Capítulo 45 - A prenda

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A manhã passou muito rápida, já que acompanhei a minha team no primeiro jogo da primeira divisão. Felizmente, com a ajuda das minhas estratégias de jogo que resultam, conseguimos ganhar o primeiro jogo a 3-2. Este foi muito renhido e um ótimo espetáculo de bola. Francamente, foi injusto o nosso adversário ter perdido porque foi um jogo tão maravilhoso que ambas as equipas mereciam vencer, é pena não existir empate no voleibol. Quando eu vi a minha equipa a jogar daquela forma tão emocionante, eu não senti tristeza, mas sim orgulho ao participar naquelas jogadas. Apesar de não ter tocado naquela bola, eu fiz parte daquela equipa, hoje eu percebi que não é só as seis atletas que jogam que ganham o jogo, mas toda a equipa que elaborou estratégias ou até as jogadoras que estão no banco a apoiar. O meu pensamento é roubado pelo som "Tic-Tac-Tic-Tac-Tic-Tac-Tic-Tac", eu sei que fui repetitiva mas eu não consigo parar de olhar para o maldito relógio. Atualmente, são 17h e contei minuto a minuto desde que cheguei a casa. Eu só desejo que chegue as 18 horas para que a Denie venha cá a casa fazer o meu penteado e ajudar-me a escolher a roupa. Quando lhe liguei á pouco, ela estava eufórica quando lhe disse que podia tratar de mim livremente, como ela quisesse. Deste modo, ela marcou logo o horário e praticamente estava tão entusiasmada como eu por ir á festa. A minha ansiedade é uma destruidora da minha mente. Quando eu tenho algo para fazer ou dizer a alguém, as palavras repetem-se na minha cabeça ou penso inúmeras vezes o que vou dizer ou fazer. Além disso, a minha imaginação cria vários cenários do meu filme de encontro com o Thomas, tais como cair na sua frente, alguém tropeçar e sujar-me de comida, eu ver o seu rosto e desmaiar de emoção ou até mesmo ele beijar outra rapariga na minha frente porque ele não é ele. Eu amo-te, mente, mas ás vezes odeio a tua criatividade. "Tic-Tac-Tic-Tac!" Estou quase a explodir de raiva porque ainda são 17h e 5 minutos. Tendo em vista que o tempo não quer acelerar, eu ligo a minha televisão e tento distrair a minha louca mente. Quando ligo a televisão, nenhum canal neutraliza a minha ansiedade por isso, eu vou trocando de canal a cada segundo que aquele ponteiro se mexer. Aquele característico som ("Tic-Tac") entrou no meu ouvido e parece que só consigo ouvir esta maldita onomatopeia. De súbito, o Diego domina o meu pensamento, hoje será o seu primeiro combate. Automaticamente, procuro nas gravações automáticas o telejornal e verifico a hora do combate de Diego.

-Oh meu Deus, o combate começou á meia hora. – falo sozinha.

Rapidamente procuro o canal que estava a ver ontem, no entanto não me lembro do número. Se há coisa que me deixa com o fumo raivoso a sair pela cabeça é não me lembrar das coisas. Entre o rápido carregar dos meus dedos e a veloz captação dos meus olhos, eu vou trocando de canal vezes sem conta enquanto capto o canal certo.

- "Onde está o nosso campeão nacional? " – oiço a voz do locutor.

A minha boca abre-se e o meu peito bate de uma forma tão apressada que quase não deixa o oxigénio chegar aos meus pulmões. O sangue que escorre pelo seu rosto faz o meu peito apertar de preocupação. Neste momento ele encontra-se junto ao homem de casaco preto, que o acompanhou a entrar no avião no outro dia, em meu ver deve ser o seu treinador. Com cuidado ele limpa o sangue que escorre pelo seu rosto e não consigo deixar de reparar na pele vermelha do seu peito e barriga. O seu treinador vai falando com ele, o seu olhar é tão triste e desanimado, o meu peito aperta. Força, Charming, eu sei que vais conseguir!

- E vamos para o último round! A competição está bastante renhida e este round veio favorecer o nosso adversário. Se o nosso campeão não levantar a cabeça perderá o combate e praticamente está fora da competição. - o som da campainha faz os dois jogadores se encararem frente a frente enquanto estudam os pontos fracos do adversário.

Aquele homem começa a tentar socar Diego, ele vai se defendendo com os braços como se fossem um escudo. De repente, ele consegue atingir os abdominais de Diego e dá diversos golpes baixos que cada pancada faz o meu peito se ferir com cada dor que os seus olhos me transmitem.

BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]Onde histórias criam vida. Descubra agora