45 Você não podia...

5.4K 699 581
                                    

Mike

Mariany me empurrava pelos corredores do hospital, enquanto eu admirava o envelope, minha nova vida ali dentro. Wes ia ficar louco de alegria ao saber.

Paramos em frente ao quarto, mas a porta estava aberta, e a cama vazia.

Olhei em volta. K havia dito que ele já estava zanzando pelos corredores, devia estar em algum lugar caçando café. Ele sempre ficava angustiado sem café.

Entramos no quarto, e ficamos esperando, uma hora ele teria que voltar para a cama.

Mariany me olhou meio confusa. — Não acha que ele está demorando muito Mike?

Dei de ombros — Hospitais são infernais, vai ver estão fazendo algum exame.

Ela se levantou da poltrona. — Vou procurar, fique aqui.

Assenti. E ela saiu do quarto. Peguei meus documentos novos, examinando cada um deles, tentando me fazer acreditar que eram reais.

Alguns minutos depois, ouvi a porta se abrir e me virei, pensando que ia dar de cara com os dois, mas encontrei duas enfermeiras me olhando assustadas.

— Quem é você? — Uma delas perguntou.

— Sou amigo do Wesley, estou esperando que ele volte, acho que foi fazer algum exame...

Elas se entreolharam, mas não disseram nada. E antes que elas saíssem, Mariany correu para dentro do quarto.

Olhei espantado para ela. — Encontrou ele?

Seus olhos estavam cheios de lágrimas — Mike...

— O que foi? Onde ele está? — falei quase desesperado.

Ela caminhou até mim, e se abaixou — Mike...

Arregalei os olhos para ela — Mariany, está me assustando, cadê ele? Ele já foi embora?

Ela segurou minhas mãos e desabou chorando. — Ele... Ele... Os médicos disseram... Ele...

Minha boca se abriu de puro choque. — O que? Não! Ele estava bem, você ouviu a K dizer... O que aconteceu?

Ela puxou ar, tentando falar — O médico me disse que ele tinha um coágulo... O acidente... Ele teve uma embolia pulmonar, encontraram ele caído perto da maternidade.

Balancei a cabeça negativamente. — Não! Não, isso não existe. — Ri de nervoso — Isso é impossível... Isso é... Eu quero ver ele. Preciso ver ele Mariany.

Ela segurou meu rosto. — Fique calmo amor. Olha para mim...

— Não! Ele não pode morrer! Você tá me zoando, não é? Diz que é brincadeira... — Ofeguei, e ela baixou a cabeça chorando ainda mais. — Ele... Ele tem que voltar, ele tem um namorado esperando. Ele... Ele tem que perder aquela porra de virgindade com o namorado! — Ela segurou minhas mãos chorando. — Mariany, eu quero ver ele. Quero ver ele agora!

Ela ofegou, se levantou, e começou a empurrar a cadeira pelo corredor. Meu peito doía a cada passo dela, a cada centímetro que avançávamos. Ele não podia estar morto... Ele estava bem... K confirmou...

Paramos em um corredor, e li a placa indicando o necrotério, ela me deixou e foi conversar com um médico, que depois de muita discussão, assentiu para ela.

Ela voltou, parou em minha frente e segurou meu rosto — Mike, eu consegui que ele deixasse a gente entrar, mas... Não faça isso com você, amor. Você não precisa ver ele desse jeito.

Meus olhos não conseguiam focar em nada. Apenas me agarrei a ela, ficando em pé. E com passos mínimos, ela me levou até a sala. Ele estava coberto até a cintura, com marcas de queimaduras no peito, pelos choques de tentarem ressuscitá-lo.

AudazOnde histórias criam vida. Descubra agora