Vitor
Eu e Fernanda estávamos bem, já fazia mais de 4 meses que ela tá morando aqui comigo e não posso dizer ao contrário do que sinto: gosto dela pra caralho! Isso ninguém pode tirar de mim, nem meus sentimentos nem ela.
— Amor, podemos conversar sobre uma coisinha? – Fernanda deitou do meu lado toda dengosa, já sei que ia querer algo.
— Fala tu.
Ela me encarou, e encheu o olho de lágrima, já sabia que tava tendo alguma fita errada, Fernanda não é dessas mina chorona.
— Eu queria viajar pra São Paulo, vê meus pais.
— Tu tá louca?
— Eu preciso falar com eles Vitor, eu amo eles! Eu sinto falta, eu sei que eles vão entender... eles sempre entendem até aquilo que não deveriam... – ela já estava chorando.
— Tudo bem!
Ela me encarou por vários momentos.
— Tudo bem? – assenti – tem certeza? Você não tá doido?
— Já falei po, tudo bem! Eu vou com tu, já me apresenta e pá. – falei abraçando ela.
— Eu te amo! Obrigada, obrigada! – deu vários selinhos em mim, mas isso não estava me comovendo, o que tinha me deixado felizao foi o eu te amo, se louco, nunca ouvi um bagulho que mexesse tanto comigo.
Sorri abraçando ela de leve.
— Vamos colar na pracinha comigo? – ela assentiu e levantou pra colocar uma roupa, já que estava nua.
— Vou só tomar um banho rápido.
— Vou com você!
Nós dois tomamos uma ducha, sem malícia e pá porque já estávamos atrasado pro pagodão que ia rolar na praça.
Fernanda estava como sempre, uma micro saia e um cropped, eu morro de ciúmes dessa mulher mas tem que respeitar esses bagulho aí, ela fica putona.
— Tá gatinha, só acho pequeno demais esse pedaços de pano aí. – ela deu risada e me deu um selinho.
Peguei o revólver que estava na cômoda e coloquei na cintura, já viu bandido sair desprotegido de casa? Da não rapa, os inimigos tá sempre de olho pra fuder com nós, fora que os rato sempre sobem pra procurar carne fresca.
— Não sei pra que andar com esse revólver pra cima e pra baixo
— Tenho que me proteger morou? E proteger tu também, se liga.
Ela revirou os olhos, eu sei que Fernanda não viveu nunca essa vida, tem mo jeitão de mimadona mas respeita sempre a quebrada e sabe ser humilde pra porra.
Peguei minha motoca pra irmos colar lá na praça, Fernanda já montou e eu fico é doido a bicha fica estilo capa de pornô, empinada e pelada quem aguenta essa porra.
— Tu gosta de provocar vagabunda.
— As vezes, mas gosto mesmo que tu me chame de vagabunda, parece que minha piriquita acende.
Não contive o riso, a mina sabe ser sem juízo, aguento esse caralho não.
Chegamos na praça e o pagodão já tocava, Fernanda já era enturmado com umas meninas principalmente porque Lais era bem conhecida.
— Tu deixa tua mina andar assim é? – Dentinho falou, ele era de outra quebrada.
— Rapaz, essa dai se quiser andar pelada não tem que fala não, só se matar ela. – Adriel falou rindo, ele tinha presenciado uma treta minha e da mina.
— Fala tu, fica sem mandado, é bandido não carai?
— Amor, a gente pode ir pra casa? Eu to zoadona. – Fernanda chegou do meu lado sentando, parecia tá tonta.
— Ala, já vai até pra casa. – os brow dele tudo deu risada
— Fala tu, tá sentindo o que?
Toquei nela e estava soando frio, parecia morta caraí, toda geladinha.
— Eu não sei, tá doendo tudo, eu não to conseguindo respirar direito... – foi só ela terminar de falar isso que abaixou a cabeça e começou a vomitar.
— Fala tu Dedé, cola com um carro aqui. – chamei ele no rádio.
Lais chegou desesperada com um copo de água, enquanto todo mundo parou pra olhar, minha gata tava zoadona mermo, chega ficou pálida.
Já estava ficando nervosão com a demora, e parecia que cada momento o bagulho piorava mano.
— Consegue levantar? – ela só mexeu a cabeça.
Fernanda tentou levantar e foi só questão de segundos que caiu com tudo, os muleque que gostava dela já se desesperou.
— Porra, o que tá acontecendo mano. – Adriel já falava desesperado.
— Ela tava bem mano, ela tava suave em casa.
— Ela bebeu algo? – Dedé perguntou pra Laís.
— Não mano, eles chegaram agora ela só tava batendo papo com a gente.
Eu nem sabia como agir, só me toquei quando vi Fabin carregando ela pro carro e corri junto.
— Desce o morrão Caveira, joga tudo, quero minha mulher no hospital agora! – eu segurava a cabeça dela e a minha, caralho eu estava pirando, não sei o que tava rolando dentro de mim não, estava já endoidando com essas coisas tudo.
— Fica calma irmão, vai da tudo certo. – Adriel que estava no carro junto com Lais tocou meu ombro.
Eu sei que não podia ficar no hospital mas minha prima já tinha deixado tudo certo, ela que iria ficar lá, ficha limpa né.
— Nois vai colar na ruazinha ali Lais, qualquer fita solta a voz pra nois aqui morou? – Caveira falou suave, ele era muito tranquilo em termo tudo que acontecia.
— Tá bom, não trouxemos os documentos dela... precisam trazer ou ir em casa buscar.
— Pode pá Lai, já chamo os brow. – Adriel deu um beijo nela que estava no maior desespero.
Vi lais levando Fernanda e fazendo maior gritaria pra alguém ajudar ela, pra poder carregar e pá, como hospital tem muita polícia eu não podia colocar nem o bico de fora que o bagulho azedava.
Lais
Eu estava muito nervosa com toda essa situação, eu não queria perder a única mulher que foi capaz de fazer meu primo sorrir outra vez, fora que era uma responsabilidade muito grande ter que cuidar dela e tudo mais.
— O que aconteceu com ela?
— Estávamos numa festinha, ela não bebeu nada, estava em pé e do nada começou a sentir tonturas e tudo mais, passou mal e desmaiou, ela estava muito branca doutor.
— Pode ficar tranquila, vamos cuidar dela, preciso que você fique esperando ela aí na sala.
Eu assenti, e me sentei, a sala de espera não estava tão lotada, era um hospital particular, Vitor pagaria tudo...
Senti um mão no meu ombro e logo reconheci Lucas, o menino que sempre fazia trabalho pra Vitor e dava as cara, pois tinha a ficha limpa.
— Os documento da mina do chefe.
— Obrigada Luquinhas.
— De nada aí Lais, vou sair fora, fé aí.
— Fé aí.
Ele saiu e eu fui fazer a ficha de Fernanda, entrei todos os documentos dela e a moça foi preenchendo, junto com os documentos tinha um cheque e uma quantia de dinheiro, acredito que era pra pagar o hospital ou algo do tipo.
— Acompanhantes de Fernanda Ramos Marquez.
— Eu aqui. – já fui em direção a moça que estava com um monte de papel na mão.
— Ela já acordou e está tudo bem, foi só uma queda de pressão...
— Mas como isso aconteceu do nada?

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Diante do morro
Hayran KurguEla curte baile, tem um sorriso leve, gosta de se envolver, mas não senta pra traficante. Ele é envolvido, tem tudo no poder, controle de tudo e de todos, menos o controle dela.