Capitulo 15

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Fernanda

Foram três dias, o suficiente para eu pegar minhas malas com todas minhas coisas e sumir da minha casa deixando apenas uma carta para minha família, com certeza aquilo tinha sido a coisa mais triste que eu poderia ter escrito.

Carta:
Dedico esta carta aos meus queridos pais, que lutaram por mim e principalmente pelo meu sonho, um dia eu espero que os senhores me entendam, eu sei que no primeiro momento vão querer me procurar e capaz de nem aceitar a minha decisão, mas chegou o meu momento de ir embora, eu necessito disso, eu preciso criar asas e voar, mamãe sei que neste exato momento deve está se perguntando se não me deu liberdade suficiente, você deu e com certeza foi a melhor mãe do mundo, sempre seremos as melhores amigas, desculpa ir embora sem contar todos os detalhes necessário pra você e para o papai, saiba que eu amo vocês, mas eu precisei partir, eu realizei meu sonho papai, eu estou salvando vidas, um dia entenderá quais vidas estou salvando, eu estou deixando tudo para trás, meus luxos, meus amigos e principalmente a minha felicidade, eu espero que vocês entendam que o meu amor por vocês será sempre infinito e que uma dia consigam me perdoar por todo esse envolvimento errado que ocorreu na minha vida... eu agradeço cada segundo por cada oportunidade que me dão, mas chegou a hora de partir, eu irei viver um novo passo de minha vida sozinha, um beijo da sua filha, eu amo vocês!

Foi a única coisa que consegui escrever enquanto eu estava aos prantos, todos sabiam o quanto eu amava meus pais, eles eram os melhores do mundo, mamãe sempre me animava em dias triste e papai sempre me ensinava que em cada uma de suas broncas tinha um grande aprendizado, mesmo com todo estresse do dia a dia éramos uma família "perfeita",  tínhamos nossas intrigas e todas dificuldades, mas jamais deixávamos que isso abalasse nosso amor, eu tinha amor, eu transbordava amor, com eles, meus amigos, minha família... eu estava me afogando, e minguem poderia me salvar, eu estava perdendo todos meus sonhos em apenas duas, coisas que ao lado de meus pais passei anos para conseguir, hoje o maior aprendizado fica sobre minha vida: "quem se mistura com porco, farelo come" talvez se eu não fosse uma adolescente tão irresponsável, é determinada a provar meus próprio desafios isso não estaria acontecendo, agora eu estava aqui dentro de um Táxi, mandando pelo Vitor para ir ao aeroporto, eu estava de mudança para o Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa que se tornará meu pior pesadelo. Dentro daquele táxi, foi o único momento que me senti segura e em paz para derramar todas minhas lágrimas e infelicidades, talvez eu devesse tentar dar uma chance para Vitor, para nós dois ser felizes talvez isso fosse destino, mas que caralho eu não acredito em destino eu só consigo em pensar nas formas de matá-lo e sumir.

— Senhorita, chegamos a corrida já foi paga.

Olhando para aquele moço que dirigia o táxi, só pensei que ele poderia me salvar e me levar para casa, mas eu não poderia fugir que de algo que era real, algo que era traçado a minha vida.

O mesmo deixou todas minhas coisas no chão e eu sai arrastando minhas malas, até encontrar o Vitor no portão 3, eu não queria olhar para ele, ele tinha um olhar de orgulho e presunção pura, e eu tinha apenas meus olhos fundos de dias sem dormi, e a tristeza absoluta estampada.

— É a hora de começar uma nova vida mina, não é nada contra você mas eu precisava de uma fiel, e achei você gostosinha e pela ocasião que estava ocorrendo tenho certeza que não vai meter o louco e ficar com ciúmes de mim por nada. - ele deu uma risada irônica.

— A única coisa que eu quero de você é distância, eu quero mesmo é que tu se foda! - falei nervosa com a argumentação dele, ele deu risada e fomos embarcar minhas malas.

