BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]

Capítulo 39 - Uma forte discussão

Caminho para a sala com os fones nos ouvidos e a água surge na minha boca quando vejo a mesa bem decorada e o meu frango á minha espera. A arrastar a cadeira, vejo a minha mãe a sentar-se e, rapidamente, eu me sento para comer. Quando me liberto da hipnose da comida, observo o seu rosto preocupado e o meu peito aperta sendo contagiado.

- Mãe, o que se passou no teu trabalho para haver uma reunião? – pergunto preocupada mas já a colocar a comida no meu prato.

Retiro um dos fones para conseguir ouvir melhor a resposta de minha mãe.

- Eu nem sei por onde começar. – suspira. - Filha, por favor, eu peço-te que oiças até ao fim e que tentes compreender. – o meu coração acelera e o meu sistema nervoso começa a destabilizar-me.

- Queres que desligue? – oiço a voz de Thomas.

- Não. – digo para Thomas.

- Ok, Ly.

– Não pares, mãe, conta. – disfarço.

- Eu fui promovida. – um sorriso abre-se no meu rosto.

- Então devíamos de estar a celebrar. - digo animada mas o rosto sério de minha mãe faz-me conter o meu entusiasmo. – Porque estás assim? – digo com o coração apertado de preocupação. – Tu foste promovida! É sinal que reconheceram o teu trabalho, mãe, só tens de ficar feliz!

- Eu quero que saibas que ainda não aceitei a proposta e tudo depende da tua opinião. Eu fui promovida no hotel e o meu ordenado quase que dobra de valor, mas para isso, as responsabilidades são maiores. Se eu aceitar a proposta os meus fins-de-semana serão a trabalhar e não virei a casa. Eu sei o quanto odeias ficar sozinha por isso eu ainda não aceitei. – vejo o olhar triste de minha mãe e automaticamente eu sou contagiada.

- Ela não ficará sozinha, eu prometo que daqui em diante passarei os fins-de-semana em chamada com a sua filha. – um sorriso abre-se no meu rosto e eu coloco a minha mão sobre a de minha mãe.

- Mãe, o que desejas? – ela olha-me confusa. – Se eu não existisse tu aceitavas? – olho os seus olhos verdes gémeos dos meus.

- Tu és tudo na minha vida. – o carinho no seu olhar é tão bom.

- Eu sei, mãe. Responde, aceitavas ou não?

-Esta proposta vai tranquilizar as nossas contas, que este mês já estão apertadas devido ao aumento das despesas com o psicólogo. – espero que ele não tenha ouvido. - Se eu aceitar esta proposta talvez conseguirei pagar os teus estudos para o próximo ano.

- Eu pago, diz-lhe para rejeitar a proposta. – oiço o tom firme de Thomas.

- O quê? – solto as palavras e a minha mãe olha-me confusa. - Se quiseres, eu posso arranjar um part-time. – olho-a nos olhos e disfarço.

- Não! Está fora de questão! Tu tens os estudos e o voleibol que são a tua prioridade!

- Eu organizo-me! Eu consigo. – tento convence-la.

-Não! – ela eleva o seu tom de voz. – Tu não tens de trabalhar, tens de estudar para teres um melhor futuro do que eu!

- Ok, compreendo e a minha resposta é não. – olha-me espantada. – Mãe, eu não quero que aceites a proposta se a vais aceitar por mim e não por ti. A tua vida gira sempre á minha volta e, como podes ver, eu já sou uma mulher como tu. Eu quero que por uma vez na vida tu penses primeiro em ti. Se queres aceitar a proposta porque mereces e é o que desejas, eu apoio. Mas se for por mim, eu prefiro ter a tua companhia. – as lágrimas encharcam os meus olhos e logo os seus copiam os meus.