Olho pela minha janela e a escuridão já não me permite observar a montanha. O tempo passou sem eu notar porque estava perdida nos meus pesados pensamentos. O meu telemóvel farta-se de tocar mas eu, não suportando mais aquele som, desligo-o. Depois olho para o meu relógio cor prata e já são dez da noite. A noite é tão negra como o sentimento que corre em mim, eu continuo aqui, desfeita na minha cama sem coragem de reagir. A minha mente começa a bombardear-me com as imagens daquela conversa. A data era a de hoje e é tão nojento o facto daquelas mensagens serem antes da nossa chamada. Eu coloco as mãos na minha cara vermelha e o que me apetece é bater em mim próprio por ter sido tão estúpida e tão ingénua. Sem saber a origem das minhas forças, levanto-me da cama, vou à minha casa de banho e lavo a minha cara. Sinto a água fria a tocar a minha pele e a arrefecer o meu rosto vermelho. Em seguida, olho-me ao espelho e observo os meus olhos magoados devido ás lágrimas que já libertaram. Estes observam cada traço do meu rosto e concluem que a magia que havia no meu olhar desapareceu, deixando apenas uma frieza que se espalha pelo meu peito. Eu volto a lavar o meu rosto com raiva por ele ter arrancado uma parte boa que havia em mim. De repente, oiço a campainha a tocar e seco a minha cara na toalha. Quem dera que a minha tristeza fosse lavada como o meu rosto. Seguidamente, desloco-me á porta e abro-a sem olhar quem era. Quando abro a porta deparo com o rosto sorridente de Denie que logo muda ao ver os meus olhos inchados e tristes. Sem aguentar mais, eu deixo-me cair no seu abraço e as lágrimas voltam a sair pelos meus olhos mas desta vez com suavidade. Os seus finos braços á minha volta fazem-me sentir tão bem e segura. Nós sentamo-nos no sofá e eu contei toda a verdade, incluindo as noites a dormir com o, não consigo dizer o seu nome.
- Eu juro que se apanho aquela gaja á minha frente! - Denie fala com a raiva no seu rosto.
- Ela só me mostrou quem era o verdadeiro Thomas. - digo enquanto sinto as mãos de Denie a acariciar as minhas.
- Desculpa, Lisie, mas ela foi uma cabra!
- Talvez eu tenha merecido. Eu não posso esquecer que ele deixou-a por minha causa. Agora eu deixo-o por causa dela. - comento num tom triste.
- Vamos mas é preparar-te para sair! - diz Denie já mexendo nos meus cabelos longos e negros.
- Hoje? - questiono com a testa franzida.
- Hoje é sexta-feira! - exclama enquanto termina de fazer uma trança no meu cabelo.
- Eu costumo ter treino às sextas, mas como hoje foi cancelado, eu já nem me lembrava que hoje era sexta feira. Denie, sinceramente, não me apetece ir.
- Vais deixar que aqueles traidores arruínem a tua vida? - Denie coloca o elástico no fim da trança e olha-me nos olhos.
- Tens razão! Eu vou me levantar e mostrar-lhe que sou mais forte do que eles! - eu ponho-me a pé e vou ao meu quarto.
Eu olho o meu armário, visto umas jeans escuras, uma vermelha camisola simples, um casaco preto e umas sapatilhas simples.
- Ui que a antiga Lisie voltou. - afirma Denie encostada á porta do meu quarto.
- Eu gosto da minha simplicidade, principalmente das minhas sapatilhas. - afirmo e ambas rimos porque ela sabe o quanto me custa andar de saltos.
-Vamos? - pergunta e eu afirmo com a minha cabeça. - O Johnny mandou mensagem a dizer que eles os dois apareciam lá. - notifica.
- Vamos. - saio do quarto.
Eu ligo telemóvel, coloco-o na mala e depois saímos de casa.
Durante todo o percurso, fomos a conversar sobre tudo, menos naquele assunto que tanto incomoda meu peito. Quando chegamos ao bar oiço o meu telemóvel a tocar e dou um sinal a Denie para entrar. Eu olho para o pequeno ecrã e vejo o nome da minha mãe. Eu atendo e coloco o telemóvel bem no meu ouvido para combater o barulho do bar.
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BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]
RomantikTEM AUDIOBOOK E ESTÁ CONCLUIDO Ser abusada deixa traumas para a vida! Apaixonada pelo lutador de boxe mas não pode se relacionar sexualmente devido ao seu trauma. Elizabeth Carter ou Lisie é uma menina simples com uma vida normalíssima mas com um p...