BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]

Capítulo 46 - Volta para as minhas asas

– Indiretamente ele está a mostrar-te quem é, Lisie, este vestido ainda não foi lançado e só mesmo a família Mitchell é que tem acesso as novas coleções, sabes o que isso significa?

Que o Thomas Fernández é o Thomas Mitchell! Ela afirma com a cabeça como se soubesse o que eu estava a pensar. Oh meu Deus, o que faço agora?! Ela tem razão, aos poucos ele tem-me mostrado quem ele é e esta é a prova final. Eu observo o belo vestido em cima da minha cama e realmente ele é deslumbrante.

Neste momento reparo no vestido de Denie, que é bastante deslumbrante, e como sempre ela está perfeita. De repente, o meu tato lidera as minhas sensações e, nas minhas mãos, sinto o toque da caixa amarela que faz os meus olhos moverem-se para ela. Quando os meus olhos alcançam o interior dela, reparo num envelope prateado que faz as minhas mãos, automaticamente, pega-lo.

- Acho que estamos prestes a descobrir quem me mandou o presente. – declaro enquanto lhe mostro o envelope e Denie entusiasmasse ainda mais.

- Tu sabes quem foi. – ela afirma e eu solto um sorriso. – Agora falta descobrir qual será a sua mensagem. – eu volto a olhar para ela mas sinto-me um pouco sem coragem para abrir o envelope.

Será que o facto do vestido ser da sua marca é uma pista dele para eu descobrir a verdade que já sei ou será que esta mensagem é a sua confissão? As minhas mãos ficam trémulas e o meu peito acelera.

– Eu leio para ti. – estica a mão para eu lhe entregar o envelope e, cuidadosamente, eu deixo-o nas suas finas mãos.

Eu prefiro assim por isso, fico a observar o cuidado de Denie a abrir o envelope e a retirar um papel com letra itálica bastante cuidada.

- Estás pronta? – Denie olha o papel e volta a mover o seu rosto na minha direção.

Eu respiro fundo, afirmo com a cabeça e observo os seus lábios a moverem-se formando as palavras de Thomas.

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Ly, tu tinhas razão! Um dia quando eu tiver a oportunidade de te conhecer eu quero que sorrias para mim e que a felicidade seja tudo o que sintas naquele momento. Eu quero ter a oportunidade de ver o teu sorriso, ouvir a tua gargalhada que tranquiliza o teu peito e observar o teu olhar hipnotizante. Quando negaste abrir a porta, que separava o meu corpo do teu, eu senti que aquele momento não era o momento certo. O meu momento certo seria ver-te dentro desse vestido que é a tua cara, para mim ele foi feito para ti. Eu sei que os vestidos não pertencem ao teu estilo de roupa, mas quando o vi, eu pensei em ti e quanto a tua beleza seria amplificada com ele. Por isso, guarda-o para o dia que o teu corpo sinta o meu toque e os teus olhos se prendam aos meus pela primeira vez. Por favor, volta para mim e para o nosso mundo que não é o mesmo sem ti. Foda-se, Elisabeth , eu já não aguento estar mais tempo sem ti! Eu amo-te nunca te esqueças disso. Eu queria ter-te escrito um poema que só nós fossemos capazes de decifrar no entanto, sem ti as minhas palavras são só palavras soltas que ondulam com o vento. Volta para mim, volta para as minhas asas...

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-Oh meu Deus. – Denie fecha a folha e suspira devido às palavras de Thomas. – Mal ele sabe que esse dia é hoje! – acaba a frase a gritar.

Eu engulo em seco e nem reparei que estava a minutos entre os meus pensamentos e o silêncio.

– Parece que não vais precisar disto. – retira uma caixa cheia de vestidos que tinha trazido.

- Eu, eu não sei se vou conseguir. – profiro baixando o meu rosto devido á tristeza do meu peito.

- Vais sim. Agora levanta-te e senta-te aqui para eu começar a trabalhar. – fala enquanto puxa-me pelo braço e senta-me na cadeira que está perto da minha secretária, aquela que se encontra cheia de tralhas.

Eu amo a minha simplicidade, honestamente, eu não teria paciência para colocar maquilhagem todos os dias nem de pensar no mais ínfimo pormenor do outfit. A minha preguiça é imensa por isso, normalmente, ando de "cara lavada". Denie solta o meu cabelo e com um máquina específica, que eu não sei o nome, encaracola as pontas do meu cabelo deixando-o tão perfeito. Em seguida, fica minutos e minutos de volta do meu rosto com uma caixa enorme de maquilhagem ao meu lado. Sinceramente, todas estas coisas assustam-me, mas eu vou deixar a profissional trabalhar. Já passou quase uma hora e eu já bufo por todos os lados devido á falta de paciência e á ansiedade que faz o meu peito acelera, consequentemente, apressa a minha respiração. Denie coloca-se parada na minha frente e observa o meu rosto com rigor como se estivesse a analisar um quadro num museu.

- Estás perfeita! – exclama com bastante orgulho do seu trabalho. – Obrigado, Thomas, graças a ti eu realizei um desejo que já guardava á muito tempo. – o nome dele ao sair da sua boca faz o meu peito apertar, hoje eu irei ver-te pela primeira vez, suspiro bem forte. – Agora para ficares perfeita falta "amplificares a tua beleza." – refala as palavras de Ty.

- Oh meu Deus! – fico em choque ao ver-me ao espelho com o vestido a cobrir o meu corpo.

A minha boca e a de Denie abrem-se enquanto ficamos algum tempo a observar o quanto Thomas tinha razão, parece que foi feito para mim. As suas alças prateadas, que deslizam pelos meus ombros, e ligam-se ás lantejoulas prateadas que cobrem o meu peito e o meu tronco, são perfeitas. Depois o vestido, que é justo na cinta, abre-se num pequeno balão com um tecido preto com diversos brilhantes prateados. Unicamente perfeito.

- E agora para ficar perfeito, os teus sapatos altos prateados. – coloca os sapatos na minha frente a eu calço-os enquanto puxo o vestido para cima, já que ele vai até aos meus pés.

Quando termino de me calçar, a altura que os sapatos me deram, fizeram com que o vestido ficasse mais perfeito em mim. Não sei porquê, mas os sapatos altos toram as mulheres mais elegantes.

– Lisie, não vais retirar a pulseira do Diego? – as suas palavras fazem o meu braço levantar-se até o meu peito, a minha outra mão toca-a e sente a textura da prata do floco de neve.

- Eu nunca te cheguei a contar, mas quando o Diego me deu esta pulseira, ele fez com que eu lhe fizesse uma promessa. – os olhos de Denie abrem-se de espanto e as suas sobrancelhas arqueiam. – Ele fez-me prometer que só tiraria esta pulseira quando deixasse de desejar que ele fosse só meu. – profiro enquanto levo a pulseira á minha boca e dou-lhe um leve beijo. – Eu não a posso tirar, amiga. – olho-a nos olhos.

- Então não tires. – ela envolve as suas mãos nas minhas e olha-me com um sorriso caloroso no rosto. – Estás preparada? – eu assinto com a cabeça. – Então vamos lá decifrar quem é o dono desse coraçãozinho. – coloca o seu dedo no meu peito e dá-me um abraço forte que me enche de coragem.

Intensoooo. Eu amo esta Denie! Ela é a amiga que todos devemos de encontrar pelo menos uma vez nas nossas vidas.