Diante do morro

Capitulo 14

Vitor

Eu tive que vim para São Paulo, para organizar algumas coisas para o morro, me instalei na Paraisopolis, na casa do dona daqui o Caio, ele é parceiro de anos então preferi ficar aqui na quebrada, hoje ele ia cobrar um playboy, o bagulho nem é cobrança é que ele quer que o mano comece a vender para ele mas, tá parecendo que o maluco não quer, eu conheço o Caio e sei que ele não é de aliviar pra ninguém então espero que o muleque esteja preparado.

— Vamos lá, o playbo já chegou, ainda trouxe uma gatinha é um amigo, posso com isso? Cara tá botando banca demais. - falou rindo.

Eu apenas dei risada e acompanhei ele até a boca principal, era lá que negociava-se tudo, não tinha porque ele conversar com o cara em outro lugar, quando cheguei lá com Caio me assustei, aquela mina da praia, gostosa pra caralho, eu procurei ela por um tempo mas não achei... ela tava com um top rosa e um short, aquele pirceng no umbigo dela que me deixou doidão.

— Fala aí Carlos! - Caio cumprimentou o mano que tava com ela desde a vez do Rio, a mina já me olhou com os olhos arregalados e se assustou, apenas dei um sorriso de canto e fiquei na minha.

— Caio, eu não to querendo entrar em treta grande você sabe como o bagulho funciona pra mim, não é fácil ser envolvido desse jeito, você me conhece a anos e sabe que a minhas vendas são as melhores então não tem porque eu mudar de ramo!

— Tio, você se tá bem com a rapaziada clasuda coisa que os malandro daqui as vezes não consegue, mas agora que você a envolvido eu quero que você comece a trabalhar com drogas maiores, heroína, cocaína, chega desses bagulho de maconha e balinha, se tá vendendo bem tem que vender mais, é o meu lema e você sabe como funciona, entrou vivo só sai morto!

— Cara, se acalma não é pra tanto, eu não posso vender você sabe o porque!

— Na sua casa é perfeito pra guarda os bagulho maluco, ninguém vai desconfiar que na casa de um juiz tem drogas...

— Lá tem revista mensalmente.

— Só tirar os bagulho, igual você faz com os lances de sempre.

— Eu não quero, se quiser me colocar em outra eu vou numa boa, nessa não entro, se é pra sair morto, que seja.

Eu vi a mina olhar pra ele, o cara tinha peito mas o olho dela transbordou quando o Caio apontou a arma pra cara dele e apertou o gatilho.

— Não faz isso por favor, ele tem família, ele só não quer vender! - a gatinha implorava chorando.

— Eu preciso de grana, gata e isso ele não quer me dá.

— A gente paga você, cobra um valor mensal e a gente paga.- ela realmente estava desesperada, seria uma dívida eterna e Caio não cobraria barato.

— Vitão, o que você acha meu parceiro? Já que você está aqui de visita você escolhe o valor, já que estamos sempre juntos!

Ela tremia e eu podia vê o medo do outro amigo dela nos olhos, eu me divertia ao vê o quão cagões eles eram.

— Eu quero a gatinha como pagamento, vai ser minha fiel lá no morro.

Falei e depois vi o quanto eu tinha perdido a noção, caralho!!! Eu nunca tive uma fiel mas a mina tinha mexido com minha cabeça apenas com uma transa, eu ficava de pau duro só de pensar nela.

— tá louco? Eu não vou! - ela gritou totalmente assustada.

— Então beleza, morre os três.

— Eu trabalho pra você Caio! - Carlos se meteu olhando pra gata que estava chorando.

— Agora não quero mais, meu parceiro quer a gata ou ela ou a morte.

Eu vi os olhos dela se perder diante os meninos, e o que estava calado a abraçou parecendo que estava a protegendo.

— A gente morre junto então! - foi a única coisa que ele disse.

As respirações ficaram tensa e Caio se divertia olhando tudo aquilo acontecer, eu também ria só de olhar o desespero deles.

— Eu vou! - vi a gatinha pela primeira vez se pronunciar com firmeza nas palavras e os amigos olhar elas. - só me dá um tempo pra organizar tudo com meus pais mas, eu vou! Trato feito. - ela simplesmente saiu virando as costas, o muleque dos olhos verdes a acompanhou já Carlos resolveu peitar.

— Isso não vai ficar assim Caio, eu falei pra nunca mexer com ninguém próximo de mim!