***

Durante o voo, consegui dormi um pouco porém já estávamos no Rio de Janeiro, eu fiquei me perguntando como um Traficante viaja assim numa boa, mas nem tinha me tocado que ele estava usando um óculos escuro e um boné para da uma boa disfarçada e se duvidar deveria está com documentos falsos. Quando desembarcamos, e saímos logo do aeroporto depois de fazer todos os procedimentos, tinha uns cara já esperando a gente, um cara olhou pra mim me estranhando e eu o reconheci se não me engano era o cara que tava com ele na praia.

— Toca rapidão pro morro, falar um bagulho pra vocês hoje organiza um bailão pra nois, que eu vou apresentar minha fiel. - deu um sorriso presunçoso olhando pra mim.

— Fiel? - um menino magrelinho olhou pra gente estranhando.

— Sim birubiru, agora tenho uma madame pra mandar em mim.

Olhei pra ele com ranço, eu queria mesmo era enfiar um cabo de vassoura dentro do cu dele até doer, filho de um puta mal comida. Entramos em uma evoque, e fomos em direção ao morro do Vidigal, era incrível como esses cara dirigia que nem louco eles nem limitavam o que estava rolando lá fora, o bagulho era sentar o pé e já era, eu me impressionava como conseguiram escapar, mas lembrava também que a polícia do Brasil é totalmente corrupta.

— Vamos aí gatinha, já chegamos, parece que tá perdida em pensamento. – o idiota do Vitor falou comigo me tirando da minha transe.

— Me fala logo em qual barraco vou ficar, preciso organizar minhas coisas e depois me preparar para o meu suicídio. – ele me olhou de olho arregalado e eu acabei rindo perdendo total moral do que eu tinha falado a algum tempinho atrás.

— Vai maluca do caralho, fica brincando com essas coisas.

Eu realmente não gostava de brincar com isso, sei que depressão é coisa seria mas desde que isso aconteceu em minha vida pensei mais de mil vezes em como me matar de formas diferentes.

— Fala logo do barraco. – já disse irritada porque me lembrei de tudo que estava acontecendo.

— Filha, você vai ficar na minha casa a partir de hoje você tá no meu nome, se eu descobrir que você tá ralando sua buceta em um pau diferente, eu raspo sua cabeça e depois te mato morou?

— Eu não tenho medo de você seu merda, eu só quero que me mostre uma casa não quero morar contigo morou? – falei da maneira mais irônica que eu poderia – outra, se eu quiser esfregar minha buceta deliciosa em qualquer pau bem gostoso eu esfrego, porque ela é minha e eu dou ela pra quem eu quiser!

Vitor me olhou de uma forma que estranhei, os olhos dele escureceram e começou a parecer com uma versão prevê do demônio, então foi questão de segundos para ele me puxar pra casa que tínhamos parado na frente, que era bem luxuosa para uma favela, e meter o tapa na minha cara.

— Você vai ficar ligada como as coisas funciona aqui vagabunda, você me respeita e me dá que tudo fica certo, ou faz por bem ou faz por mal, aqui dentro as leis é da minha favela, então a banda toca do meu jeito, não me desrespeita na frente de ninguém, mandada do caralho. - meus olhos se encheram de água e então percebi que essa agora era minha realidade, falou apanhou, não fez do jeitinho dele apanhou, eu estava com meu destino traçado é isso eu não poderia deixar pra lá, as coisas já tinha começado da pior maneira possível. – arruma suas tralha lá no meu quarto, e depois se ajeita pra porra do baile, eu que mando em você princesa, e é aquela ideia, manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Peguei minhas malas que já estavam aqui, não tinha nem percebido que alguém tinha trago elas para mim, e apenas subi as escadas a procura de um quarto que estava ocupado, e logo achei o dele, era muito bonito igual da caaa do Carlos, tudo de luxo pelo menos isso, comecei a arrumar minhas coisas com as lágrimas caindo, agora era essa a solução? Chorar até a morte? Meu Deus, aonde eu vim parar.

Diante do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora