Capítulo 89 - Um milagre

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- Obrigado. – arqueio as sobrancelhas não compreendendo o porquê. – Obrigado por me teres levado ao meu pais mesmo durante pequenos minutos. – sorri e sinto uma leveza no seu peito, no seu rosto e espalha-se por todo o seu ser.

- Eu sei como pode agradecer. – olho-o com um sorriso de matreira. – Comendo para continuar forte e saudável. – vira-me o rosto para o lado mostrando-se zangado. – Se comer tudo eu conto-lhe mais algumas coisas novas. – ele vira lentamente o rosto para mim e descobri como lhe dar a volta.

*******

Enquanto comia contei toda a história destes últimos anos e algumas histórias minhas. O avô de Monty contou-me um pouco da sua história e acabei de descobrir que o senhor zangado não tem nada de zangado porque neste momento doí-me a barriga e as bochechas de tanto rir. Enquanto a conversa foi passando, eu fui dando-lhe a comida na boca, já que os seus braços não têm muita força devido ao facto dele estar encamado á anos.

- Meninos, está tudo bem? – a mãe de Monty entra no quarto e fica boquiaberta a ver o sorriso na cara do seu pai e o prato limpo no tabuleiro.

O seu olhar brilha de alegria por ele ter comido tudo.

– Oh, paizinho, à quantos anos eu não via o seu sorriso? – aproximasse de nós.

Eu olho para o relógio que tem no quarto e reparo que já são quase 14:30h, falta uma hora e meia para estar com o Diego e contar-lhe toda a verdade. Suspiro.

- Lisie, Lisie. – oiço a voz de Monty que me arranca do mundo dos meus pensamentos.

- Sim, desculpem estava ...

- Distraída. – interrompe-me.

- Temos de leva-la ao nosso templo! – afirma a mãe de Monty.

- É claro mas é melhor irmos porque às quatro da tarde temos de voltar para o hotel. Ela hoje vai-se embora. – sinto um pouco de tristeza na sua voz.

- E só a trouxeste hoje! - o reclamar do avô resmungão faz um sorriso no meu rosto.

- Eu amava ir ao templo.- digo sorrindo enquanto olho para Monty e para a sua mãe que me observa com ternura.

- Então vamos antes que a hora aperte. – Monty levantasse e aproximasse da porta já pronto a partir.

- Eu amava ir mas, amava muito mais se o senhor Emílio viesse connosco. A visita não seria a mesma sem ele. – coloco a minha mão na dele e olho-o com carinho.

O seu rosto mostrasse frio logo, não sei qual é a sua reação ao meu pedido. Eu não sei porquê, mas sinto que para o Monty e para a mãe, esta foi a proposta mais descabida que eu fiz na minha vida.

-Anda Lisie, o meu avó não vai sair daí, não o faz á mais de dez anos. – eu esfrego a sua mão e dou-lhe um beijo na testa de despedida.

- Obrigado por este bocadinho tão bom. Coma tudo senão eu volto aqui com uma seringa. – sorrio e vejo-o novamente a tentar esconder o sorriso, fica tão engraçado a fazê-lo.

- Bom viagem e obrigado. – finalmente sorri. – Não sabes o quando foi importante para mim.

Eu viro as costas e vejo o stressado neto á minha espera e preocupado com o tempo. Tempo é um tormento. Sinto-me incapaz de deixa-lo para trás sabendo a felicidade que a minha presença deixa neste coração solitário e sem vontade de viver. Mas a vida continua e infelizmente não posso leva-lo comigo. A mãe de Monty pega no tabuleiro e eu aproximo-me da porta e do meu amigo stressado.

BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]Onde histórias criam vida. Descubra agora