Neste momento, eu observo cada bocado deste lugar perdendo-me no que me rodeia.
- Uau! Este lugar é lindo! – digo admirada enquanto Monty me puxa pela mão.
- E ainda não viste o templo. – a palavra templo faz-me descer á terra.
- Templo?
- Sim, templo. Este corredor dá acesso a várias casas. O prédio é antigo e os moradores decidiram decorar em conjunto a parte a que todos pertencia. Dentro do prédio havia um lugar arejado que tinha um pequeno jardim, nesse lugar, os seus moradores decidiram fazer um pequeno templo em honra aos deuses protetores.
- Como é que havia um jardim dentro do prédio? – pergunto incrédula.
- Daqui a pouco já vês. – sorri de lado e não mata a minha curiosidade. – Anda. – para em frente a uma porta, coloca a chave, roda-a e o som do seu destrancar ecoa no corredor vermelho.
A porta abre-se e a primeira coisa que se destaca é as paredes brancas e simples como o Monty. O Monty puxa-me novamente pela mão enquanto eu olho á minha volta, caso não o fizesse, creio que ainda estivéssemos naquele corredor. Encontro-me numa cozinha e os meus olhos navegam por um lugar muito simples, sem luxos mas bonito. Eu vou movendo os meus olhos pelo lugar, movendo-os aos poucos, até que paro no rosto de uma senhora japonesa de meia-idade, magra e com o mesmo sorriso que o Monty. Ela cumprimenta o Monty como se não o visse á seculos (coisas de mãe), as suas mãos desapegam-se. Eles falam uns com os outros na língua japonesa logo, não compreendo. Confesso que é estranho ver o Monty a falar só em japonês, já me tinha habituado ao contrário. De repente, vejo a mãe de Monty, suponho, a olhar para mim séria assim como Monty.
- Olá. – sorrio e estico a mão para os cumprimentar.
O silêncio permanece e as minhas bochechas começam a corar.
- Anda cá. – a senhora abraça-me com uma força e um perfume de rosas harmoniza o nosso abraço. – Então és tu a menina do casaco vermelho. O meu Mo.
- Mãe, não me chames assim! –o Monty reclama interrompendo-a.
- O meu Mo falou tanto de ti. Digo-te que és mais bonita do que eu tinha imaginado. – solta os seus braços e fica na minha frente a observar-me detalhadamente.
É incrível que ela fala tão bem e sem aquele sotaque esquisito quando os japoneses tentam falar a minha língua.
- Obrigada. – digo envergonhada.
- Anda, senta-te aqui! – puxa duas cadeiras e sentamo-nos á beira da mesa da cozinha de mármore escura.
- Obrigada. – declaro enquanto me sento.
- Como está o Diego? – a sua pergunta faz tremer o meu peito.
- Está muito bem depois de concretizar o seu maior sonho. – sorrio tentando esconder o quanto é desconfortável falar sobre ele.
- Eu até me emocionei com as palavras dele quando te pediu em namoro. – diz cheia de comoção.
- Já passou na televisão? – olho para o Monty estupefacta e ele afirma com a cabeça.
- Sim, querida, o programa é sempre em direito. – respiro fundo. – Porque não aceitaste? – sinto o silêncio e a tensão no ar.
- Mãe! – reclama Monty mas eu lanço-lhe um olhar, que em palavras diria: "Está tudo bem."
- Como poderia aceitar se tenho o coração dividido? – automaticamente sussurro este forte desabafo enquanto os meus olhos fogem para a chão devido ao peso desta indecisão.
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BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]
RomanceTEM AUDIOBOOK E ESTÁ CONCLUIDO Ser abusada deixa traumas para a vida! Apaixonada pelo lutador de boxe mas não pode se relacionar sexualmente devido ao seu trauma. Elizabeth Carter ou Lisie é uma menina simples com uma vida normalíssima mas com um p...