Capitulo 24

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Fernanda

Não posso mentir, nunca aprendi a a perdoar porque não precisei, e quando eu mais precisei eu não consegui, acredito eu que nessa nova fase de vida eu estava aprendendo, eu juro que quando Vitor me contou tudo aquilo no primeiro momento não fiquei tocada, mas depois passou no meu corpo uma sensação de acolhimento, senti que ele estava sendo sincero e que talvez precisasse de mim de alguma forma. Resolvi da a ele uma segunda chance, não estava o perdoando como já disse... Deus ainda não me ensinou a perdoar, mas eu quero aprender, quero aprender a ser alguém melhor, eu não sou trouxa por querer isso mas acredito que tudo nessa vida merece uma segunda chance, Vitor viveu de uma forma dolorosa, talvez ele precisaria viver novamente, de uma forma doce e sensível, para uma pessoa que foi amada e sempre acolhida por todas é fácil julgar uma pessoa que nunca teve amor, nunca foi tratada bem... não, eu não acho que isso justifique o que ele fez, nada jamais justificará mas acredito na influência, acredito também em como as pessoas são machucadas e machucam outras para que sintam a mesma dor, às vezes falamos algo que dói mais que um tapa, e essa é a prova viva que machucamos as pessoas.

— Vou pentear seu cabelo, fica quieta. – eu estava mexendo a cabeça ao som de Dua Lipa. – que musica ruim mano.

— Você não sabe de nada, cara.

— Prefiro um bailão, pagodão.

— Não me cansa Vitor, você só conhece essas musicas ai por isso não gosta das quais eu escuto.

— Tu não tá nem entendendo o que a mulher tá falando, e continua ouvindo?

— Meu bem, eu sou fluente no inglês.

— Só acredito vendo.

— E eu só escutando. – pela primeira vez durante dias eu dei uma risada sincera, tinha se passado exatamente cinco dias e Vitor continuava me ajudando, cuidando de mim como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

— Hoje, vai ter um churrasco na casa do Dedé, ele chamou tu, vamos?

— Eu não sei se estou preparada.

— Seu rosto já está melhor, e nada que esses negocio que tu passa na cara resolva, e usa uma blusa mais coberta sei lá pra não mostrar as marcas, e tem que andar Fernanda, você vive na cadeira e no colo, o médico já disse que tem que andar.

— Credo, parece minha mãe. Doí quando anda, mas eu vou. Porra enjoada do caralho.

— Sensível igual um jumento.

— Bichinho tadinho. – apertei a bochecha dele.

— Vai imunda, se arruma logo que já estou com fome. – dei uma risada e me levantei gemendo um pouco. – quer ajuda?

Assenti, a dor era insuportável às vezes é graças a Deus eu tinha Vitor para me ajudar, Pedro e Carlos não conseguiram se mudar os pais deles descobriram e deu a maior treta da vida e minha mãe tinha quase certeza que eu estava envolvida em algum b.o no Rio, agora fudeu mesmo se ela me encontra aqui nessa situação, Vitor está ferrado que ela mesma mata ele. Vitor vestiu uma calça legging em mim junto com uma blusa cinza de maga, era ótimo para cobrir as marcas, coloquei um tênis branco e estava tudo pronto... ele apenas colocou uma calça, uma regata e um boné na cabeça.

— Tu tem uma cara de bandido mesmo, não deveria ter ficado com tu, eu sempre disse que nunca iria sentar pra traficante e me fudi.

— Se liga loirinha, tu gostou da minha pica desde da primeira vez que sentou nela.

— Já sentei em varias, e costumo amar sentar, então não seria diferente com você.

— Cachorra pra caralho, papai.

— Livre meu amor, essa é palavra certa.

— Pode ser! Se tu tiver disposta a senta na minha de novo, não vejo problema. – Vitor estava próximo, e isso me fazia me sentir excitada com a situação, ele era uma delicia e eu não podia negar que queria novamente, mas ainda tinha receio, diante toda a situação.

— Não era você que estava com fome? – ele riu pelo nariz.

— Mudando de assunto loirinha, não consegue resistir? – me abraçou beijando meu pescoço.

Dei risada constrangida por ter ficado arrependida com o toque dele.

— Safadinha. – me deu um selinho rápido.

— Vamos logo vai vagabunda.

Ele deu uma risada gostava me fazendo me sentir bem, eu acho que com o tempo eu e Vitor poderia superar toda a dor que estávamos sentindo, como dizem: o tempo cura tudo e toda ferida. Fomos de carro pra casa do Dedé já que eu não podia fazer muito esforço.

— Fala tu loira, tá melhor.

— To sim Fábio, graças a Deus. – Vitor olhava pelo canto do olho para nós dois.

— Fala vacilão do caralho. – Fábio disse abraçando o Vitor.

Acredito que ninguém tenha ficado de mal dele, apenas chateados pela atitude tão frustrante que ele teve contra uma princesa indefesa.

— Fala mano. Vem Fernanda, vou te da de comer, bichinha tadinha tá passando fome.

— Usando minhas palavras vagabunda?

— Acho que você é lésbica, tu fica o tempo inteiro me chamando de mulher, só por Deus e misericórdia.

— Você usa meu, bichinha tadinha...

Fábio olhava pra gente sorrindo, acho que isso poderia ser considerado algo bom, estávamos nos dando bem.

— Linda, perfeita sem defeitos. – Lais apareceu atrás de mim beijando minha bochecha.

— Estava com saudades de você! – a abracei.

— Tive que fazer uma viagem de emergência, mas já estou de volta, como você tá? – ela me analisou por completo.

— Precisamos mesmo conversar, eu estou bem graças a Deus! – sorri.

— Eai tranqueira. – Adriel, a pessoa que cria a maior intimidade do nada, com qualquer um.

— Deus me livre desse nojo que tu é. – o abracei de lado.

— Vamos comer, pelo amor, a gente só veio pra isso. – Dedé deu risada e eu saí apoiada em Vitor.

Quando cheguei na sala tinha varias meninas lá, que me olharam e sorriram, elas eram as quais tinham dançado comigo no baile, mas na cozinha estava a Gabriela, era incrível que depois de tudo ela ainda conseguia olhar pra minha cara com cara de nojo.

— Gostou de apanhar foi bebezinha? – dei risada.

— Cala a porra da tua boca Gabriela, ou eu estouro a sua cara aqui mesmo.

Nem precisei me defender, Vitor tinha se entremetido e tinha sido bem mais rápido do que eu.

— Não cansa de passar vergonha né Mona? – dei risada pra ela.

Gabriela saiu da cozinha bufando de raiva, ala, tenho culpa dela ser surfada? Eu quase paraplégica e a menina querer pagar de louca.

— Desculpa por isso.

— Tá tranquilo. – ele apenas deu um sorriso de canto e me ajudou a sentar na cadeira, colocou umas comida pra mim e foi buscar carne.

— Ele fez isso com tu, e você ainda sorri do lado dele. – Fábio apareceu igual assombração.

— Misericórdia menino, ia me matar de susto. Eu não estou ao lado dele, só estou cumprindo algo que prometi.

Fábio deu um sorriso debochado e quando ia falar algo Vitor chegou.

Diante do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora