

Sorri outra vez, e fui para meu carro na vaga permanente que conquistei com muito esforço naquele prédio.

Respirei fundo, me olhando no retrovisor e tirando dos meus olhos, as marcas de ter sido jogado da cama, após um comentário infeliz envolvendo o namorado da Nay. Ótimo, eu mereci. Por mais corno que ele fosse, era regra dela que eu não tocasse seu nome, principalmente depois de dizer que também tinha passado pela irmã do corno. E deixado claro, que meu corpinho, não era exclusividade dela. E que por mais gostosa que ela fosse, nunca seria.

Voltei para meu apartamento, e Wes me recebeu assim que saí da garagem, tinha quase certeza de sua paixonite por mim, ele sempre queria arrumar um motivo para me receber, mas, naquela manhã, a cara dele não estava amigável, nem interessada como sempre.

— Bom dia Mike, eu... eu...

Revirei os olhos ajeitando a calça em uma tentativa de provocá-lo, só para vê-lo gaguejar ainda mais. — Desembucha homem! Não tenho o dia todo. — falei sério, vendo seu olhar descer diretamente para meu quadril, para a parte aparente de minha cueca.

— Outra carta chegou esta manhã, e... e... o síndico disse que tem uma semana para quitar sua pendência.

Passei os dedos pelos cabelos, impaciente.

— Coloque a carta junto das outras na minha caixa, e diga ao Henrique, que até a noite, passo na sala dele.

Ele assentiu, quase tremendo enquanto me encarava, praticamente mordendo o lábio.

Sorri e me aproximei dele. — O que eu te disse sobre babar em serviço Wes?

Ele mordeu o lábio — Que eu nunca conseguiria bancar seus serviços com meu salário de porteiro. — Ele baixou os olhos.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora