BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]

Capítulo 41 - Apenas uma porta nos separa

Um sorriso abre-se em meu rosto e a felicidade engloba o meu peito fazendo-me esquecer todos os problemas. Assim, deixo-as entrar em casa, sentamo-nos no meu sofá e algumas no chão porque são muitas.

- A treinadora já avisou que não ficarás boa a tempo. Nós sentimos muito, queremos que saibas que sem ti não será a mesma coisa. – profere Ana enquanto segura as lágrimas.

- Promete que vais aos nossos jogos. – declara Rhea, a capitã de equipa.

- Olha que precisamos dessa massa cinzenta. – diz Samantha com um tom de voz engraçado que me faz sorrir.

- Ainda por cima agora és famosa e tudo! – exclama a nossa muralha, a Aisha.

- Como assim? – arqueio as sobrancelhas.

- Apareceste no jornal da cidade e nas suas redes sociais. – responde Samantha e eu fico espantada. - "Capitã surpresa lesiona-se e não batalhará na primeira divisão" – lê o titulo da manchete.

- "A jogadora que colocou a nossa equipa na primeira divisão devido às suas estratégias surpresas lesionou-se ontem durante o treino. Infelizmente, sofreu uma luxação no dedo indicador e ficará de fora do campeonato." – Violeta termina de ler outro excerto da notícia.

- A vida é uma surpresa e só tenho de aceitar esta triste surpresa. Com vocês é mais fácil, obrigado, equipa, por estarem aqui. Vocês são a melhor equipa que podia ter. Apesar de só haver seis lugares, e nós mais de dez jogadoras, a competição é saudável e a amizade sobrepõe-se. – com as lágrimas a picar os meus olhos eu sorrio para elas, que me dão força para levantar a cabeça e lutar.

Neste momento eu senti algo novo. Na minha cabeça a minha tristeza era o não poder jogar mas agora tudo mudou. Apesar de não jogar, eu nunca deixarei de fazer parte desta equipa e, se as ajudar a vencer, será como se tivesse tocado em cada bola em cada jogo. A tristeza é jugada para um canto no meu peito e a vontade de ajudar estas doces meninas é agora chama em mim. De repente, um flash cai na minha cabeça, o Diego e o Thomas saberão que me magoei e eu não estou preparada para lidar com ambos novamente.

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- Obrigado por terem vindo. – abro a porta e dámos um abraço em grupo.

- Contamos com a nossa "capitã surpresa" nos treinos? – Ana olha-me enquanto aguarda a minha resposta.

- Temos um campeonato para ganhar.- abro um sorriso e vejo a expressão jovial nos rostos delas.

- Adeus. – despeço-me, elas acenam e afastam-se da minha casa.

- Lisie, espera aí um pouco. Eu tenho de ir ao carro. – diz Ana já caminhando para o seu automóvel branco.

Após algum tempo vejo-a a segurar o meu saco e a aproximar-se de mim.

- Obrigado por guardares as minhas coisas. – digo esticando a minha mão para segurar o saco.

- De nada. Olha o teu telemóvel tocou toda a hora. – após as suas palavras, a minha mente pensa no dono das mensagens ou chamadas.

Será Diego ou o Thomas? Quem eu quero que seja? Apesar de ser errado, eu desejo os dois, tenho de ser honesta comigo mesma.

- Desculpa e obrigado. – Ana dá-me um beijo no rosto e vai embora.

Eu fecho a porta e incrivelmente tenho um sorriso no rosto. Depois abro o saco e coloco a roupa suja para lavar. No fundo do saco vejo a pulseira com o floco de neve que me faz lembrar da noite em que dormi no peito de Diego. O meu peito aperta devido á saudade que estas memórias me trazem. "Vais prometer-me uma coisa. Só tiras essa pulseira quando deixares de desejar que eu seja só teu." Rapidamente eu coloco-a no pulso e volto às saudades das minhas memorias. Posteriormente, pego o meu telemóvel e deparo-me com algumas chamadas de minha mãe, do Johnny, Denie, Joker, e não podia faltar uma chamada de Thomas. Quando abro a minha caixa de mensagem, vejo uma mensagem de Thomas. Eu ainda hesito em abrir, mas a saudade faz-me querer ler as suas palavras que são sempre tão fortes e marcantes. " Eu não aguento mais um dia sem te ouvir. Eu estou a morrer por dentro com a tua falta." Eu não termino de ler a mensagem e a raiva é despertada em mim. Tu não aguentas mais um dia sem me ouvir e estás numa foto com outra! Eu apago a mensagem e tento distrair a minha mente. A minha mãe é a melhor mãe do mundo, sem dúvida. Como sempre ela sai todos os dias muito cedo mas ela acordou de madrugada para deixar-me o pequeno-almoço e o almoço feito. Assim, eu almoço sossegada enquanto vejo um pouco de televisão para não me sentir sozinha. O meu telemóvel toca em cima do balcão da cozinha. Quando caminho vejo da minha janela um carro de polícia, um grupo de policiais fora de minha casa e um carro preto. O que estarão a fazer aqui? O toque do telemóvel faz-me largar a vista da minha janela, eu pego no telemóvel e vejo "Thomas" no ecrã. O meu peito aperta e a minha mente diz-me para matar a saudade da sua voz mas, a tristeza que aquela ainda imagem provoca em mim, faz-me recusar a sua chamada. O telemóvel volta a tocar e a raiva falando por mim faz-me voltar a ignorar a sua chamada.